Por: Sofia Mayer*
Após denúncias de que a Jotur estaria burlando regras sanitárias para entrar Florianópolis, as linhas da empresa ficarão proibidas de circular na Capital por tempo indeterminado. A medida começa a valer nesta sexta-feira (26), e, segundo a Secretaria de Mobilidade e Planejamento Urbano do município, só será revogada quando for apresentado um planejamento que comprove a capacidade da frota de atender à demanda de usuários conforme o protocolos exigidos pela Capital. A Jotur afirma que ações para adequação já estão sendo tomadas.
A reação aconteceu depois que um vídeo, onde um funcionário da empresa orienta usuários a burlar as regras sanitárias, viralizou nas redes sociais. O homem pedia que as pessoas sentadas nos bancos dos corredores se levantassem ao passar pela entrada da Ilha de Santa Catarina, onde a Guarda Municipal de Florianópolis (GMF) costuma realizar operações de fiscalização. “A partir do momento em que a gente passar a ponte, pode retornar para o banco, sentar normal”, afirmou o colaborador.
O decreto municipal de Florianópolis com regras para o funcionamento do transporte coletivo prevê que apenas os assentos das janelas sejam ocupados; para garantir o distanciamento social, outras pessoas no coletivo devem permanecer em pé. A orientação, ainda, é a de que a frota trabalhe com apenas 40% da capacidade total de cada veículo. Já nas linhas municipais, que transitam apenas em território palhocense, a lotação máxima é de 50%.
Em outro trecho do vídeo, o colaborador da Jotur ressalta que a empresa cumpre o decreto apenas para atravessar o local. “Hoje de manhã estávamos com 45 passageiros, sendo (que) o limite do carro são 50. Como tinham pessoas sentadas uma ao lado da outra, eles (a fiscalização) mandaram levantar e descer”, afirma, ainda, o funcionário.
Posição da Jotur
Em nota divulgada na manhã desta quinta-feira (25), a Jotur lamentou o ocorrido e afirmou que os serviços seguem em fase de ajustes, visto que há divergências entre as determinações das duas cidades. “Um dos funcionários da empresa recomenda a organização interna dos passageiros para se adequar ao decreto municipal de Florianópolis – que difere do estadual, onde não há impedimento na ocupação lado a lado dos assentos”, traz a nota.
A empresa informou que a ocupação do ônibus em questão era inferior a 40%, contemplando os decretos dos dois municípios, e que a ponte à qual o funcionário se referia era a do rio Araújo, próximo ao limite entre São José e Florianópolis.
Em relação à proibição da Prefeitura de Florianópolis, a empresa afirmou que está tomando as medidas cabíveis para reverter à situação. “A Jotur tem se esforçado no limite do possível no cumprimento das medidas sanitárias de segurança e segue à risca o que é determinado, enfrentando as dificuldades de administrar três decretos diferentes em sua área de atuação, editados pelo governo do estado, Prefeitura de Palhoça e Prefeitura de Florianópolis”.
Começo conturbado
Ainda na segunda-feira (22), quando as linhas da Jotur voltaram a poder transportar passageiros até Florianópolis, um caso de descumprimento em relação às regras de distribuição de passageiros já havia sido verificado pela equipe da GMF. De acordo com a empresa, na ocasião, o número de pessoas dentro do coletivo correspondia à porcentagem permitida de 40% da lotação total.
Denúncias dentro do município
Desde que o transporte municipal voltou a operar em Palhoça, no dia 11 de junho, leitores também têm questionado se o cumprimento das ordens sanitárias está sendo seguido à risca em todo o território palhocense. Usuários do transporte coletivo comentam, por exemplo, que situações de aglomeração e violação do Decreto Municipal 2.596/2020, que determina que apenas 50% da capacidade total dos veículos seja ocupada, são comuns nos bairros. Outra queixa dos populares é sobre uma possível falta de fiscalização da Prefeitura.
Uma passageira, que utiliza, de segunda a sexta-feira, a linha que vai da Pinheira até o Centro de Palhoça, por exemplo, conta que existe uma sensação de desleixo durante as viagens: “Vejo que os funcionários da Jotur, e até mesmo a empresa, não se importam se os ônibus estão cheios ou não, se as pessoas estão respeitando. Não há uma fiscalização”. A munícipe conta que sobe no veículo sempre no primeiro horário, às 7h, e admite que costuma ver o coletivo, que é articulado, cheio. Apesar disso, ela afirma que todos usam máscaras e que álcool em gel é disponibilizado na entrada. “Porém, não vejo muitas pessoas passando”, relata.
Imagens divulgadas por populares mostram outras linhas interbairros lotadas. Na Pedra Branca, um dos pontos que concentram reclamações, uma usuária revela um sentimento de impotência em relação ao cumprimento das determinações municipais: “Não adianta falar, que o pessoal entra mesmo estando lotado”. Ela explica que a situação é pior no último horário, quando funcionários de um call center da região terminam o expediente e precisam utilizar o coletivo: “Ou a gente se sujeita a isso, ou dormimos na empresa”.
A Jotur assegura, porém, que todos os veículos estão transitando com ocupação de número de passageiros inferior ao que é determinado, sempre abaixo dos 40%. A Prefeitura comunicou que segue realizando ações de fiscalização nos veículos.
* Sob a supervisão de Luciano Smanioto
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