Por: Vinicius Lummertz*
Mesmo com as observações, críticas e propostas que farei neste artigo, não poderia deixar de iniciar comemorando os excelentes resultados da pesquisa Fecomércio/SC sobre a temporada. O destaque do estudo ficou por conta do número de turistas estrangeiros, que mais do que dobrou: saímos de 12,4% em 2017 para 29% em 2018 - crescimento de 133%.
E neste cenário animador, os argentinos representaram 23,5%. Os hermanos ajudaram muito na conta feita pela Fundação Getúlio Vargas, a pedido da Embratur: R$ 10,1 bilhões foram injetados pelo turismo na nossa economia em dezembro, janeiro e fevereiro.
Devemos comemorar, mas aproveitar dos indicadores da Fecomércio para fazer algumas reflexões:
* Foi o investimento feito em divulgação e ações junto às aduanas, ampliação de voos charter e concessão de vistos eletrônicos o diferencial que levou ao aumento do número de estrangeiros. A Embratur fez duas grandes campanhas, uma nacional e outra para a América Latina. Mas fundamental foi a promoção que fizemos numa das principais feiras do continente, a FIT Buenos Aires. Só que SC não tinha um estande nessa feira, ao contrário de outros estados brasileiros. O que dizer?
* A pesquisa mostra que precisamos investir forte em infraestrutura e mobilidade. No caso de investimentos públicos, a sociedade tem que cobrar dos candidatos a governador uma política para que o turismo se transforme em alavanca do desenvolvimento. No entanto, cabe à “maioria silenciosa” combater com firmeza a judicialização e a criminalização dos empreendimentos turísticos, a insegurança jurídica que afugenta investidores de fora e daqui, e os grupos ideológicos - a “minoria ruidosa” - que são contra o desenvolvimento sustentável.
* Temos que qualificar o turismo. A pesquisa mostra que a classe C tem sido a grande maioria nos últimos cinco anos (de 57% a 65% dos turistas), porém, na última temporada houve um aumento razoável das classes A e B (de 14% para 19%). Na média, no entanto, o tíquete médio continua muito baixo. Neste ano, foi de R$ 156/dia, quando em 2014 chegamos a R$ 270.
* Em Florianópolis, houve alguma melhoria de infraestrutura nas praias, mas a falta de fiscalização do comércio clandestino - que criou uma verdadeira máfia - fez com que o comerciante que emprega e paga imposto fosse seriamente prejudicado. Turistas foram assediados por gente desqualificada, que vendia de tudo, inclusive alimentos de origem duvidosa.
Finalmente, o que é fundamental: SC tem que se internacionalizar. Somos um destino privilegiado e parcamente visitado pelos estrangeiros. Recebemos, por exemplo, uns poucos milhares dos 130 milhões de chineses que viajam pelo mundo. Faremos nossa parte: em maio, a Embratur e a Inprotur argentina vão promover roadshows na China. Mas aqui também é preciso fazer a lição de casa.
* Ministro do Turismo