Por: Sofia Mayer*
O palhocense Ricardo Martins garantiu o título inédito de campeão geral do Rally dos Sertões 2020, na classe das Motos, no último sábado (7). A competição teve início no dia 30 de outubro, em Mogi Guaçu (SP), e foi concluída em Barreirinhas (MA). Ao todo, os competidores percorreram mais de 4.500 quilômetros.
Pilotando uma WR450F, da Yamaha, Martins assumiu a liderança da prova ainda na segunda etapa, entre Brasília (DF) e Minaçu (GO), e conseguiu manter a vantagem até o final.
Durante os nove dias, disputas emocionantes coroaram a campanha. Em meio a chuva, frio e calor, foi necessária muita estratégia e sensibilidade do piloto de Palhoça, que na segunda etapa tomou a decisão audaciosa de usar o pneu para chuva, correndo o risco de o material não resistir ao final da etapa de maratona. “Eu teria que usar esse pneu na segunda e na terceira etapa. A decisão acabou sendo certa, choveu muito e eu consegui um pouco mais de aderência no piso por estar usando esse pneu”, lembra.
A regularidade do piloto e o controle da vantagem foram vistos até o final da competição, desde que assumiu a liderança. “Eu não deixei isso me abalar, eu fiz de cada etapa um rali. Então, na etapa três eu não me preocupei com o que eu tinha aberto, eu tava preocupado com o que eu tinha que fazer”, explica. Martins assumiu a condição de líder da equipe azul, com a impossibilidade de participação do francês Adrien Metge, que apresentou diagnóstico positivo para Covid-19.
Nos Sertões, Ricardo venceu nas categorias Marathon, em 2011, e na SuperProduction, em 2018. Em 2019, terminou em terceiro na classificação geral. “Nesse último ano, eu me preparei muito, foram muitos treinos com moto, de academia, de bicicleta. Eu me dediquei muito e cheguei muito bem fisicamente e psicologicamente no Rally dos Sertões”, conta.
Tragédia
A alegria da vitória acabou abafada pela dor do grave acidente do amigo e bicampeão do rali, Tunico Maciel, na etapa de sábado (7). Martins foi o primeiro a socorrê-lo, acionando prontamente as equipes de resgate. Tunico foi levado, então, para um hospital de São Luís, mas não resistiu aos ferimentos causados pelo impacto, morrendo na manhã de segunda-feira (9).
A batida aconteceu entre Bacabal e Barreirinhas, no km 62, no Maranhão. Em razão disso, a etapa foi encerrada, a pedido de todos os outros pilotos da categoria. Após o acidente, sentimentos conflitantes marcaram a premiação de domingo (8). “Teve pouca comemoração, eu estava me sentindo muito triste, sabendo que ele estava mal no hospital. E, agora, no momento desta matéria, eu estou muito mal, ele é muito meu amigo”, lamenta Martins. A entrevista foi realizada na segunda-feira (9), pouco depois do anúncio da morte do piloto.
Emocionado, ele lembra que a rivalidade acontecia somente nas pistas. “Essa tragédia vai me marcar muito, por eu ter realizado o sonho de vencer o rali em 2020, e por, em 2020, perder um grande amigo dentro das pistas”, expõe.
Questionado sobre as projeções da carreira, o novo campeão afirmou que pretende destinar um tempo, agora, para reflexão. “Sobre meu futuro no motociclismo, prefiro ficar um pouco quieto e deixar o tempo dizer o que fazer”, afirma.
* Sob a supervisão de Alexandre Bonfim
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