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Qualidade em cada clique

Receita do fotógrafo Gilmar Rose, acostumado a registrar veículos em alta velocidade

6e9434da95665645ca550db45d88c47e.JPG Foto: LUCIANO SMANIOTO E GILMAR ROSE

Já é complicado fazer uma foto de um "alvo" estático. É preciso pensar na composição, na iluminação, na lente ideal, na abertura do diafragma, no tempo de exposição... Agora imaginem pensar em todos esses detalhes - e em muitos outros - para fotografar um veículo a mais de 200 km/h? É o desafio que o fotógrafo Gilmar Rose enfrenta rotineiramente na sua profissão.
Gilmar veio morar na Pedra Branca em agosto do ano passado. Depois de seis anos em Curitiba, resolveu voltar para a região da Grande Florianópolis, para ficar mais próximo dos pais. Veio trabalhar numa empresa de automação, mas largou o emprego e decidiu trabalhar com uma grande paixão, a fotografia. Gilmar fotografa desde 2011. Começou com um relacionamento: ela tirava fotos e ele viu a necessidade de aprimorar a técnica, então, começou a estudar fotografia para ajudar a namorada. Na época, andava de motocicleta em autódromos, e um dia decidiu levar a máquina para treinar. Começou a fazer fotos e o pessoal gostou. Ele também gostou e acabou adotando o ramo da fotografia de motociclismo. "Hoje é meu foco principal", observa.
Este ano, Gilmar esteve em todas as etapas do SuperBike Brasil, considerado pelos organizadores como o maior e mais disputado campeonato nacional das Américas. Esteve também em algumas etapas do Mundial de Motovelocidade. "A primeira vez que eu fui pro Mundial, em 2016, fiquei um dia inteiro tremendo. Meu Deus, olha onde eu estou, o quanto eu galguei pra chegar até lá. Sou fã do pessoal que corre, ver como eles andam, a técnica, é muito bom", conta.
Gilmar Rose também fotografa etapas de competições de automobilismo, como Stock Car, Fórmula Truck, velocidade em terra e Brasileiro de kart. Tem registros impressos em revistas como MotorTop e Mundo Racing e duas fotos suas entraram para o calendário da gigante Bardahl, junto com grandes fotógrafos do país. "Estar junto com esses fotógrafos foi um presentão", rememora.
Gilmar conta que muito do que sabe foi assimilado quando morou em Cascavel (PR) com Sergio Sanderson, um dos fotógrafos brasileiros mais respeitados no meio do automobilismo. "Com ele aprendi muito com relação à visão da fotografia. Foi uma escola bastante importante pra mim", comenta. "Sou uma pessoa muito crítica com as minhas próprias fotos. Sempre busco aquele algo a mais", define. E no caso do motociclismo e do automobilismo, aquele "algo mais" é mais do que necessário. Gilmar admite que não é uma imagem fácil de registrar. "Tem diferenças com relação a moto, a carro, caminhão, kart... Tem diferença de entrada e saída de curva, aceleração, diferença até no que o público está pedindo. A configuração da máquina é diferente para cada tipo de foto que pretende fazer", pondera. Até a temperatura da pista influencia. "Quando a temperatura da pista está muito alta, atrapalha muito, ergue tipo um vapor. Isso atrapalha muito na questão do foco, muitas vezes tem que fazer a foto com foco manual", destaca.
Gilmar explica que concentra seu foco em um ponto e vem acompanhando a motocicleta na pista; na hora que o piloto passar por aquele ponto, tira a foto, geralmente com sua lente de 600 milímetros, uma 7D MarkII, uma lente grande, que dificulta o foco. "É uma técnica que os fotógrafos antigos usavam", acrescenta.
Além das dificuldades em registrar a corrida, ainda tem o risco de ser atingido por algum veículo. "Tem uma foto que eu quase morri tirando. Foi uma foto com foco manual. Na saída da Curva do Café, em Interlagos, a moto aparece e não tem como focar. Você vem escutando o barulho da moto. Neste caso, a moto escapou de traseira neste momento e ficou de frente pra mim. Levei um susto gigantesco. Ele conseguiu puxar a moto de volta, senão ela vinha pra cima de mim. E ele estava a mais de 200 km/h", relembra.
Para evitar problemas, Gilmar costuma levar em suas coberturas pelo menos duas máquinas e duas lentes. Além delas, outro companheiro inseparável é o laptop. Até porque, não há muito tempo entre o registro da imagem e o envio para os clientes. "Tem vezes em que do momento em que eu saio da pista até o momento em que entrego a foto é uma questão de minutos, então tem que caprichar, não pode ficar escolhendo, tem que ter qualidade em cada clique", receita.

 



Galeria de fotos: 2 fotos
Créditos: LUCIANO SMANIOTO E GILMAR ROSE LUCIANO SMANIOTO E GILMAR ROSE
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