Por: Vinicius Lummertz*
O Sul de Santa Catarina poderá se transformar rapidamente numa das regiões mais prósperas do Brasil. As bases foram lançadas e as pré-condições já foram atingidas. Mas existe uma decisão da qual depende este futuro: a radical e necessária internacionalização da região.
O Sul é a área mais ampla do litoral, próxima da Grande Porto Alegre e da Serra Gaúcha, colada à Serra Catarinense e próxima da segunda área mais competitiva do país, o quadrilátero Floripa, Blumenau, Joinville e Jaraguá do Sul, com quatro portos e três aeroportos - e ligada a Curitiba.
O que o Sul de SC não tem é capital acumulado. Não tem poupança suficiente nem a mesma base industrial e de serviços que têm os territórios que deverá interligar. As bases para o desenvolvimento mencionadas já estão lá, a partir da colonização e dos setores desenvolvidos – o último grande salto foi a duplicação da BR-101, a ampliação do Porto de Imbituba e a criação do aeroporto de Jaguaruna. Mas o desenvolvimento não veio na mesma velocidade. Por quê? Carência de investimentos.
Falta a última grande milha. Buscar investimentos nacionais e sobretudo internacionais para o Porto de Imbituba e avaliar a implantação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) no modelo do Ceará. Transformar Jaguaruna em aeroporto de cargas, orientado à criação de um polo de hardware e tecnologia na competição com Campinas (SP).
Realizar a Usina Termelétrica Sul, Catarinense (Usitesc) para iniciar a substituição gradual de Capivari.
No turismo, a Interpraias é uma prioridade por transformar a região num litoral possível de grande ocupação planejada - o mesmo se pode dizer da integração Serra-Mar. A internacionalização radical da educação é outro pressuposto a ser atacado pela Unisul e Unesc. E, fundamental: considerar a disposição da China e de outros parceiros de participar destes e de outros esforços de integração.
Se olharmos para o norte, isto é o que Joinville e região visam intensificar: segundo a Associação Empresarial (Acij), um terço das médias e grandes empresas da cidade já são multinacionais e metade dos 5 mil colaboradores das 140 companhias do Perini Business Park, o maior condomínio multi-setorial do Brasil, são estrangeiros. E só o Perini gera 20% das riquezas de Joinville e 2% do PIB catarinense, numa região aberta para o mundo: escolas internacionais, viagens de rotina para feiras de negócios no exterior e a única escola do Bolshoi fora da Rússia.
Sei que esta abordagem é nova para o Sul – pode até causar surpresa e dúvida. Mas é assim que o mundo da globalização funciona. Não deveria ser novidade, já que a região foi construída por gente que veio de longe: nossos antepassados. O desenvolvimento econômico do Sul é necessário também para impedir o êxodo dos nossos talentos. Em vez de perdermos gente, traremos gente.
* Ministro do Turismo