Texto: Isonyane Iris
“Saudade de quando tínhamos árvores que nos davam sombras, bancos para nos sentarmos; hoje está tudo jogado e abandonado, até o meio fio que tinha eles quebraram e não voltaram mais para arrumar”, lamenta Deuclécio Manoel Pereira, debruçado sobre o muro da sua casa, bem em frente à Praça Inácio Paulo Dalri, na Enseada de Brito. A obra de reforma, segundo ele, está há mais de dois meses parada.
Indignados, os moradores da Enseada de Brito dizem não aguentar mais o estado de abandono em que o local se encontra. Situada na rua Nossa Senhora do Rosário, a poucos metros da praia, a praça está coberta por mato e pedaços de concreto espalhados. Os moradores se sentem desesperançosos e desanimados. “Tudo jogado, abandonado, quebraram tudo e nunca mais voltaram. Moro aqui há mais de 20 anos e já faz mais de cinco anos que estamos vivendo uma ilusão. Anunciaram em 2013, prometeram e até hoje nada foi feito a não ser quebrar o pouco que tínhamos”, lamenta a moradora Maria do Rosário.
Os moradores relembram que, em 2016, o prefeito Camilo Martins (PSD) se manifestou nas redes sociais informando que iria finalmente iniciar a obra da praça. “Eles só prometem quando é do interesse deles, ou seja, nas eleições; fora isso, a gente que espere. Me sinto uma palhaça por ter acreditado, pelo jeito só vão finalizar quando estivermos novamente no ano eleitoral para prefeito”, lamenta Fernanda Silveira.
A comunidade reclama ainda do estado em que o local se encontra, principalmente porque as crianças da região frequentam o terreno. “Elas não têm outra opção para brincar por aqui, mas confesso que fico com medo toda vez que meu filho de oito anos vem aqui. Tem ferros, pedras, concreto jogado, um verdadeiro perigo”, teme uma mãe, que preferiu não se identificar.
Moradores relataram que alguns operários estiveram no local iniciando uma limpeza, mas depois não retornaram mais. Isso já faz mais de dois meses. “A praça é uma vergonha, tem ferros de ponta, um perigo para machucar crianças. Para pegar ônibus, é um trabalho, tem gente até colocando bicho para tratar ali. Fizeram um quadrado, foram lá e desmancharam. Camilo disse que em 90 dias estaria pronta e até agora nada. Começaram e pararam”, reclama Davide Roberto Silveira, morador da região há mais de 25 anos.
A Secretaria de Infraestrutura esclarece que a empresa contratada para a reforma paralisou a obra, pedindo readequação do contrato, o que não foi acatado pelos fiscais. A empresa recusou-se a retomar a obra, e diante disso, o município abriu processo administrativo e notificou novamente a empresa para a retomada imediata dos serviços. O não cumprimento acarretará em rescisão do contrato e chamada da empresa que obteve a segunda colocação no processo licitatório.