Por: Vinicius Lummertz*
Santa Catarina se prepara para ocupar o espaço que lhe é de direito - como um dos polos de desenvolvimento do setor de cruzeiros marítimos no Brasil. A localização geográfica concedeu ao estado um potencial singular que, enfim, passou a ser visto como uma de suas principais vocações no âmbito do turismo.
Apenas atributos naturais não farão do estado referência neste mercado que requer, em seu cerne, ampla infraestrutura e aportes financeiros. O empresariado local tenta driblar o desestímulo ao setor no país como alto custo, regulação, tributos e, mesmo com tais gargalos, vislumbra-se a possibilidade de se tornar a unidade da federação com mais portos (seis), um a mais do que o Rio de Janeiro.
A temporada está a pleno vapor no novo Atracadouro Barra Sul, em Balneário Camboriú, e só essa operação projeta retorno de R$ 40 milhões no verão. Já estão ativas também operações em Itajaí e Porto Belo. O desenlace na viabilização dos portos de São Francisco do Sul, Florianópolis e Imbituba pode representar um aumento de competitividade para o Brasil.
A perspectiva é animadora, mas é preciso ajustes inerentes. A liberação para a construção de um porto ou marina no Brasil dura 12 anos, enquanto nos Estados Unidos são apenas três meses. É imperativo reduzir a burocracia para competir. A flexibilização de normas, como o alfandegamento, permitiria a escala de navios que voltam do Mercosul nos terminais catarinenses e o processo de imigração de turistas internacionais, gerando entrada de divisas.
Os números mostram que não há tempo a perder. São esperados 25,8 milhões de cruzeiristas navegando pelo planeta este ano. Existem 457 navios e mais 90 encomendados com investimentos da ordem de US$ 55 bilhões. Já o Brasil, que recebeu 20 navios, em 2011, terá sete neste Verão.
Apesar disso, com mais tempo na costa e a tendência de minicruzeiros, o setor estima um crescimento de 15% na quantidade de turistas embarcados no Brasil em relação à última temporada. O estímulo para vinda de mais embarcações é oportuno, já que apenas os sete navios vão gerar 24 mil empregos na temporada. Ano passado, os transatlânticos injetaram R$ 1,911 bilhão na economia.
Falamos de um setor bilionário no qual Santa Catarina e o Brasil, com mais de 7 mil quilômetros de litoral, têm aptidão de destinos de referência. O estado é exemplo para outras regiões, como Sudeste e Nordeste, que devem investir neste mercado que encanta milhares pessoas ao redor do globo.
A nossa rota de navegação deve seguir esse rumo.
* Presidente da Embratur