Os idealizadores do Projeto Remar na Enseada vão promover um bingo no dia 11 de novembro, a partir das 14h, no salão da Igreja de São Sebastião, no balneário Marivone, na Praia de Fora. O dinheiro arrecadado com a ação será utilizado para a construção de um galpão para guardar os barcos utilizados no projeto social, que hoje atende 20 crianças da Praia de Fora e da Enseada de Brito. A expectativa é a de que este número cresça ainda mais conforme o projeto for amadurecendo.
A meta é transformar a Enseada de Brito (as aulas acontecem na baía junto ao campo do Enseadense) em um polo da canoagem de velocidade no estado. O próprio Enseadense se transformou em um clube de regatas e deve ser federado junto à Confederação Brasileira - já tem até atletas de nível nacional interessados em competir pelo clube palhocense.
O projeto vem se desenvolvendo ao longo do ano, mas as aulas começaram, oficialmente, no dia 3 de setembro. São 15 crianças participando da escolinha e cinco já treinando em nível de alto rendimento. “Tem algumas novas que têm me surpreendido. Tem uma que eu achei que até remava, mas ela falou que nunca remou. A questão do movimento, o que eu falo para ela fazer, ela tem muita facilidade”, observa a treinadora contratada pela Prefeitura (através de concurso público) para desenvolver o esporte em Palhoça, Maria Angélica de Jesus Rozalen. “A gente já estava querendo fazer este projeto desde o ano passado. Este ano, com o processo seletivo, conseguimos fazer a contratação de uma professora de um gabarito bem grande”, celebra o presidente da Fundação Municipal de Esporte e Cultura (FMEC), José Virgilio Junior (Secco).
O projeto realmente está em ótimas mãos. Angélica é auxiliar técnica da Seleção Brasileira de paracanoagem. Outros nomes da canoagem de velocidade nacional, como Cinara Camargo e Edson da Silva, o Edinho, já participaram de atividades com a garotada na Enseada. Uma das celebridades da paracanoagem brasileira, Fernando Rufino, o “Caubói”, é padrinho do projeto. “Eu não posso prometer que vai sair um campeão brasileiro, um campeão mundial, porque não é só estar aqui todo dia, tem outros quesitos, mas o mais legal é dar a oportunidade de conhecer uma modalidade esportiva, a oportunidade de sair de casa para praticar um esporte e de criar consciência ambiental nessas crianças. A gente tem preocupação com o meio ambiente, a gente recolhe o lixo da praia e fala por que está recolhendo”, comenta Angélica.
Mas é possível, sim, formar atletas competitivos. Roberta Siemens, de 13 anos, é um exemplo. Ela mora na Praia de Fora e compete pelo Aldo Luz em nível nacional. Na última Copa Brasil, em março, conquistou uma medalha de prata e dois bronzes. Já foram quatro medalhas este ano. “Foi o ano que eu peguei mais medalhas”, comemora Roberta, que é apoiadora do projeto e participa das aulas de alto rendimento, até para estimular jovens atletas que estão começando agora. Como a colega de escola Gabriela Terres Barão Araújo, de 14 anos. “Comecei a treinar há pouco tempo, tenho que aprender a me equilibrar no K1 (barco individual) ainda. Um dia ela me convidou para vir remar, e eu falei que eu não sabia remar, mas ela disse para eu ir mesmo assim, vai que eu gostasse. No mesmo dia eu consegui me equilibrar no mini K1. Foi quando eu gostei e comecei a treinar junto com ela”, conta Gabriela.
O bom desempenho da Roberta no caiaque foi o que motivou a mãe, Danielle Siemens, a criar o Projeto Remar na Enseada. “É o primeiro polo de canoagem de velocidade do estado inteiro”, diz Danielle. E as águas nem sempre calmas da Enseada são propícias à iniciação neste esporte. “A técnica nos disse que aqui é o lugar ideal, porque venta bastante, tem essas marolas. Os atletas hoje, no Brasil, estão acostumados a remar em ambientes muito calmos. Eles vão a competições em outros países, onde venta muito, e não têm um bom rendimento. Trabalhar neste ambiente de dificuldade ajuda a encarar uma competição internacional”, reflete.
Enquanto as aulas se desenvolvem, Danielle segue batalhando para melhorar a estrutura de treinamento. Um passo importante é a construção do galpão onde serão guardados os barcos do projeto. O galpão terá uma dimensão de oito metros por 12 metros, e o custo de construção está estimado em R$ 19 mil. “Tem que ser neste tamanho, porque só o barco normal (K1) tem seis metros de comprimento, e a gente quer trazer um K2, que é um barco para dois atletas, e ele chega a oito metros, então por isso que a gente precisa de um barracão bem comprido para guardar os barcos”, observa Danielle.
Quem quiser contribuir com o projeto pode procurar a Danielle no telefone 98466-9959 ou comparecer à Igreja de São Sebastião, no Marivone, na tarde do dia 11. Além de concorrer a prêmios como R$ 300 em dinheiro, aspirador de pó, cafeteira e ventilador, também estará contribuindo para o futuro da canoagem de velocidade em Palhoça. “É isto que queremos, dar opção de esporte para as crianças e botar o esporte de frente para o mar, já que a gente mora no litoral”, finaliza Secco.