Quem observa aquele simpático senhor desfilando de bicicleta pelas ruas de Palhoça talvez não imagine que a “magrela de duas rodas” não é a única montaria que seu Rubens Rosa de Freitas domina com habilidade. Aos 82 anos, seu Rubinho, como é chamado, carinhosamente, ainda sobe no lombo do cavalo para dar suas laçadas.
Nascido e criado na região central de Palhoça conhecida antigamente como Coloninha, em meio ao gado de leite, à carroça e aos cavalos da família, seu Rubinho aprendeu a laçar “tarde”. Já tinha cerca de 35 anos quando foi convencido a aprender a laçar pelo amigo Eduardo Alfredo Schutz, o “famoso” Didi, um dos grandes baluartes da tradição gaúcha em Palhoça e região desde a década de 1970. Seu Didi nos deixou no ano passado, e seu Rubinho ainda se emociona ao lembrar da morte do amigo, que conhecia desde a adolescência. “Era meu amigão”, declama, entre uma lágrima de saudade e outra.
Seu Rubinho também tem saudade de uma Palhoça mais pacata e tranquila – "Hoje tá muito diferente, tem muito movimento", compara – e da “força da juventude”. "A gente vai ficando mais velho, vai perdendo a força, vai ficando mais fraco. E a boiada hoje tá muito ligeira", avalia. Mas não parece, não. Quem vê seu Rubinho montando um cavalo e jogando o laço percebe que a destreza não o abandonou.
Reverenciado pelos mais novos e lembrado pelos mais antigos, ainda participa de rodeios e festas campeiras. Aliás, adora uma festa e dança enquanto as pernas deixarem; sobe até no palco! Mas o que será melhor: lançar ou dançar? "Todos os dois, é muito bom", diverte-se seu Rubinho, que perdeu a esposa, Valda Emília de Freitas, há um ano.
No quarto da casa da família, no Centro de Palhoça, fotografias do casal harmonizam com troféus de rodeios – isso que a maioria já se perdeu – e uniformes de laçador. E chapéus, muitos chapéus. Toda a indumentária de laçador campeão. Só falta o cavalo, que está lá nas terras de seu Didi. E sempre foi fiel aos cavalos: certa vez, chegou a recusar um automóvel Fusca, oferecido em troca de uma égua. Sempre amou seus animais, sempre amou os rodeios, e ainda ama. "A turma fica admirada, que eu tenho 82 anos e ainda estou laçando. Graças a Deus", agradece. Graças, também, a uma alimentação saudável e à atitude positiva diante da vida. “Ele é muito querido, muito emotivo, tem um bom coração", elogia a filha Regina Maria Freitas. "É a felicidade dele, é o que o alegra mais", observa Regina. Mais do que dançar? É, aí, a disputa é acirrada!
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