Texto: Isonyane Iris
Começa neste sábado (22), às 13h, o primeiro curso básico de Libras e conversação oferecido pela Associação dos Surdos de Palhoça (Aspa). A data não poderia ser mais apropriada, já que na próxima quarta-feira (26) é celebrado o Dia Nacional do Surdo. Com foco na socialização do sujeito surdo com a comunidade, a entidade sem fins lucrativos promete atuar de forma a facilitar a rotina dos surdos de Palhoça, oferecendo auxílio de interpretação, atividades culturais, esportivas e também com o encaminhamento para o mercado de trabalho.
Iniciada no dia 14 de outubro de 2017, a associação foi criada com o objetivo de dar visibilidade aos surdos de Palhoça. “É muito importante para o surdo ter um local de referência, de acessibilidade. A associação tem a nossa cultura, além disso traz uma visibilidade ao surdo, pois aqui ele sabe que vai encontrar ajuda quando precisar. Estaremos sempre aqui para apoiá-lo”, explica o presidente, Bruno Queiroz.
A associação oferece ao surdo e seus familiares atendimentos resultados de algumas parcerias com psicólogo e intérprete (para acompanhar em locais que não tenha acessibilidade).
Secretária e intérprete da associação, Rosemary Ventura é mãe de um filho surdo, Maicon Muniz, que segundo ela é quem a inspira todos os dias a não desistir. “Por ter um filho surdo, sempre procurei fazer o melhor por ele, então, há quatro anos chegamos em Palhoça para que ele pudesse estudar no IFSC. Desde então, percebi a necessidade do município ter uma associação. Depois de inúmeras reuniões na minha casa, fundamos a Aspa. Conseguimos o local com o vereador Bala e isso foi muito importante para nós”, relembra Rosimary. “Disponibilizamos a sala e a quadra de esportes na Aerpi para que eles pudessem fazer suas atividades. Estamos ajudando da melhor maneira possível e nos colocamos sempre à disposição, afinal, é uma instituição que faz o bem e ajuda principalmente essas pessoas que sofrem com a surdez”, declara o vereador João Carlos Amândio (Bala, PSD).
Como intérprete da associação, Rosimary se dispõe a acompanhar os surdos com a interpretação em consultas médicas, no banco, no Detran, e até em entrevistas de emprego. “Por ter um filho surdo, sei bem das necessidades e das dificuldades que eles encontram, por isso aprendi Libras e hoje consigo ajudar essa comunidade que eu tanto admiro”, reflete.
Nascido em Palhoça, André Luiz Conceição é vice-presidente da Aspa e explica que sempre sentiu falta de conversar com outros surdos e de ter um lugar para procurar quando precisar de ajuda. “Queremos dizer eu estou aqui, nos tornar visíveis. Sempre encontrei muita barreira por aqui, por exemplo, quando preciso ir à Prefeitura não consigo me comunicar e a associação serve exatamente para isso. Agora aqui temos alguém para nos acompanhar, ajudar quando preciso e ainda muitos amigos para conversar”, comemora André. “Faltava contato com o surdo, a gente não tinha para onde ir, uma referência. Eu queria encontrar surdos para conversar, fazer amigos e não tinha. Aqui a gente combina de se encontrar, tem futebol, tem churrasco, festa e a união, que é muito importante. Somos um grupo e a dificuldade é igual então um ajuda o outro”, desabafa André.
Desde pequeno, Willames Ferreira, técnico do time de futebol de surdos e diretor de Esportes da Aspa, conta que, por ser surdo, já gostava de ensinar futebol e principalmente de ir aos campeonatos porque havia muitos surdos de várias cidades. “Nós não tínhamos onde treinar aqui em Palhoça, por muito tempo treinamos na rua, onde hoje é a Avenida das Torres. Hoje, fizemos uma parceria com o Sesc, onde toda sexta-feira à noite treinamos e aos domingos à tarde na quadra da Aerpi, ambos na Ponte do Imaruim. Aos interessados em entrar no time, basta comparecer nos treinos que será muito bem-vindo”, convida Willames, que também é surdo.
Em comemoração ao primeiro ano da Aspa, um campeonato de futsal masculino será realizado no dia 27 de outubro, no Caranguejão. Para maiores informações, basta entrar em contato com a associação, que está localizada na rua Antônio Vieira, número 500, na Ponte do Imaruim (quadra coberta da Aerpi). Caso alguém queira colaborar com os trabalhos da associação, o telefone para contato é o 98834-9377 (WhatsApp).
Mudança
Palhoça já teve uma associação com o mesmo nome. Em março de 2016, a antiga Associação dos Surdos de Palhoça (Aspa) passou a integrar também a Associação dos Surdos de São José, mudando para Associação dos Surdos, Instrutores e Professores de Libras de Santa Catarina, deixando o nome Aspa à disposição.