Por: Vinicius Lummertz*
Foz do Iguaçu, no Paraná, é um modelo turístico não só para o Brasil, mas também para cidades e regiões que têm uma configuração geográfica com aquela, que é uma das sete maravilhas do mundo. Bem diferente da exuberante Foz do Rio Itajaí, que também se transformou em um exemplo de como fazer turismo litorâneo de alta qualidade. Assim como em Foz do Iguaçu, o que desponta nesse modelo catarinense é a ativa participação da comunidade e da iniciativa privada na construção de um projeto de turismo junto com o poder público.
Isso não é recente. Esse espírito vem desde o início dos anos 1990 com diversos empreendedores e um ícone entre eles é, sem dúvida, Sérgio Murad, o saudoso Beto Carrero, que de uma roda gigante construiu, em Penha, um dos 10 melhores parques temáticos do planeta. Esse “espírito” de Beto Carrero contaminou toda a região da Foz do Itajaí e houve a percepção de que a consolidação de dois portos, de um aeroporto internacional e da duplicação da BR-101 dariam as condições para transformar o turismo numa grande alavanca de desenvolvimento.
Se faltava à região um Centro de Convenções à altura, em poucos meses não faltará mais, com a abertura em Balneário Camboriú. O segredo da Foz do Itajaí foi a integração dos planos turísticos locais que ganharam caráter regional, bem como sua internacionalização. Há alguns anos, quando Sharon Stone apareceu em outdoors de uma construtora de Balneário Camboriú, o Brasil se admirou e até se falou em megalomania. Hoje, as mídias estrangeiras e nacionais não se surpreendem quando o estúdio de design italiano Pininfarina, o mesmo que desenha para marcas com Ferrari e Rolls-Royce, assina o projeto do Yachthouse, o maior residencial da América Latina.
Aliás, a arquitetura de Balneário Camboriú é a única que é icônica no Sul do Brasil - e retrata uma face de Santa Catarina que se expressa sem timidez, com coragem e grandiosidade. Grandiosidade também é a palavra certa para definir a realização, em Itajaí, de uma das principais etapas da Volvo Race, a maior regata de volta ao mundo. E grandiosa também é a obra do empresário Júlio Tedesco, que, depois do Parque Unipraias, do Teleférico, Marina para 600 barcos, fez o Atracadouro Barra Sul, por onde passaram 19 escalas de navios de cruzeiro na temporada 2017-18, deixando R$ 45 milhões na economia de Santa Catarina.
Imaginem quanto tempo levaria para Balneário Camboriú fazer o projeto de “engordamento” da Praia Central se dependesse apenas dos recursos da Prefeitura! Pois o “espírito” daquela região fez com que os empresários criassem o Instituto + BC, que investiu na elaboração do projeto e permitiu que a cidade se habilite agora a obter financiamento para a obra. Este é o exemplo da “nossa Foz”, uma lição da qual as demais regiões catarinenses podem beber, desde que adaptada às suas vocações e riquezas.
* Ministro do Turismo