Texto: Isonyane Iris
Um grupo de professores que prestou concurso público para trabalhar em regime de admissão em caráter temporário (ACT) nas escolas municipais no ano de 2019 está preocupado com o número de reprovações, que já passa de 600. Segundo os professores, a forma como a prova é dividida, em duas etapas, a falta de informações no edital e ainda a formulação dos enunciados das questões fizeram com que houvesse uma reprovação em massa.
O pedido para que a prova seja classificatória é antigo. Não é de hoje que os professores pedem que chamem pela classificação, e não por eliminação, como tem sido feito. Atualmente, a prova é dividida em duas etapas, com 15 questões cada, uma de conhecimentos específicos e outra de conhecimentos gerais, sendo determinado que o professor acerte no mínio oito questões de cada etapa para ser aprovado. “Isso é um absurdo. Em todos os concursos a nota de corte é cinco, independente de qual conteúdo ele acerte, ou seja, um professor que gabaritar o específico, mas acertar apenas sete de conhecimentos gerais, é reprovado, um absurdo”, reclama a professora Cristina Juttel.
Além disso, os professores reclamam da formulação dos enunciados das questões de conhecimentos gerais, que segundo eles, deixaram sentidos dúbios. “Teve muita pergunta com dados de 2010, ou seja, eles pedem conhecimentos atuais, mas fazem perguntas com dados antigos? Por exemplo: a questão de número 12 não especificou sobre quais dados serviriam de base para responder, se era de acordo com o senso IBGE 2010, ou se de acordo com as estatísticas atualizadas do mesmo, sendo que todas as alternativas da questão incluem o município de São Pedro de Alcântara como município limítrofe a Palhoça, quando na verdade está errado”, reclama um grupo de professores.
Na prova, também teriam tido questões sobre literatura, um assunto que não teria sido previamente avisado aos professores. “A banca incluiu na prova questões que cobram conhecimento prévio na área de literatura, sem solicitar estudos na área de literatura de acordo com o conteúdo programático do edital”, afirma outra professora.
“Acredito que em uma rede municipal, onde faltam tantos professores formados e bem equipados para atender as escolas, não deveria ser feita uma prova com tantos requisitos para precisar entrar, pois de que adiantam quatro anos de faculdade, mais dois anos de pós-graduação para ser eliminada por causa de uma questão? Ninguém passa nesse concurso e depois o resto do ano a Prefeitura de Palhoça passa fazendo chamada pública e pegando qualquer pessoa para as escolas. É muito triste essa realidade, pois o município devia perceber que eles que precisam de nós professores para atender e ajudar na formação de pessoas, e não o contrário”, desabafa uma professora do município há mais de cinco anos, que preferiu não expor seu nome.
A Prefeitura de Palhoça realizou em 2015 um concurso público com o objetivo de preencher o quadro de vagas disponíveis para professores efetivos no município. Desde então, professores aprovados e também que preenchem o quadro de reserva vivem ansiosos com a nomeação, que foi prorrogada até 2019, mas até o momento só chamou um. “Isso é um desrespeito com a gente. Perdemos tempo estudando, pagamos a inscrição, passamos e do que adianta se só chamam um?”, questiona um professor.
A Secretaria Municipal de Educação explica que a banca responsável pelo referido concurso é o Instituto Ieses, que prevê no edital 016/SME/2018 a divulgação do resultado dos recursos (enviados oficialmente entre 12 e 14 de novembro) e o gabarito definitivo da prova objetiva em 12 de dezembro. Ainda conforme edital, haverá um prazo para recorrer pelo resultado final (prova objetiva, títulos e classificação) entre 13 e 14 de dezembro.
02/12/2024
02/12/2024