Por: Sofia Mayer*
O piloto palhocense Saulo Schutz, o Saulinho, brilhou neste 2020 nas competições automobilísticas brasileiras. Destaque para os dias 23 e 24 de novembro, quando ele alcançou a 32ª posição entre 124 competidores na disputa “Armageddon – Desafio entre Listas”, que aconteceu em Campo Grande (MS). Tradicionalmente, o evento reúne os pilotos mais velozes do país.
O sucesso não é à toa, já que o palhocense investe nas arrancadas há mais de 23 anos, tendo sido, inclusive, quatro vezes campeão catarinense na modalidade. Em Campo Grande, ele correu com um Volkswagen/Gol azul, representando a Área 48, grupo de competidores da região da Grande Florianópolis. “Nossa área levou apenas dois carros: meu Gol e o Chevette do Zico. Porém, como muitos sabem, meu carro é de categoria”, conta Saulinho, que é considerado o “Rei da Área 48”.
O piloto explica que um carro de categoria possui algumas diferenças do tradicional “carro de lista”, como limite de peso, turbina e pneu, além de utilizar combustível puro. “Já na lista, é tudo liberado. Como diz o velho ditado: quem pode mais, chora menos”, brinca. Para a competição, ele substituiu as portas e tampa traseiras pelas de fibra, aliviando aproximadamente em 70kg o peso do veículo.
Resultado
Ficar entre os 32 primeiros foi motivo de satisfação para o piloto, que se dedicou intensamente na preparação: “Primeiro, por já estar dentro dos mais rápidos do Brasil em uma competição no prep”, comenta. O termo se refere às pistas sem tratamento; ao todo, foram 124 carros em uma disputa mata-mata. “A tensão é muito grande. Imagina viajar 1.400 quilômetros, chegar lá e ser eliminado. Se não bastasse isso, têm as regras, que são diferentes do campeonato que corro”, fala.
Na primeira chave, Saulo enfrentou um Nissan/GTR, com aproximados 1.300 CV. “Carro todo preparado para essa modalidade”, explica. O administrador do piloto, Gabriel Lima, também achou que seria uma corrida difícil; “uma pedreira”, como diz. “Para a minha surpresa e a de todos que estavam assistindo, consegui arrancar junto com ele, e, após a segunda marcha, já estava na frente e mantendo até o final da reta. Após essa passada, vi que estava dentro da competição. Foi uma festa só, estava entre os 64 mais rápidos”, lembra o piloto, de 43 anos.
A situação se repetiu na segunda chave, quando disputou com um Audi/TTRS 4x4, ainda mais forte. “Precisava caprichar na reação para poder sair junto ou na frente dele. Dito e feito: fiz 0,53 de reação, abri dele no meio da reta e mantive”, conta. A partir daí, Saulinho ficou entre os 32 competidores mais rápidos do Brasil.
Constância, concentração, durabilidade e sorte foram fundamentais para o bom resultado. Na terceira chave, porém, foi justamente a falta de sorte que impediu Saulinho de seguir na campanha, mesmo competindo com um carro da mesma categoria. “Estava bem confiante, estaria entre os 16, ou seja, entraria nas oitavas. Todos falando que esse seria fácil. Eu falei que nada é fácil aqui e que todos que estão aqui tem chance”, lembra. “Arranquei muito bem, bati a segunda marcha e já estava a mais de dois carros dele, quando olhei para o giro em 7.300 RPM, no qual costumo trocar em 8.600 e pensei: ‘Vou poupar o motor para a próxima’. Foi aí que me faltou a sorte”, conta. Um IGT do quarto cilindro queimou e o carro entrou em modo de segurança, desligando o motor. “Foi então que meus olhos encheram de lágrimas, pois vi meu sonho escapar por uma peça que havia colocado para me ajudar a ler a queima de combustível e temperatura do cilindro”, lamenta.
O saldo, no entanto, foi positivo. Duas semanas antes da competição, partes do carro precisaram ser refeitas, do zero. Foi uma verdadeira corrida contra o tempo, ainda fora das pistas: “Eu só tinha motivo para comemorar, e foi o que fizemos”.
Campeão na Área 48
Uma semana após a competição em Campo Grande, Saulo disputou o último evento da Área 48 desde ano, junto com os mais rápidos de Santa Catarina. Na competição, marcada por desafios e incertezas, ele manteve a coroa, finalizando em primeiro lugar na campanha. O evento aconteceu na pista do Speedway Music Park, em Balneário Camboriú.
Projetos para 2021
Para o próximo ano, os fãs do esporte podem se preparar para novidades. O piloto pensa em adequar um Gol/G4 4x4: “Estamos estudando, eu e meu preparador, qual será mais constante e durável. Tudo isso devido ao último Armageddon, porque o favorito não venceu”.
O esporte vem mostrando, a cada ano, um crescimento significativo de adeptos e de um público fiel. Na Armageddon, por exemplo, mais de 16 mil pessoas acompanharam a transmissão ao vivo da disputa.
* Sob a supervisão de Alexandre Bonfim
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