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Seleção de vôlei para surdos: professor busca vaga

Depois de ajudar Santa Catarina a conquistar a medalha de bronze nas Surdolimpíadas do Brasil, Fábio da Silva vai disputar a seletiva nacional

fd0f0bdfb66463360ba3b1f663223cdb.jpeg Foto: ARQUIVO PESSOAL

Depois de conquistar uma medalha de bronze no vôlei masculino representando Santa Catarina nas Surdolimpíadas do Brasil 2019, disputadas entre os dias 20 e 23 de junho, em Pará de Minas (MG), o professor Fábio Irineu da Silva, do campus Palhoça Bilíngue do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC), agora vai buscar uma vaga na Seleção Brasileira masculina de voleibol para surdos. A seletiva nacional será disputada no próximo dia 20, em São Paulo. A equipe selecionada vai participar do Pan-Americano de Vôlei, em Brasília, entre 24 de novembro e 1º de dezembro.

Fábio conta que nasceu surdo profundo e tem uma irmã e um irmão que também são surdos. É natural de Governador Celso Ramos, e sempre procurou praticar esportes nas associações de surdos às quais foi vinculado. “Sempre que eu podia, eu participava, quando jovem - hoje, tem 47 anos. Precisei parar por uns anos para me dedicar aos estudos e ao trabalho, e agora, após 20 anos, voltei a treinar meu esporte favorito, que é o vôlei”, diz o surdoatleta, que atua nas funções de líbero e levantador. “Eu queria ser ponta, mas sou muito baixinho”, brinca o professor, de 1m74 de altura.

Ele conta que é fã de estrelas da chamada “geração de prata”, que conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas de 1984, disputadas em Los Angeles, nos Estados Unidos. O professor cita os pontas Bernard e Renan (atual técnico da Seleção Brasileira de vôlei) e especialmente o oposto Xandó como suas principais referências. “Sou fã do Xandó, atual técnico da Seleção Brasileira de vôlei de surdos da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS), que também é surdo leve, e tenho um sonho de ensinar vôlei aos surdos aqui em Palhoça”, revela o professor, que mora em Palhoça há sete anos (morou na Ponte do Imaruim e hoje vive na Pedra Branca) e dá aulas no IFSC há 12 anos - atualmente, leciona Libras, mas também já deu aulas de Matemática e Informática.

Para participar pela primeira vez das Surdolimpíadas, Fábio passou por uma seleção promovida pela Associação dos Surdos de Blumenau (Asblu), responsável pelo time de vôlei de Santa Catarina. Depois do convite para integrar o time, em 2017, o professor do IFSC voltou a ser atleta e também entrou para o departamento de vôlei da Federação Catarinense de Desportos de Surdos, percorrendo cidades catarinenses e garimpando atletas para a equipe estadual. 

Nas Surdolimpíadas de 2019, SC venceu MG e perdeu para SP e RS, conquistando o terceiro lugar. As Surdolimpíadas são organizadas pela CBDS, e voltaram a ser realizadas depois de 17 anos (a primeira edição foi em 2002), reunindo atletas surdos de 14 estados. “Poderíamos atingir um resultado melhor se conseguíssemos treinar mais juntos. Fomos formados para a competição e faltou um pouco de entrosamento. Contudo, o melhor foi encontrar outros surdos e trocar experiências. Foi muito emocionante, já que faziam 17 anos que não tínhamos uma Surdolimpíada, por falta de patrocínio”, avalia o professor.

Fábio relata que já jogou em times de ouvintes quando jovem, mas se sentia deslocado. “A comunicação não flui. Já quando jogo com surdos, é muito prazeroso, nos comunicamos, discutimos, comemoramos e nos divertimos”, descreve. Por isso, ressalta a importância do fomento às competições específicas para os surdos, “principalmente por uma comunicação clara e acessível, além da interação cultural visual dos surdos”.

As regras do voleibol para surdos são as mesmas estipuladas para atletas ouvintes. A única diferença é o fato de que o árbitro não precisa usar apito, pois toda a sinalização é feita de forma visual.  

Surdos que praticam vôlei e tiverem interesse em encontrar um time para jogar podem entrar em contato com Fábio pelo telefone 99914-9921 ou e-mail fabiosilva@ifsc.edu.br.



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