Por: Willian Schütz*
Vários fatores de risco permeiam a realidade de quem pilota motocicletas. No início desta semana, em Palhoça, dois episódios bem diferentes ocorreram: um motociclista foi ferido por uma linha de cerol; outro, faleceu em um acidente provocado por um infrator. A ampliação do serviço de tele-entrega, em função as restrições de circulação de pessoas impostas pela pandemia de Covid-19, e as alterações no trânsito têm se transformado em fatores de risco para os condutores.
Conhecidos como motoboys, os profissionais de tele-entrega (delivery) obtêm sustento através das suas motos. Alguns desses profissionais relatam os principais pontos de atenção dessa rotina nas estradas. “Com a pandemia, as entregas aumentaram muito. Acho que também é porque muitas pessoas resolveram apostar em abrir restaurantes com delivery”, afirma Christian Di Monaco, motoboy com 31 anos de experiência e que administra 20 grupos da área.
Sobre o risco de estar constantemente transitando de motocicleta em razão do sustento, Gilberto Heerdt, da empresa Motoboys Palhoça, afirma que essa é a famosa “profissão perigo”, “na qual os profissionais se arriscam muitas vezes, por taxas baixíssimas; além de ter que arcar com altas taxas para manter a moto”.
Gilberto também alega que houve, de fato, um aumento no número de pessoas exercendo a atividade durante a pandemia. “Muita gente migrou para a função de motoboy após ter perdido o emprego, procurando renda extra, ou é sua única opção de trabalho, pois tem uma moto e a utiliza para tudo”, argumenta.
Segundo levantamento realizado pela Statista, empresa internacional especializada em dados de mercado e consumo, o Brasil foi destaque no segmento de delivery na América Latina em 2020. Sozinho, o país foi responsável por cerca de 48,77% do mercado latino-americano. Os dados refletem o aumento generalizado no número de motociclistas circulando.
Tratando-se de motociclistas em geral, em junho do ano passado, surgiu uma campanha estadual permanente para a prevenção de acidentes com motocicletas. Para isso, foram levantados números: cerca de 200 mil motociclistas morreram em acidentes em todo o país; em Santa Catarina, 40% dos acidentes nas rodovias federais envolveram motociclistas. Contudo, esses números são de 2008 a 2018, quando a circulação de motociclistas era menor.
Além disso, outro fator que deve ser considerado é o trânsito. Em Palhoça, diversas modificações estão em andamento, por conta das obras de construção da terceira faixa da rodovia BR-101.
Sobre isso, Gilberto também afirma que há “mudanças necessárias; algumas boas, outras ruins”, mas que todos os motociclistas devem “seguir as normas de trânsito e usar seus equipamentos (sempre em dia e originais) e sem acessórios que possam descaracterizar ou prejudicar”.
Acontecimentos recentes em Palhoça
Na manhã de domingo (25), uma colisão entre um carro e uma moto fez vítima mais um motociclista, no Caminho Novo. Segundo a Polícia Militar, depois de uma ultrapassagem forçada, o carro atingiu a moto de frente. O Samu de Palhoça realizou o primeiro atendimento à vítima, mas, diante da gravidade, foi solicitado apoio de uma equipe avançada do Samu. A vítima apresentava um traumatismo craniano encefálico (TCE) e precisou ser conduzida com agilidade ao hospital.
Também no domingo (25), um motociclista transitava pelo Nova Palhoça quando uma linha cortante enroscou na viseira do capacete e atingiu o nariz do homem. O incidente feriu a vítima e preocupou, pois se a linha enroscasse no pescoço, poderia ser fatal.
E na madrugada do sábado (24), um motociclista morreu em um acidente provocado por um suposto ladrão de portões, no Caminho Novo. O suspeito carregava um portão roubado em um carrinho, de forma improvisada. Foi quando o motociclista que por ali trafegava colidiu com a chapa do portão.
* Sob a supervisão de Alexandre Bonfim
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