Na última edição de 2017, trouxemos quatro sugestões para aproveitar as férias em Palhoça: a natação, o surfe, o windsurfe e o kitesurfe, aproveitando as belezas e as delícias do litoral palhocense. Nesta edição, vamos sair da água para mostrar que em terra firme também tem diversão. Nossa equipe acompanhou a fisioterapeuta Ana Luiza Leivas Simões Pires por trilhas que passam por diferentes terrenos entre a Praia da Pinheira e a Guarda do Embaú.
Há trilhas de vários níveis, das mais curtas às mais longas. Ana Luiza as identifica por cores. Podem começar na Guarda ou na Pinheira. Como o verão é uma época em que as cobras costumam aparecer (e há cobras venenosas naquele ecossistema), por causa do calor, e também há momentos de caminhada em mata fechada, recomendamos a companhia de um guia com experiência para se aventurar nas trilhas maiores.
A vantagem de fazer o passeio acompanhado de uma fisioterapeuta é que o monitoramento é feito nos mínimos detalhes. Tudo para garantir um exercício (sim, é um tremendo exercício físico!) confortável e sem dores. Antes de começar, Ana Luiza orienta uma rotina de mobilidade articular e muscular. Ela observa se tem algo a corrigir na postura dos trilheiros - até o posicionamento da mochila é observado.
A ideia de guiar aventureiros pelas belezas naturais de Palhoça é reforçada pelo amor à natureza. Quanto mais conhecemos, quanto mais interagimos com o meio ambiente, mais conscientes ficamos da necessidade de preservação. Até porque, só preservando é que vamos garantir que aquela paisagem deslumbrante estará lá na próxima aventura! Por isso, a orientação é seguir a trilha já demarcada, com passos firmes ("Cada passo como se fosse único", ensina a fisioterapeuta) e olhos atentos à trilha, para evitar pisar em animais.
Todos sabemos, mas não custa lembrar: e importante vestir roupa e calçado confortável; estar devidamente protegido dos raios do sol, até porque há trechos muito abertos; e levar bastante água. Um lanchinho, principalmente à base de frutas, também é bem-vindo! O que não é bem-vindo é o lixo. Ana Luiza leva um saquinho de lixo para guardar qualquer coisa que o grupo possa descartar e ainda para limpar o que outras pessoas menos conscientes deixaram pelo caminho. "Assim a gente aproveita e já vai limpando a natureza, porque muitas pessoas não têm essa consciência. Meu interesse é este: que as pessoas preservem essa natureza estupenda que temos aqui, um paraíso natural, e seria uma pena se a gente ficasse jogando lixo aqui", reflete.
O caminho que escolhemos iniciava na Praia de Cima, na Pinheira. Enquanto caminhamos, Ana Luiza vai contando histórias sobre os lugares visitados e passando informações sobre fauna e flora. Em determinado ponto, avistamos dois golfinhos na baía. Nossa guia diz que os avistamentos são recorrentes. Na época em que as tainhas invadem nosso litoral, é possível ver os cardumes se movimentando sob a água.
Atravessamos o morro e nos deparamos com vários tipos de terrenos. Há trechos mais abertos e trechos mais fechados; tem subida e descida de morro; tem grama e tem áreas um pouco mais alagadas; tem pedras e tem areia. Tem até pedras vulcânicas! "É uma geologia muito interessante aqui", comenta. Também tem seres vivos interessantes. Vários pássaros, inclusive corujas e o tradicional urutau, com seu canto peculiar. Tem aranhas, cobras e cotias. Passamos também por criação de gado e engenho. Em determinado trecho, a guia conta que a mata nativa foi queimada para o estabelecimento de plantações. Havia cultivo de babata-doce, mandioca e cana-de-açúcar, por exemplo. Mas muitos pontos ainda têm vegetação nativa.
De cima do morro, uma das visões mais bonitas é a da Praia do Maço, com uma minúscula extensão de areia formada ao lado do costão. No caminho até a praia, tem até uma piscina natural, onde peixinhos fazem limpeza de pele nos nossos pés e pernas. Um momento de relaxamento no meio do esforço da caminhada. Ao chegar à praia, nada de banho. "Essa praia é traiçoeirinha, quem não é adaptado ao meio líquido, sozinho de jeito nenhum. Só na beirinha, aí não tem problema", ensina a fisioterapeuta, que conheceu a Pinheira em 1984, aos 17 anos, quando uma matéria de jornal despertou a curiosidade da família pelas belezas da região. Foi paixão à primeira vista!
Mas foi só em 1998 que ela começaria a desbravar o mítico Vale da Utopia, entre a Praia do Maço e a Guarda do Embaú. "E cada vez eu descubro um pedacinho diferente", relata. Ana conta que a região costumava ser habitada por povos indígenas. "Aqui conta-se que os índios faziam sua vida, em vários locais, inclusive na caverna onde o Vilmar (Vilmar Godinho, o "Guardião do Vale", é um jornalista e artista plástico que viveu em uma caverna durante quase três décadas, até que o Ministério Público exigisse que ele se retirasse. Seu cavalo branco, o Pé de Pano, ainda vive por lá!) morava", explica. "Tem cantos e pedras em que se vê bem onde os índios moíam, afiavam as facas, tem em vários locais da região. Na Ilha do Coral, por exemplo, tem inscrições rupestres", ensina.
Esse é outro aspecto interessante da caminhada: dá para avistar ilhas lá de cima do morro, como a Ilha do Moleque, habitada por uma colônia de roedores endêmicos que evoluíram para sobreviver naquela pequena ilha.
Até chegar na Prainha, uma praia de forte correnteza, encarada basicamente por surfistas, ao lado da Guarda do Embaú, ainda passamos por vários locais memoráveis. Como uma pedra esculpida pelo tempo em que se observa um "duplo X". Diz a lenda que tem um tesouro escondido na Guarda. Quem sabe aquele duplo X marque o local onde está enterrado? Indiana Jones que o diga! Tem também a caverna enorme que o mar invade, produzindo o som de um tambor. Tem também uma fonte de água límpida, para recarregar as garrafas de água. Dali até a Guarda, a maior dificuldade é subir pela duna do costão direito! Mas nada que o visual do alto do morro não compensa, com toda a plenitude da beleza da praia, serpenteada pelo Rio da Madre, não recompense de imediato.
Quem quiser entrar em contato com a fisioterapeuta Ana Luiza pode utilizar o número de telefone 98404-1813