Pelo segundo ano consecutivo, Palhoça sedia o Campeonato Brasileiro Mirim, competição para jogadores até 14 anos de idade organizada pela BGPrime. O futebol “da casa” está representado pelo Manchister, time criado pelo treinador João Batista Mancha, que faz um excelente trabalho de formação de atletas no município.
O campeonato começou no domingo (1) e termina neste domingo (8). Além do Manchister, participam da competição: Grêmio, Bahia, Novo Hamburgo, Londrina, Avaí e Joinville. “Tivemos algumas baixas na última semana. O Palmeiras (campeão no ano passado, vencendo o Atlético-PR na final) vinha defender o título, mas acabou não podendo vir, o Inter também não conseguiu, mas o evento continuou”, comenta Jean Gomes, organizador da competição.
Todos jogam contra todos, em jogos disputados nas sedes espalhadas pelo município, como os campos do Avante (Pachecos), do Enseadense (Enseada de Brito) e do Madri. Os dois melhores times fazem a final, que será disputada no Renato Silveira, o estádio do Guarani, no Centro de Palhoça - o Bugre Palhocense não está participando dessa competição porque não tem a categoria sub-14.
Participam da competição atletas nascidos em 2005 - cada clube pôde inscrever até seis jogadores nascidos em anos posteriores. “Assim, a gente eleva o nível, trazendo os meninos do último ano”, justifica Jean, que escolheu Palhoça para sediar essas competições (o município também recebeu, recentemente, a Copa Vitor Isaías) em função da relação de amizade com Anderson Giovani de Paulo Melo, o Buiu, outra peça fundamental na organização do campeonato.
Além da possibilidade de revelar futuros craques, o Brasileiro é uma oportunidade de conhecer a movimentação de bastidores das categorias de base brasileiras, sempre observadas de perto por olheiros de diversos clubes nacionais e internacionais. Olheiros de Ponte Preta, Red Bull e Atlético-MG, por exemplo, acompanharam os jogos de terça-feira (3), no Avante. Representantes de clubes de ponta na Inglaterra, como Manchester United, Manchester City e Chelsea, também têm demonstrado interesse em nossos jovens craques.
As competições da base também costumam reunir ex-jogadores importantes do futebol brasileiro. Esta semana, Palhoça recebeu, por exemplo, o meia Ricardinho, hoje comentarista do SporTV, campeão do mundo com a Seleção Brasileira em 2002 e que tem um filho jogando pelo Londrina; e Carlos Miguel, meia campeão da Libertadores com o Grêmio, em 1995, e que hoje trabalha com as categorias de base do Tricolor. O próprio Jean Gomes é um ex-centroavante do Inter de Lages.
Os craques do passado, agora, avaliam as promessas do futuro. Promessas como o meia Bruninho, camisa 10 do Grêmio (que lidera a competição, com oito pontos; dois à frente de Avaí e Londrina). Franzino, pequeno (o clube já está fazendo um trabalho de fortalecimento, semelhante ao feito com o argentino Lionel Messi, melhor jogador do mundo na atualidade), mas muito habilidoso, Bruninho vem encantando o público palhocense. “Ele vai pra dentro, não tá nem aí”, comenta Buiu.
Manchister
Para o Manchister, o convite para disputar a competição vem coroar uma temporada recheada de boas notícias, como a inédita participação no Campeonato Estadual Aberto, na categoria sub-15, que por pouco não terminou em título. “Quando a gente recebeu este convite para jogar, a gente tinha acabado de voltar de um Estadual sub-15 e parte desses atletas que estão jogando no sub-14 hoje faziam parte daquele elenco, como primeiro ano, já pra ganhar experiência. A gente teve que montar o time de última hora, mas eu queria dar oportunidade a esses atletas que já fizeram essa competição do Estadual Aberto, para mostrar o potencial que tinham e mostrar nosso projeto, independente de resultados”, conta João Batista Mancha. “A gente não veio com a intenção de brigar com os grandes e chegar nas cabeças, mas para mostrar o trabalho do Manchister como formação de atletas. Inclusive, jogamos contra ex-atletas do Manchister que hoje estão nos clubes que enfrentamos”, celebra o treinador.
Mancha iniciou o trabalho de formação de atletas em 2008 - antes, trabalhava apenas com escolinha. De lá para cá, começou a focar no alto rendimento e a disputar competições. Um trabalho elogiado, e os resultados justificam os elogios. Logo na estreia no Estadual Aberto, só não faturou o título por causa de um gol mal anulado na final diante do Nação, de Joinville. “Foi uma experiência muito produtiva”, reflete o treinador. Tão produtiva que o artilheiro daquela competição, o atacante Dodô, formado pelo Manchister, foi incorporado às categorias de base do Internacional depois do Estadual. “Temos colhido bastante frutos. Se fizer um levantamento, tem bastante atletas que passaram por nós que hoje estão colocados em clubes grandes e alguns até já pegaram Seleção Brasileira em categorias de base”, comemora Mancha.