Texto: Isonyane Iris
Um vídeo publicado nas redes sociais há algumas semanas pela vereadora de Paulo Lopes Eliziani Santos de Oliveira está dividindo opiniões. No vídeo, que já ultrapassou 10 mil visualizações, a vereadora mostra a situação de uma obra de captação de água que está sendo realizada pelo município de Palhoça em uma cachoeira de Paulo Lopes (cachoeira Sul), com o objetivo de abastecer parte da região Sul de Palhoça. A preocupação da vereadora seria pela falta de autorizações e de estudos especializados sobre os possíveis impactos ambientais que essa ação pode causar.
Segundo informações repassadas pela vereadora, a cachoeira onde a obra está sendo realizada não seria de divisa com o município de Palhoça, e sim, em Paulo Lopes, o que segundo Eliziani, seria motivo para que a obra não fosse realizada. "Essa cachoeira não fica na divisa, ela é uma riqueza hídrica do nosso município de Paulo Lopes, a que faz divisa com Palhoça seria a cachoeira Norte. Não estamos proibindo a água, mas da forma como está sendo feito não podemos concordar. Sabemos que Palhoça vai comercializar essa água, se eles fossem distribuir para as comunidades seria diferente, mas eles vão vender, e nós, como ficamos?", questiona a vereadora, em seu vídeo.
A previsão é de que, com a captação de água em Paulo Lopes, as regiões do Sul de Palhoça sejam abastecidas, o que melhoraria significativamente a situação da falta de água nas praias da Pinheira, Guarda do Embaú, Ponta do Papagaio e Praia do Sonho. Muitos moradores de Paulo Lopes e de Palhoça criticam a posição da vereadora, afirmando que seria uma atitude "egoísta".
Mas a vereadora explica que em nenhum momento quer que as comunidades de Palhoça fiquem sem água. Ela sustenta que sua preocupação é quanto aos impactos ambientais que essa obra poderia trazer para a região.
A proprietária do terreno onde está a cachoeira teria procurado a vereadora para relatar o que estaria acontecendo. A moradora conta ter sido procurada e informada pelo prefeito de Paulo Lopes sobre a existência de um decreto que liberava o município de Palhoça a captar água nessa cachoeira. "As pedras da cachoeira já estão completamente furadas por ferros, tubulações e inúmeros materiais e equipamentos já estão no local esperando pela construção da barragem", detalha. "Não está embasado em lei nenhuma. Onde estão os órgãos ambientais que deveriam ser avisados? E a lei orgânica do município, que também precisa ser seguida? Nem sequer passou pela Câmara de Vereadores para ser aprovado. Precisamos ainda de um relatório de impacto no meio ambiente da região. Ou seja, eles não pensam no ecossistema afetado", afirma a vereadora.
Eliziani se diz preocupada, também, quanto ao futuro do abastecimento de água em seu município: "No futuro vamos precisar de água para o nosso município e não vamos ter. Mais de 60% do município de Paulo Lopes é de área verde, parte da Serra do Tabuleiro. Uma riqueza que temos e que não devemos mexer, estragar, pois lá na frente podemos precisar".
Na opinião da vereadora, se é para mexer, teria que ser com o acompanhamento de órgãos especializados. O que não teria acontecido, já que ela afirma que os prefeitos de Palhoça e Paulo Lopes simplesmente teriam feito um "acordo político" entre eles, já que também não foi feita nenhuma audiência pública para ouvir a população.
Prefeitura diz que tem as licenças
A Secretaria Executiva de Saneamento de Palhoça (Samae) esclarece que essa obra vai permitir a captação da água que irá alimentar a estação de tratamento que vai atender a região da Passagem do Maciambu. Informa, ainda, que a obra possui todas as autorizações necessárias, inclusive licença de instalação da Fatma, concedida após estudos ambientais.