Os furtos e atos de vandalismo que vinham provocando a depredação da estrutura do Ginásio Poliesportivo Raphael Martins dos Santos, da Escola de Educação Básica Governador Ivo Silveira, no Centro, cessaram depois que a Secretaria de Estado da Educação (SED) reposicionou um vigilante para garantir a segurança do local. Porém, ainda não há previsão para o reinício das obras, o que deixa a comunidade escolar desanimada.
Quando Anderson Diemond entrou na escola, em 2017, o ginásio estava em reforma. O jovem de 18 anos termina o 3º Ano do Ensino Médio em 2019 e teme que não veja o espaço ser inaugurado, como aconteceu com o irmão dele, que era estudante quando começou a construção do espaço. Já se passaram mais de quatro anos, com diferentes períodos de abandono das obras. “Estou me formando no terceiro ano e também não vou pegar o ginásio pronto”, lamenta o estudante.
Se a previsão da SED se confirmar, Anderson vai testemunhar, pelo menos, a inauguração. A secretaria informa que a obra consta como 94% concluída. No momento, está em processo de aprovação um aditivo para ajustes na quadra esportiva, pois o espaço receberá modalidades profissionais futuramente. O investimento total da obra, já com o aditivo em andamento, é de R$ 9,4 milhões. Após orçamento aprovado e feita a adequação, a expectativa é a de que a inauguração seja realizada ainda no segundo semestre de 2019.
A comunidade escolar espera que a promessa seja cumprida, com certa desconfiança. Até porque, é uma longa espera e já faz praticamente um ano que os trabalhos pararam. “O ginásio estava há quatro anos parado, aí, quando as obras estavam quase prontas, houve um problema e mais uma vez atrasaram. Durante o ano passado, recebemos várias promessas de que no fim do ano teríamos o nosso tão esperado ginásio, e então, mais uma vez, quando estava finalmente pronto, começaram a retirar tudo de dentro usando desculpas como ‘falta de pagamento’ e até mesmo dizendo que precisavam fazer uma ‘fossa’”, lamenta a estudante Tainara Goulart, de 17 anos, aluna do 3º Ano.
A paralisação nas obras transformou o ginásio em um “prato cheio” para moradores de rua, usuários de drogas, ladrões e vândalos. Já foram roubadas janelas, luminárias, fiação e todo o sistema de alarme e incêndio. Nem o posto policial que fica a 300 metros do ginásio, junto à entrada da escola, foi capaz de espantar os arruaceiros. “Há pouco tempo, o orientador entrou lá e um cara apontou uma faca pra ele. Na verdade, é muito risco pra gente, porque o ginásio fica dento da escola, não tem um muro separando, e de repente um desses vândalos pode entrar dentro da escola e fazer alguma coisa de errado”, observa o aluno do 2º Ano Brendon Lucas Pereira, de 18 anos.
O retorno do vigilante ajudou a aliviar o clima de insegurança. Ele retornou à escola no dia 10 de setembro e as ações criminosas cessaram desde então. O vigilante havia sido deslocado para outra escola, que agora passa por reforma e a empreiteira que está tocando a obra naquela escola assumiu a vigilância, liberando o profissional, que foi novamente realocado para o colégio Ivo Silveira. Agora, resta aguardar pela retomada das obras. “A escola precisa daquele ginásio, os alunos precisam de um ambiente adequado para praticar esportes quando tem chuva ou quando o sol está muito forte”, diz Tainara.
Enquanto o ginásio não fica pronto, a prática esportiva acontece em espaços improvisados. “A parte da quadra seria a parte principal, porque possibilitaria eventos esportivos de grande porte. Poderia ter até projetos de esporte, como vôlei ou futsal, que é impossível acontecer nas quadras que têm no pátio da escola, na parte de trás. Não jogamos vôlei numa quadra, é uma rede portátil colocada sobre o que seria um estacionamento, não é cimento liso, é um espaço aberto com lajotas. Fica bem ruim de correr ou praticar esportes. Se alguém cair lá jogando vôlei, com certeza vai se ralar muito mais”, lamenta Anderson. O aluno também relata que aulas de artes marciais são improvisadas em um espaço de convivência.
Anderson observa, ainda, que o ginásio seria importante para a realização de projetos extracurriculares e eventos escolares, como gincanas e aulões. “Se o ginásio estivesse aberto, teria mais espaço para realizar eventos que tenham um grande público ou que necessitam reunir toda a escola”, destaca. Além disso, como o complexo de mais de 6 mil metros quadrados terá dois auditórios e 16 salas de aula, iria abrandar a limitação de espaço de salas que a escola enfrenta atualmente. “Poderiam ser feitos vários projetos ali nas salas que têm junto com o ginásio”, acrescenta o estudante.