O livro “Criador de peixe, criador de gente - A vida, a pesca e a natureza no estuário do Rio da Madre”, que tem textos de Haliskarla Moreira de Sá e fotografias de Lauro da Cunha Narciso, foi lançado no último domingo (8), na pizzaria Big Bamboo Engenho, na Guarda do Embaú.
A obra trata sobre o modo de vida dos pescadores e pescadoras do estuário. São fotografias e relatos que retratam o cotidiano, a memória e a história do “ser” pescador. “O livro foi financiado pelo Prêmio Elizabete Anderle de 2017 e se baseia na experiência de campo que obtive durante a pesquisa de mestrado realizada no âmbito do programa de pós-graduação da Udesc. A intenção é valorizar a cultura local, o modo de vida das comunidades existentes ao longo do rio e seus saberes tradicionais. Encantamento: isso define a proposta”, definiu Haliskarla. “A gente espera que esse livro contribua para a valorização da história deste lugar, a história dos antepassados, a paisagem, tudo isso que nos encanta diariamente. Foi um prazer realizar esse livro”, comentou a autora.
Na entrada da pizzaria, foi posicionado um mural com algumas das fotos registradas no livro, onde os visitantes já podiam vislumbrar, em imagens ampliadas, uma amostra do que a obra traz em suas páginas. Assim como na abertura do livro, que traz o poema “O Pescador”, quem abriu o evento de lançamento foi o poeta local Edson Argemiro Correia, o Edbol. “Quando trabalhei em um barco, em 1995, eu tinha perdido meu pai e estava sozinho na proa do barco e fiz assim: O pescador vive a vida junto com a emoção / Ele enfrenta dificuldades em busca de seu ganha-pão / Às vezes, ele encara tempestade e ventania / A saudade, quando bate, ele procura sua família / Trabalhar em alto mar é quase uma ilusão / Falta pescaria e sobra solidão / Mas essa é a vida de todo pescador / Trabalha e ganha pouco, mas trabalha com amor”, declamou o poeta.
Além de Edbol, outros personagens apresentados pelo livro estiveram presentes no lançamento, como dona Maria Benta dos Santos, benzedeira nascida em 1935, que se emocionou com a reverência. “Nunca recebi uma homenagem como essa”, agradeceu, entre lágrimas. Dona Valézia Azevedo, moradora mais antiga da Baixada do Maciambu, que faleceu em 2015, aos 103 anos (o Palhocense teve a honra de contar a história de dona Valézia; acesse bit.ly/2EbGBXe e confira) foi representada pela filha Ivete, que também é mencionada na obra. O tropeiro Nelson Otávio Marques, o jovem pescador Gabriel Valdemiro Correa, o folclórico João Artur Pereira (Pirata), seu José de Matos (que faz esteira de taboa), e seu João e dona Rosa, do engenho das Três Barras, também compareceram ao lançamento.