Texto: Isonyane Iris
Não é de hoje que a unidade de pronto atendimento (UPA) do Bela Vista é motivo de reclamação entre os palhocenses. A demora no atendimento, a falta de médicos e até a forma como os pacientes são tratados estão causando revolta em quem precisa de uma consulta médica com urgência.
Com febre e fortes dores de cabeça, Maria Francisca Couto, moradora do Bela Vista, passou mal no trabalho e chegou a desmaiar pela manhã. Por volta das 11h, ela deu entrada na UPA, ainda se sentindo mal. “Cheguei com calafrios e bem fraca, me atenderam supermal, mediram minha temperatura, não me mostraram e só disseram que eu estava sem febre. Pois eu fiquei das 11h até as 17h30 esperando atendimento. Vomitei, passei mal, eu só queria ir para casa correndo, só fiquei mesmo porque sabia que precisava de um atendimento médico”, conta Maria.
Outro caso foi o de um senhor que estava com fortes dores no peito e também teria ficado horas esperando por atendimento. Ele chegou às 11h e até as 16h ainda não tinha sido atendido. Com muita dor, o homem teria voltado para casa sem atendimento. “Cadê os médicos? Uma estrutura desse tamanho e não tem médico para atender. É apenas um médico para atender todo mundo, fazendo com que as pessoas fiquem esperando por horas na fila com dor”, lamenta Arlete, moradora da Ponte do Imaruim.
Com uma bebê de nove meses nos braços, Francine Oliveira Alves, moradora do Pachecos, esperou por três horas, desistiu e preferiu ir até o Hospital Infantil, em Florianópolis. “Foram horas com a minha bebê chorando e ninguém para atender, uma falta de atenção, de cuidado com os pacientes. Liguei para o meu marido, ele me pegou na UPA e em 20 minutos chegamos no Hospital Infantil, logo ela entrou e foi atendida sem nem sentar para esperar. A intenção do prefeito era ter um lugar para desafogar os hospitais próximos, mas desse jeito, só nos faz perder tempo”, desabafa a moradora.
UPA é destinada apenas a situações de urgência e emergência
A Secretaria de Saúde informa que a UPA 24 horas atende com três clínicos e um pediatra em 90% dos plantões, que recebem mais de 300 pacientes por dia.
Segundo nota oficial, a unidade acolhe os pacientes com um protocolo de classificação de risco. Técnicos de enfermagem e enfermeiros formam uma equipe de triagem que avalia os sinais vitais e queixas de cada paciente para definir os critérios de gravidade do atendimento.
Após a triagem, o usuário é classificado por uma cor, de acordo com o grau de risco. A cor vermelha indica risco grave de morte e o atendimento é imediato, enquanto portadores de pulseiras amarelas precisam de assistência rápida, mas podem aguardar até 60 minutos. A pulseira verde é aplicada em casos sem gravidade, mas com queixa que justifique um suporte pouco urgente e a espera pode ser de até 120 minutos.
Por fim, há a classificação de risco azul, que aponta ausência de urgência, ou seja, não há risco para o paciente, cujo atendimento ambulatorial (em um posto de saúde ou no serviço de especialidade médica) seria o mais indicado. Segundo a equipe técnica da nova UPA, este grupo corresponde a 70% dos casos acolhidos e a espera pode ser longa devido à gravidade do quadro clínico dos usuários de outros agrupamentos. A UPA é destinada apenas às situações de urgência e emergência e não substitui serviços básicos de saúde, como consultas médicas eletivas, prestadas nas demais unidades do município.