Por: Jaime Lopes Babosa Filho*
Esse era o lema de uma campanha levada a efeito no final de década de 40 por um grupo de nacionalistas, entre eles o escritor Monteiro Lobato e o coronel Leônidas Cardoso (pai do ex-presidente FHC), e que culminaria na criação da Petrobras, em 1953.
Orgulho nacional, ela se valeu de sua condição de monopólio constitucional para se tornar a maior empresa do Brasil e uma das maiores do mundo.
O momento, porém, exige uma análise da questão sobre dois ângulos interligados: o modal de transportes no Brasil e o papel da Petrobras na sociedade.
Quanto à forma de transportar nossos produtos, a partir dessa espantosa greve, temos que pensar seriamente em alternativas que saiam de uma vez por todas do campo da retórica.
A opção pelo modal ferroviário é uma realidade no mundo todo, menos no Brasil.
Enquanto a dependência por caminhões encarecem os produtos, o tamanho do transporte por ferrovias no país é o mesmo de cem anos atrás.
Segundo a Confederação Nacional dos Transportes, nossa malha ferroviária, em 1922, era então de 29 mil quilômetros, contra os 30.576 de hoje, menos até do que o da Argentina. Os “hermanos” contam com 37 mil quilômetros de trilhos em um território que é um terço do brasileiro.
Em determinados períodos, não faltou dinheiro para investimentos, e sim, gestão e vontade política. É uma situação visivelmente insustentável no longo prazo.
Quanto à Petrobras, ela precisa urgentemente sentar no divã do psicólogo, para encontrar sua identidade e assim poder dar sua parcela de contribuição neste grave momento que o país atravessa.
Trata-se de uma empresa de economia mista, com ações na bolsa, e, portanto, com a missão de dar lucro, mas por outro lado é uma empresa pública com controle estatal e que tem o dever de cumprir uma missão social.
A grande questão é se a política que ela insiste em manter é adequada ao Brasil, tão dependente do transporte rodoviário. E mais, se esta política se sustenta em um mercado monopolista onde ela é praticamente dona do mercado.
Talvez a resposta esteja em um conjunto de ações, em que são visíveis a olho nu, duas delas: 1) evitar ao máximo o uso politico da empresa, lembrando que a presidente Dilma usou a Petrobras para fazer politica econômica, segurar os preços e quase quebrou a petroleira, enquanto o presidente Temer usou-a para rachar de ganhar dinheiro e desestruturou o setor de transporte com efeitos ainda imprevisíveis; 2) absorver as oscilações diárias de preços e câmbio,, estabelecendo reajustes em períodos que sejam compatíveis com as características dos consumidores brasileiros e que possibilite a todos os atores um mínimo de planejamento.
Quanto ao presidente demissionário, Pedro Parente, considerado um gênio da administração moderna por boa parte do empresariado brasileiro, cumpriu em parte sua missão. Se por um lado sobrou competência, por outro, faltou sensibilidade.
* Economista e advogado em Palhoça