Por: Sofia Mayer*
Dois dias de passagem do ciclone extratropical em Santa Catarina foram suficientes para que palhocenses de todos os cantos do município contabilizassem uma série de prejuízos decorrentes dos ventos fortes, que chegaram perto dos 100km/h, na última terça-feira (30). Casas atingidas por árvores, instituições de acolhimento destruídas e residências destelhadas fazem parte da lista dos estragos. Cerca de 100 ocorrências foram registradas, segundo o relatório de danos feito pela Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec).
A unidade da organização não governamental (ONG) Cerene que atende aproximadamente 50 pessoas com dependências de álcool e outras drogas na Praia de Fora estima que o prejuízo chegue perto dos R$ 300 mil. “Em cima do telhado do ginásio, por exemplo, tínhamos a fotovoltaica. Só aí é 150 mil reais”, comenta um colaborador. Segundo ele, as placas foram instaladas em abril, com ajuda de doações, e garantem uma economia de luz de mais de R$ 6 mil por mês à instituição.
Com a força do vento, a quadra de esportes também foi destruída. “Nós não vamos mexer nela de imediato, porque estamos cientes de que não vamos conseguir”, comenta. Já os dormitórios, afetados pelo destelhamento, precisam de manutenção urgente. Segundo a instituição, PVC e madeira são alguns dos materiais necessários para a recuperação estrutural. Apesar dos danos, não houve feridos.
Para dar conta dos prejuízos, o Cerene está aceitando contribuições, em qualquer valor, para a conta 81112-2; agência 0095-7 (Banco do Brasil); CNPJ: 79.372.108/0001-65.
Estrago dentro de casa
O “ciclone bomba” também não poupou prejuízos em residências palhocenses. Através das redes sociais, uma leitora, que é mãe de um bebê, contou que as telhas da casa foram quase todas arrancadas pelo vento. “Alguns móveis e objetos foram danificados com a água que entrou”, completa. Até o início da tarde de quarta-feira (1), a Defesa Civil contabilizava 65 casas destelhadas pelo vendaval ou que apresentam danos decorrentes do tombamento de árvores.
A munícipe solicita, a quem puder, ajuda através de doações em qualquer valor. “Neste momento de vulnerabilidade, peço sua ajuda para que eu possa reconstruir o que foi destruído e estragado”, pede, nas redes sociais.
Seguem os dados para transferência bancária: agência 1552 (Bradesco); conta 0501214-7. A moradora ainda disponibiliza os números 99667-4422 e 99809-3879, e acrescenta que se compromete a buscar as doações recebidas.
Prejuízos no assentamento Mestre Moa
Famílias da ocupação Mestre Moa, no Caminho Novo, também estiveram expostos aos danos causados pelo ciclone extratropical. Uma das moradoras conta que árvores chegaram a cair nas residências. “Teve casa que foi atingida por árvore arrancada até a raiz, uma casa que sobrou só um quadradinho. Deus colocou sua mão em cima, pois era o lugar onde a mãe e seus quatro filhos estavam”, revela.
Segundo a popular, a situação se agrava, pois, como vivem em um assentamento, muitas vezes não recebem suporte e cuidados necessários do Poder Público. “Estamos aqui porque precisamos de uma moradia. Mas, e agora, onde fica o medo? Temos que deixar de lado e correr o risco de perder nossas vidas, porque não nos dão uma atenção digna”, relata.
Família em situação crítica
Deia mora de aluguel com o filho, que trata de uma deficiência mental, na região da Jaqueira. Ela conta que, com o destelhamento causado pelos ventos fortes, a água da chuva chegou a entrar dentro da casa, danificando utensílios básicos da cozinha. “Estou com geladeira e fogão emprestados, sem comida”, revela a munícipe. Segundo ela, a família também está precisando de cestas básicas.
Mesmo com os prejuízos financeiros, Deia agradece por estarem bem. “Foi horrível”, lembra. Ela conta que já conseguiu adquirir as telhas, mas pede contribuições para comprar alimentos e readquirir os aparelhos domésticos que estragaram. “Não tenho ajuda nenhuma”, lamenta.
Caso queira ajudar, a moradora orienta a entrar em contato pelo número 99845-4466 (Deia).
Caos na Guarda do Embaú
Desde abril, moradores da beira do Rio da Madre, na Guarda do Embaú, estão vendo as sucessivas ressacas afetaram o cotidiano local, colocando à prova a estrutura das residências que ficam às margens do rio. Já sem faixa de areia, os efeitos do ciclone extratropical apenas intensificaram a situação de vulnerabilidade dos populares, que pedem auxílio do Poder Público há quase três meses.
Um vídeo, enviado por uma leitora do Palhocense, mostra o momento em que toda a estrutura de um muro sede, na noite desta quarta-feira (1), assustando os populares em volta. De acordo com a presidente da Associação Comunitária da Guarda do Embaú, Telma Vieira Correia, a situação é preocupante e nova para a comunidade: “As casas estão na orla há mais de 60 anos, e nunca aconteceu algo assim”.
A realização de obras para minimizar os efeitos das ressacas havia sido autorizada no começo de junho, mas o projeto está parado em virtude de um ofício, publicado em 12 de junho, que afirma que o local é uma área de preservação permanente (APP), portanto, com ocupação ilegal.
Cadastro para auxílio
Nesta quinta (2) e sexta-feira (3), uma equipe da Assistência Social de Palhoça estará disponível, na sede da Defesa Civil, para atender e cadastrar pessoas que precisam de telhas brasilit, por conta dos estragos causados pelo “ciclone bomba”. Nos dois dias, o atendimento começa às 13h30 e segue até as 18h.
Para realizar o cadastramento, os munícipes deverão informar a quantidade de telhas que necessitam, bem como ter em mãos o comprovante de residência e CPF e nome completo de todos os moradores.
Nesta quarta-feira (1), a Prefeitura de Palhoça publicou o Decreto 2.607, que coloca o município em situação de emergência.
* Sob a supervisão de Luciano Smanioto
Quer participar do grupo do Palhocense no WhatsApp?
Clique no link de acesso!