Texto: Isonyane Iris
“Nunca desisti nem perdi a vontade de voltar a andar”, conta Eduardo Francisco Motter, de 34 anos, sobre sua luta diária após sofrer um grave acidente em 2015 e ficar tetraplégico. Casado, pai de duas lindas filhas, morador do Pagani, Eduardo criou a página na internet Vencendo Desafios, que hoje passa dos 5 mil seguidores. Um espaço onde ele conta sua história, experiências de superação, tratamentos e toda sua motivação para alcançar o sonho de voltar a ficar de pé, uma atitude que tem servido de inspiração para muitos.
Foi no dia oito de outubro de 2015 que tudo aconteceu. Eduardo trabalhava como diretor sindical da categoria do Petróleo e Gás em Florianópolis e estava na BR-101 pilotando sua moto, quando uma carreta abriu a porta e ele bateu. Com uma fratura e luxação nas vértebras c6 e c7, Eduardo sofreu o conhecido “movimento chicote”.
Levado às pressas para o Hospital Regional em São José, Eduardo realizou uma cirurgia delicada de fixação das vértebras ainda no mesmo dia, sendo encaminhado para a UTI logo após o procedimento. “Neste momento, minha esposa e minha prima receberam a notícia do cirurgião de que havia possibilidade de perda total dos movimentos do pescoço para baixo”, relembra Eduardo.
Internado na UTI por 14 dias, ele foi entubado e extubado duas vezes, mas, seguia com dificuldade respiratória e, por este motivo, o procedimento de traqueostomia precisou ser realizado. “Quando recebi alta da UTI, fui transferido para o Hospital da Unimed, em São José. Segui internado por mais 34 dias, com uma série de complicações respiratórias e infecções. Durante todo o período de internação, tive acompanhamento diário de fisioterapeutas”, explica.
Logo no primeiro dia na UTI, os médicos verificaram que ele tinha movimentos e sensibilidade em partes das mãos e braços. Mas, não sentia as pernas e os pés. “Alguns dias depois, em uma visita de rotina dos médicos na UTI, eles passaram uma tampa de caneta embaixo de meu pé esquerdo, foi neste momento que tive a impressão de ter sentido. Ficamos muito felizes e foi a partir daí que a sensibilidade aos poucos começou a voltar, mas os movimentos, não. Eram dias muito difíceis, precisava vencer as infecções respiratórias e ainda arrumar forças para aguentar as sessões de fisioterapia três vezes ao dia. Cada pequeno movimento eu comemorava muito”, lembra.
Por causa da traqueostomia, Motter conta que precisou passar mais de 30 dias sem falar; ele se comunicava apenas por gestos e leitura labial. Prestes a receber alta, ele ainda estava com a traqueostomia e com sonda de alimentação. “Não me conformei com isso e surpreendi os médicos com a minha melhora nos últimos sete dias, fazendo com que retirassem a traqueostomia e a sonda”, conta orgulhoso pela conquista.
Casado, pai de duas filhas, Eduardo conta que a volta para casa foi uma grande vitória, mas também um momento muito difícil, pela necessidade de uma grande adaptação: cadeira de rodas, cama hospitalar, entre outras mudanças. Através da Justiça, Eduardo conseguiu uma internação domiciliar, com uma equipe multiprofissional composta por enfermeira, técnicos em enfermagem, médico e fisioterapeutas duas vezes ao dia.
Depois de pensar em buscar ajuda em centros de reabilitação, Eduardo cogitou a possibilidade de terapia com células-tronco. Foi quando resolveu criar uma página no Facebook para contar sua história, compartilhar experiências e ainda conseguir doações para custear seu tratamento. “Agradeço a Deus pela minha família e amigos, que não mediram esforços para me ajudar na minha recuperação. Agradeço a todos que souberam da minha história e rezaram, mentalizaram ou, de alguma forma, mandaram boas energias para mim. Agradeço também aqueles que puderam contribuir com doações para que eu possa custear os tratamentos particulares daqui para frente”, destaca. “Continuarei postando minha evolução, tratamentos, experiências e questões de acessibilidade para pessoas que estejam passando por situações semelhantes”, promete Eduardo.