Por: Dirce Heiderscheidt*
Em apenas dois anos, o número de pessoas em situação de insegurança alimentar grave no Brasil saltou de 10,3 milhões para 19,1 milhões. Nesse período, quase 9 milhões de brasileiros e brasileiras passaram a ter a experiência da fome em seu dia a dia. É o que aponta o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, desenvolvido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar.
Esses números alarmantes e tristes são reflexos dos efeitos do desemprego e da crise econômica gerados pela pandemia, assim como o aumento da inflação e a subida dos preços dos combustíveis, o que reflete diretamente no bolso e na vida das pessoas. Aqui em Santa Catarina, 120 mil famílias vivem com uma renda de até R$ 89 por mês, o que significa uma situação de extrema pobreza.
Em agosto deste ano, a frase “não sei explicar a fome” ganhou repercussão estadual. Ela veio de um moradora do Frei Damião, em Palhoça. Adriana Santos é catadora de materiais recicláveis e ganhava R$ 500 mensais; com a pandemia e o desemprego, ela e a família vivem com o salário do marido, de R$ 350.
Os auxílios emergenciais pagos pelos governos federal e estadual permitiram que essa realidade não se agravasse ainda mais. Porém, é preciso que essas políticas se transformem em ações permanentes, atuando diretamente na oferta de emprego e renda e na criação de oportunidades para que essas pessoas voltem a ter autonomia financeira, e consequentemente, o alimento na mesa.
Quando falta comida na mesa, faltam também condições básicas de educação, falta saúde, falta futuro. A insegurança alimentar é uma das mais tristes consequências da pandemia e precisamos atuar todos juntos para vencer esse fantasma, que impede o nosso pleno desenvolvimento enquanto cidadãos e como sociedade.
* Deputada estadual pelo MDB
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