Por: Sofia Mayer*
Moradora da Ponte do Imaruim, Leomara de Lima entrou nas estatísticas oficiais do novo coronavírus (Covid-19) no dia 6, dias depois de receber o resultado do exame que atestava a presença do vírus. Apesar de relatar falta de auxílio da Prefeitura de Palhoça durante todo o tratamento, que se estendeu por cerca de duas semanas, e narrar momentos de tensão pela falta de instruções para lidar com os sintomas, hoje a palhocense agradece por se sentir completamente recuperada: “Dá a impressão de que nunca tive nada”.
A aposentada de 51 anos conta que, desde o momento em que começou a sentir as manifestações da doença, na metade de março, foi pouco acolhida pela Secretaria da Saúde de Palhoça. Leomara relata que, com 40 graus de febre, ligou para informar ao Samu e foi diagnosticada, por telefone, com uma virose genérica. “Estava com muita dor no corpo, com muita diarreia, sem paladar e olfato. Minha vista estava inchada, sem força e na cama”, conta. Leomara expõe que também sentiu forte desconforto no peito, “como se ele estivesse rasgando”.
Depois de cerca de uma semana com sintomas severos, foi a um hospital de Florianópolis fazer o teste para a Covid-19. “Vocês só sabem que eu tive coronavírus por minha atitude de ir, sozinha, fazer o exame”, conta. A confirmação do resultado saiu cinco dias depois, e veio sem orientações ou medicações específicas. “Eles me deram dipirona na veia, fizeram o teste e me mandaram para casa”, relata. Leomara conta que, durante todo o tratamento, esteve sozinha e, em alguns momentos, chegou a temer a morte. A palhocense, que trata de um tumor na cabeça no Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), conta que precisou se virar com o que tinha ao alcance: morfina e babosa com mel, que fazia para curar a tosse. “Quase morri, dentro de casa, por falta de atenção”, relembra.
Apesar de afirmar que, por vezes, enxergou a morte de perto, a munícipe agradece por estar, enfim, recuperada da Covid-19: “Pelo que passei sozinha, sem assistência nenhuma, eu nasci de novo”, agradece. Leomara mora com a mãe, de 86 anos, e as filhas, de 33 e 28 anos. Segundo a palhocense, ter sobrevivido em meio a um cenário que, para ela, se mostrou de negligência, é motivo de vitória: “Sou um milagre”.
* Sob a supervisão de Luciano Smanioto
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