Texto: Isonyane Iris
Cansados de esperar meses e até anos para conseguir realizar exames, consultas médicas e ainda ter que madrugar em filas para conseguir atendimentos nas unidades de saúde de Palhoça, moradores pedem providências com urgência.
Ponte do Imaruim
Na Ponte do Imaruim, Fellipe da Silva reclama de descaso com a população da região referente ao atendimento médico no posto de saúde, situado próximo ao colégio Irmã Maria Tereza. “Tenho uma filha de um ano, a qual precisa de consulta com o pediatra. Foi marcado para o dia 19 de março, porém entraram em contato remarcando para o dia 21, pois a médica não poderia atender neste dia. Próximo do dia da consulta, minha esposa ligou para confirmar a consulta e fomos surpreendidos com a notícia de que a médica se ausentaria por motivos pessoais, e por isso não haveria consulta e tampouco uma nova data para agendamento”, conta Fellipe.
Ele explica que o casal gostaria de transferir as consultas da sua pequena para o ambulatorial da Unisul, mas foi impedido. “Segundo regra da Secretaria de Saúde, deve ser recomendada a transferência pela médica. Estamos indignados com a falta de sensibilidade da Secretaria de Saúde com os moradores, pois ficamos desamparados, já que a médica atende quando bem entende, pois a mesma apresenta diversas ausências”, reclama o casal.
A Secretaria Municipal de Saúde explica que a unidade básica de saúde da Ponte do Imaruim possui quatro equipes de Estratégia de Saúde da Família, ou seja, quatro médicos que atendem áreas distintas. A pasta esclarece que na semana da referida reclamação, um dos médicos já estava usufruindo de férias enquanto outro pediu exoneração e a Dra. Michele precisou se afastar (conforme atestado médico). De acordo com a coordenação da unidade, três dos quatro médicos já estão atendendo normalmente, e a partir de segunda-feira (8) está previsto o retorno da Dra. Michele. “É importante ressaltar que as emergências, assim como os atendimentos prioritários (gestantes, idosos) e renovação de receituário para pacientes em acompanhamento não deixam de ser acolhidos, pois dois médicos de apoio foram encaminhados para a unidade naquela semana. Casos não resolvidos pela equipe de enfermagem são encaminhados para o médico da unidade atender”, explica a secretaria, em nota.
Rio Grande
Na unidade de saúde do bairro Rio Grande, além do horário de atendimento ser curto, moradores reclamam que apenas 10 fichas estão sendo distribuídas para consultas médicas, obrigando pacientes a madrugar na fila, na tentativa de conseguir atendimento. “Temos que ir de madrugada. Como, se a maioria trabalha às 8h? Além disso, o posto fecha ao meio-dia, então, ninguém pode ficar doente ao meio-dia. Se o posto fecha às 16h30, por que só 10 fichas? O que a médica faz o dia inteiro lá?”, questionam usuários da unidade de saúde.
Sem entender por que a unidade tem vários funcionários e mesmo assim realiza poucos atendimentos, os usuários questionam. “É tanta gente trabalhando no posto, mas é um mal funcionamento. As agentes de saúde teriam que trabalhar oito horas por dia, mas eu vejo elas sentadas até as 10h, depois saem e voltam no começo da tarde e ficam esperando até o horário de ir embora", relatou um leitor.
A Secretaria Municipal de Saúde informa que desconhece reclamações relativas ao atendimento da unidade básica de saúde do Rio Grande e garante que o acolhimento da unidade não deixa paciente sem atendimento. A pasta esclarece, ainda, que a médica atende aproximadamente 25 pacientes por dia: são 10 atendimentos por ordem de chegada após triagem da equipe de enfermagem no período matutino e 10 prioridades (gestantes, idosos) à tarde, além das emergências.
Exame de sangue
No sábado (30), a redação do jornal Palhocense recebeu vários vídeos e fotos de vários moradores esperando por um "carimbo" na Secretaria de Saúde. “Somos mais de duas mil pessoas aqui esperando para ser atendidas. Para alguns, eles ligaram dizendo que era para vir fazer o exame, então muitos vieram em jejum; para outros, disseram que era apenas para pegar um carimbo. Mas já são quase 11h e estamos aqui neste calor esperando e até agora não nos atenderam. Isso é um verdadeiro descaso, fazer idosos, gestantes, crianças, virem até aqui para pegar só um carimbo, não podiam fazer isso na unidade de saúde de cada bairro?”, questionava Maria de Fatima Hoffmann, enquanto estava na fila esperando por atendimento.
A Secretaria Municipal de Saúde explica que no sábado (30) foi realizado o terceiro e penúltimo mutirão de triagens para exames laboratoriais do bimestre, que tem como objetivo diminuir a fila de espera, identificando quem realmente tem interesse em realizar o procedimento diante do alto grau de não comparecimento registrado. “Por exemplo, para o primeiro mutirão, foram chamadas duas mil pessoas e apenas 248 compareceram ao setor de Regulação, Controle e Avaliação na Secretaria de Saúde. No segundo encontro, foram chamados mais dois mil pacientes e apenas 434 se apresentaram para realizar o agendamento do exame que necessitavam”, relata a secretaria.
Para o último sábado, a Secretaria de Saúde explica que contatou (por meio das unidades de saúde) três mil cidadãos que aguardavam para realizar exame laboratorial, e destes, 1.027 foram à triagem para agendar seus procedimentos. Para atender a demanda prevista, a Superintendência de Regulação, Controle e Avaliação agrupou os pacientes em cinco horários diferentes.
A pasta garante que, no contato, foi informado que se tratava de uma triagem para agendamento, e não da realização do exame. “Provavelmente houve um equívoco de compreensão, pois muitos pacientes chegaram bem antes do horário combinado com a unidade básica de saúde porque entenderam que fariam o procedimento naquele dia e se mantiveram em jejum. Houve um grande movimento de pessoas na Secretaria de Saúde, pois alguns pacientes previstos para as 12h, por exemplo, chegaram por volta de 6h e 7h”, esclarece a pasta, destacando que o setor atendeu todos os 1.027 presentes até as 12h40.