A inserção dos haitianos na Faculdade Municipal de Palhoça (FMP) foi tema do trabalho de conclusão de curso (TCC) de Pedagogia da ex-servidora do setor de Artesanato e Economia Solidária da Secretaria do Desenvolvimento Social de Santa Catarina (SDS), Luciana Negreiros. A defesa do TCC ocorreu no dia 27 de novembro. O trabalho realizado pela FMP teve enorme contribuição para a socialização dos haitianos na comunidade palhocense. “Terminou mais uma etapa, a apresentação foi bem legal, foi 10, e também tive a aprovação para a publicação, para escrever um livro”, comemora.
Luciana lembra que o trabalho de inclusão começou com um curso de Português para Haitianos. Na verdade, o curso acabou atraindo a atenção de estrangeiros vindos de vários países, não só do Haiti. “A demanda foi muito grande, no primeiro dia foram mais de 100 haitianos, isso em 2015. Então, começaram a vir não só haitianos, e sim, muitos estrangeiros”, relembra. As aulas são divididas em Português 1 e Português 2, destinadas a quem não tinha conhecimento algum na língua falada no Brasil e quem já tinha algum conhecimento. Ampliando o serviço, foi criado, também, um curso de Informática, que passou a ser ofertado não só para os estrangeiros, mas também para toda a comunidade em geral. Luciana conta que, aos poucos, os estrangeiros passaram a se sentir confortáveis também para encarar outros cursos disponíveis na FMP, como Cuidador de Idosos e os cursos de graduação. “Se não tiver o português, não consegue sobreviver na faculdade; não só na faculdade, no Brasil”, destaca. Desde 7 de agosto de 2015 até hoje, mais mil estrangeiros passaram pelos bancos da FMP.
Ela relembra que percebia a dificuldade que os estrangeiros vivenciavam ao chegar ao Brasil; geralmente, em condições financeiras precárias. Então, para fornecer atendimento em Palhoça, Luciana buscou informações e capacitação em instituições como a Pastoral do Imigrante, a Polícia Federal, a UFSC e a Udesc. “Fui me aperfeiçoando e tive a autorização para fazer o atendimento deles aqui na faculdade, então, o estrangeiro chegava aqui na minha frente e eu fazia toda a documentação, o formulário da Polícia Federal, o agendamento, o formulário do Ministério do Trabalho para a carteira de trabalho, formulário de CPF, passaporte, toda a documentação. Ele só ia a Florianópolis quando tinha o agendamento certinho, ia lá só pra fazer”, descreve.
O trabalho realizado na FMP foi reconhecido em nível estadual e recebeu vários prêmios. “Somos muito reconhecidas na região da Grande Florianópolis, por todo esse trabalho que a gente vem realizando”, celebra. O desempenho exemplar rendeu um convite para integrar os quadros do governo do estado na gestão da secretária Romanna Remor à frente da pasta de Assistência Social, Trabalho e Habitação, em 2018. Trabalhou como diretora do Sistema Nacional de Emprego (Sine) e também como diretora estadual do Trabalho, Emprego e Renda, onde ficou até junho deste ano, quando passou a integrar o setor de Artesanato e Economia Solidária - até a última sexta-feira (13). “Esse trabalho é muito legal, onde visa à questão do artesanato, a inclusão dos artesãos, a levar a carteira do artesanato pra eles, a carteira do Programa do Artesanato Brasileiro, para que eles possam realizar o artesanato deles e vender em qualquer parte do Brasil”, explica.
“O artesanato é bem forte em Palhoça, principalmente na questão da economia solidária”, contextualiza a gerente estadual, que nasceu no Rio de Janeiro e mudou-se para Florianópolis ainda criança, em função do trabalho do pai, que era da Marinha. “Vim parar em Palhoça porque fui convidada pela Mariah (Mariah Terezinha do Nascimento Pereira, ex-diretora da FMP) para trabalhar aqui na Faculdade Municipal de Palhoça, onde eu trabalhei por cinco anos e depois eu fui para o governo do estado”, relata Luciana, que hoje mora na Ponte do Imaruim. “Palhoça é meu cantinho, meu refúgio. Tenho um carinho muito grande pelo município”, destaca.