Por: Vinicius Lummertz*
O Turismo, como atividade econômica e fenômeno social, foi o primeiro a entrar na crise da pandemia da Covid-19 e está entre os setores mais afetados. E isso de forma inédita, já que todos os segmentos – agências, operadoras, hotéis, companhias aéreas, locadoras de veículos e, portanto, destinos – foram atingidos.
O acompanhamento que temos feito do setor privado indica quedas nunca menores que 50%, sendo que em alguns casos a redução ultrapassou os 90%, como o transporte aéreo de passageiros.
Impacto imediato dado, é urgente a construção de cenários ou análises que sinalizem os caminhos da retomada. Como o turismo de Santa Catarina voltará ao curso normal? E São Paulo, ao mesmo tempo principal destino e maior emissor nacional, como irá reagir? Como esses dos vieses de encontram?
Primeiro, nada voltará a ser como antes. Nem em Santa Catarina, São Paulo, no Rio de Janeiro ou na Bahia. As relações de consumo, o valor do que é comprado, a segurança e os cuidados dedicados aos visitantes serão alguns dos fatores que forçosamente passarão por mudanças. E terá melhor desempenho o destino que já estiver olhando para sua cadeia de valor, focando nas melhorias que, não nos iludamos, todos teremos que fazer.
Santa Catarina tem uma vantagem subliminar nada desprezível: goza de uma boa imagem. Florianópolis, Joinville, Blumenau, Balneário Camboriú e diversos outros destinos tem uma imagem positiva no imaginário nacional, além de reunir dois ativos valorizados: praias e cultura moldada pela presença dos imigrantes, além de um ativo de meio ambiente que não pode ser desconsiderado. Ou seja, componentes importantes para um produto turístico.
São Paulo, líder nos grandes eventos, na gastronomia e nas viagens de negócios, tem fora da capital um turismo que busca se diferenciar, mas sem uma imagem cristalizada em outros estados emissores ou no exterior e enfrentando a concorrência.
As tendências indicam que o turismo do pós-pandemia voltará pelas viagens de curta distância em um primeiro momento, trazendo oportunidades, portanto, para as cidades e regiões turísticas de São Paulo, já que o viajante mora no estado. Depois as viagens nacionais, e por fim o retorno das viagens de longa distância.
A se confirmarem essas tendências, Santa Catarina deve se preparar para a captação desse turista paulista, que buscará destinos de menor movimento, de experiência, de convivência cultural e contato com a natureza. Ter qualidade, serviços autênticos e os novos cuidados pós Covid-19 serão os primeiros passos.
(*) Catarinense, ex-ministro do Turismo, ex-presidente da Embratur e secretário de Turismo de São Paulo
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