Na última quinta-feira (4), o Observatório Social do Brasil-Palhoça (OSB-PH) lançou oficialmente o Projeto “De Olho Na Obra”, que tem como objetivo propor uma nova forma de fiscalizar as obras públicas. Com a parceria de diversas empresas e instituições, os voluntários vão utilizar um equipamento com tecnologia de laser escâner e a metodologia BIM para fazer um verdadeiro “raio-X” da obra pública que estiver sendo analisada. Assim, o Observatório tem melhores condições de ponderar se a obra foi executada de acordo com as especificações propostas na licitação e os padrões vigentes na legislação brasileira.
Dentro do projeto-piloto, iniciado no dia 4, uma equipe de voluntários visitou o Centro de Educação Infantil (CEI) Roda Viva, no bairro São Sebastião, para fazer a escanerização da estrutura. Quem comandou o processo foi o especialista Adriano Scheuer, da empresa Faro Technologies, parceira no projeto. Adriano explica que o equipamento faz um levantamento através de uma nuvem de pontos colorida. Um laser é emitido, coletando um milhão de pontos por segundo, e após esse levantamento das medições, ele captura imagens em 360 graus com uma câmera digital integrada no mesmo eixo do laser. Os resultados gerados com a escanerização podem ser levados para um software, onde é possível fazer vários tipos de análise. “Esse software vai ajudar a economizar tempo e dinheiro, porque ele vai garantir a qualidade e que o projeto vai estar de acordo com o executado”, explica Adriano. Um exemplo prático: o degrau de uma escada é escanerizado, e no software, é possível medir suas dimensões e identificar se está dentro do padrão programado ou não.
A segunda etapa do projeto contará com o apoio do estudante de Engenharia da UFSC Vitor Bez Gouveia, que irá desenvolver seu trabalho de conclusão de curso (TCC) nessa área, orientado pela professora Leticia Matana e com a modelagem da nuvem feita pela engenheira Kesia Alves e os arquitetos Diego Both, Jaqueline Milan e Felipe Figueredo. O objetivo final do projeto é mostrar o beneficio da metodologia BIM (Building Information Modeling, ou Modelagem de Informação da Construção, em uma tradução livre: processo que envolve a criação de um modelo digital, integrando todas as etapas e abrangendo todo o ciclo de uma edificação) para melhorar a qualidade dos projetos e obras, gerando mais economia e evitando desperdícios para os cofres públicos.
A partir desse projeto-piloto, a metodologia será disponibilizada então para todos os demais observatórios sociais do Brasil, para fazerem suas respectivas fiscalizações locais. “A gente tem um projeto bastante ousado, de ser o primeiro observatório do Brasil a utilizar a metodologia BIM para a fiscalização de obras públicas”, informa Kesia. Para o presidente do Observatório Social do Brasil, Ney da Nóbrega Ribas, um projeto inovador como esse é muito bem-vindo. “Precisamos fazer análise, conhecer essa ferramenta, submeter um projeto-piloto e implementar dentro de uma metodologia padronizada, para que ela possa ser replicada em outras cidades. Então, eu fiquei muito feliz de ter essa notícia, de saber que existe uma tecnologia e que nós podemos fazer uso disso”, reflete o dirigente. Ney parabenizou a iniciativa palhocense: “Parabéns e agora vocês do Observatório Social do Brasil em Palhoça têm uma responsabilidade muito grande, porque têm o compromisso de se tornar uma referência com esse projeto, especialmente com as condições que Palhoça tem enfrentado nos últimos anos em relação à correta aplicação dos recursos públicos”.