Fundado em 14 de julho de 1989, o Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Palhoça (Sitrampa) completou 30 anos de existência. Seu início deu-se quando os servidores públicos municipais Alberto Prim e Milton Luiz Espíndola, após o expediente, estavam no antigo bar Corredor (Bar do Tatuíra) e tiveram a ideia de fundar o sindicato. Os dois contam que foi marcada uma reunião na Câmara de Vereadores, situada então na Praça Sete de Setembro, onde foi lido e aprovado o estatuto e lavrada a ata de fundação, ficando assim constituída a primeira diretoria: Alberto Prim, presidente; Milton Luiz Espíndola, vice-presidente; Danilo Malagoli (in memorian), secretário; João Batista dos Santos, tesoureiro.
Após a fundação, a diretoria procurou o Dieese, na pessoa do seu diretor, Afrânio Boppré (atual vereador em Florianópolis), que os auxiliou nos cálculos das perdas salariais. Com esses cálculos da defasagem da categoria, iniciaram-se as conversas com o então prefeito de Palhoça, Paulo Roberto Vidal, para quem pediram 224% de reajuste salarial, oriundos da URPs e gatilhos salariais do governo José Sarney.
Na ocasião, ficou acordado entre o prefeito e o sindicato que seria dado 100% em janeiro de 1990 e 100% em fevereiro do mesmo ano. Acontece que o acordo foi cumprido pela metade, ou seja, somente o reajuste de janeiro foi pago. Sendo assim, a categoria decidiu, em assembleia geral, deflagrar a primeira greve dos servidores do sindicato de Palhoça. “Foi uma grande experiência, pois não tínhamos recursos financeiros. Chegamos a dormir dentro do meu Fusca, na frente da garagem. Barramos a saída das caçambas para não recolherem o lixo, chegando até mesmo a denunciar à polícia que um motorista de um caminhão da Prefeitura, que havia fugido do cerco, estava com a carteira vencida. Ele acabou sendo parado, com a caçamba cheia de lixo, no posto policial do Aririú”, relembra Alberto Prim.
Milton e Alberto explicam, ainda, que os servidores em greve ficaram em frente à Prefeitura por cerca de 10 dias. Eles contam que durante esse tempo a greve recebeu o apoio da população, com destaque para o morador Silvio Goulart (in memoriam), que por diversas vezes comprou pão, carne e refrigerante para os grevistas. Também foram inúmeros os moradores que trouxeram seus lixos para a porta da Prefeitura, em sinal de apoio ao movimento.
Os funcionários grevistas lembram que era verão e as praias estavam abarrotadas de lixo, e, com a proximidade do Carnaval, o prefeito resolveu reabrir as negociações, cumprindo o que havia acordado com o sindicato.
Ainda segundo informações dos primeiros diretores, o sindicato foi representado, naquela negociação, pela advogada Susan Mara Zilli, que fez o trabalho gratuitamente, já que o sindicato não tinha como pagar pelos seus serviços na época.
A primeira sede do Sitrampa ficava localizada nos fundos do Mercado Público de Palhoça (em cima da Gráfica Graphimar, do Arlindo), cujo aluguel dos três primeiros meses de funcionamento foi pago por Alberto e Milton. “Iniciamos, então, uma campanha de filiação, visitando escolas, postos de saúde e servidores do antigo prédio na praça. Muitas vezes fomos para os bairros do Sul de ônibus da Paulotur, que não quebravam tanto na época”, brinca Alberto. Essa diretoria ficou no comando por quatro anos, sendo dois pelo primeiro mandato e mais dois de um segundo mandato, já que o estatuto estabelecia que os mandatos seriam de dois anos. “Com dois anos de sindicato, chamamos nova eleição, mas não houve chapas para concorrer. Então, fizemos um esforço e ficamos por mais dois anos”, diz Milton.
Milton e Alberto se dizem orgulhosos, pois nesse tempo, os servidores conquistaram na Justiça do Trabalho os atrasados das URPs e gatilhos salariais. “Com o dever cumprido, acabamos nosso mandato, e para o terceiro pleito, assumiu o servidor Silvio da Silva (Vinha) como presidente”, explica Alberto.
Os antigos diretores do Sitrampa lamentam que “toda essa antiga história do Sitrampa esteja perdida, como os registros dos livros de atas, livros contábeis e acordos firmados com o Executivo municipal, entre outros importantes documentos”.
O primeiro presidente do sindicato enfatiza que “hoje a realidade é outra, os tempos mudaram. O sindicato continua com uma competente equipe, tendo à frente o servidor Francisco Antônio de Souza Martins e sua diretoria, mas a história deve ser sempre recontada, através de suas datas mais marcantes, como os 30 anos de fundação do Sitrampa, que representa a grande maioria da nossa categoria no município. Por isso, viva o Sitrampa”!