A pavimentação do Morro do Gato está trazendo transtornos à população local. Todos comemoram a obra, mas pedem celeridade à Prefeitura na conclusão dos trabalhos, principalmente para que os ônibus possam voltar a circular pelos pontos costumeiros. A maior preocupação é com as crianças.
A Secretaria de Infraestrutura informa que, no início da obra, o acesso à localidade foi mantido aberto ao meio-dia, porém, estava gerando muito retrabalho, as equipes precisavam refazer o serviço a cada retorno no início da tarde. “Dessa forma, o fechamento foi inevitável para fazer a pavimentação, principalmente no trecho da descida, onde é necessário, inclusive, o travamento do pavimento”, explica a secretaria, em nota.
O fechamento acontece entre 8h e 17h, para que seja possível executar o pavimento. “Nesse período, pedimos a compreensão de todos, uma vez que sem esse transtorno temporário não será possível concluir os serviços”, informa a Prefeitura.
O problema é que, com o fechamento ao meio-dia, as crianças precisam subir e descer o Morro do Gato e o Morro do Cipó a pé, sozinhas, no trajeto até a escola, pois o ônibus não pode mais subir pra levar as crianças morro acima. “É um absurdo, pois são crianças que acordam por volta das 6h da manhã pra ir à escola, pois o ônibus de manhã passa às 7h, tem que esperar na frente da escola mais de 30 minutos até poder entrar dentro da escola, depois passam quatro horas estudando, daí têm que esperar por mais 30 minutos pra pegar o ônibus pra vir pra casa e no meio do caminho são informadas de que têm que descer na esquina do ‘bar do Marcelo’, que é onde fica o ponto de ônibus, e ali começa a tortura das crianças, andam muito até chegarem em suas casas, enquanto os ‘trabalhadores’ ficam à sombra tirando sarro dos poucos pais que possam estar indo buscar seus filhos”, lamenta uma moradora. “Sem falar dos moradores que têm que trabalhar e precisam do ônibus no horário do meio-dia”, acrescenta.
Outra moradora teve sorte: como ela sai para trabalhar antes das 7h e retorna à noite, não é afetada pelo bloqueio, mas suas filhas vão à escola em períodos opostos, uma pela manhã a outra à tarde. “O ônibus não está subindo o moro no ponto final do Morro do Cipó, aí, minha filha, de 11 anos, tem que subir a pé, sozinha, correndo risco de acontecer algo com ela, pois não tenho como buscá-la e não tem quem faça isso pra mim, pois tenho a outra de oito anos que já preciso que alguém leve para a escola”, descreve. A moradora diz que antes da obra a situação era tranquila, menos em dias de muita chuva, quando os ônibus também não conseguiam subir o morro, por causa da lama. Pelo menos a lama não haverá mais, quando a obra for concluída. Apesar de que os moradores afirmam que a estrada será pavimentada “pela metade”. “Pra nós, aqui de cima, essa obra não vai valer muito a pena, porque é só meio morro que vão fazer calçamento”, diz a moradora.
Outra moradora da região relata que o bloqueio é “parcial” e que os trabalhadores da obra “deixam passar só quem eles querem e quando querem”. “Esses dias atrás houve até briga entre o pessoal da obra e os que queriam passar, até polícia teve que vir”, detalha. “Então, está sendo bem complicado, porque nossos filhos têm que andar uma distância enorme na subida, no sol quente. E a gente que trabalha também não pode vir almoçar em casa porque a rua está fechada. Resumindo: está bem complicado”, argumenta.
A Prefeitura não informou uma previsão para o final da obra. Até lá, alguma medida alternativa será tomada? O mínimo a fazer é ouvir os moradores, quem sabe seja possível encontrar um meio-termo!