Pelo quarto mês consecutivo, Palhoça apresenta índices positivos no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), compilado pela Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia. O relatório do mês de setembro, divulgado na última semana, aponta que o município registrou mais admissões do que demissões, mesmo diante do cenário recessivo enfrentado pelo mundo todo em função da pandemia de Covid-19. Ou seja, há quatro meses o município vem criando empregos formais, indicando uma expansão na economia palhocense.
O saldo (relação entre contratações e desligamentos) positivo de 731 admissões é o maior desde janeiro, quando o município apresentou saldo de 1.186 contratações. O comparativo só foi negativo entre março e maio, em razão da pandemia. Em maio, mesmo, o ritmo de contratações já voltou a crescer, e a partir de junho, a balança voltou a ser favorável.
Em setembro, as empresas instaladas no município contrataram 2.231 trabalhadores, e 1,5 mil foram demitidos, gerando o saldo favorável. O setor de serviços, um dos mais afetados pela pandemia, foi o que registrou maior alta no número de contratações (924) e também no comparativo (361 admissões a mais, em relação às demissões). Depois, vem o comércio, com 618 novas admissões e saldo de 164; e a indústria, com 454 contratações e saldo de 208.
O perfil com maior número de contratações é o de profissionais com Ensino Médio completo e jovens de 18 a 24 anos.
Iniciativas locais
Uma das iniciativas que ajudam a explicar o bom desempenho do município na geração de empregos é a criação do programa Palhoça Mais Oportunidades, um guarda-chuva de ações que envolvem identificação de vagas e qualificação de empresários e profissionais, fomentado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Palhoça e pelo Instituto de Apoio à Inovação, Incubação e Tecnologia (Inaitec). “A gente vem nesta busca de tentar melhorar este índice do Caged. O programa é bem legal, vem bem ao encontro desses números positivos e pode ser um dos motivos que gerou esses resultados”, avalia Diego Chierighini, diretor executivo do Inaitec. “O principal objetivo é capacitar empreendedores e gerar oportunidades, tanto na qualificação de mão de obra quanto na possibilidade de geração de empregos no munícipio”, acrescenta.
Uma das ações do programa foi a criação da plataforma online Emprega Palhoça (empregapalhoca.com.br), que aproxima pessoas e empresas, reunindo oferta de vagas e profissionais em busca de colocação no mercado: quem necessita de emprego pode buscar vagas (focadas na população de Palhoça), ao mesmo tempo em que os empresários também podem disponibilizar suas vagas no site. “É uma via de mão dupla, tanto serve para o empresário quanto para o cidadão”, explica Diego. “O foco é achar pessoas que moram em Palhoça para ocupar essas vagas”, destaca.
O Emprega Palhoça é gerido pelo Inaitec e conta com o apoio da Prefeitura de Palhoça e da Kombo.
O Palhoça Mais Oportunidades também tem a missão de identificar as lacunas que distanciam candidatos das vagas oferecidas. Quando um candidato acaba não sendo considerado apto para determinada vaga, o programa oferece uma opção de qualificação, através do Qualifica Palhoça. A ideia é que este candidato consiga vir a se qualificar e assim estar credenciado para conquistar vagas de trabalho que sejam ofertadas no futuro.
Outra iniciativa importante dentro desse guarda-chuva é o programa Salto, voltado ao Microempreendedor Individual (MEI). Através de capacitações gratuitas em diversas áreas do mundo dos negócios, o projeto oferece ferramentas para que o MEI consiga sobreviver e crescer no mercado – e com o crescimento, empregar mais pessoas, aumentar o faturamento e até deixar de ser MEI futuramente, virando um empreendedor mais robusto e girando ainda mais a roda da economia.
O programa é operado pela Impact Hub, uma rede global de apoio a empreendedores, e é fruto da adesão da administração municipal ao programa Cidade Empreendedora, do Sebrae/SC. Durante 10 semanas, em encontros online (em função da pandemia), os microempreendedores individuais receberam mentoria de profissionais e facilitadores, e participaram de oficinas e laboratórios de prática. O programa visa ao crescimento da atuação do MEI em médio prazo, proporcionando aumento de clientes, incremento de renda, geração de novos empregos e aquecimento da economia.
Na primeira edição, em 2017, o Salto desenvolveu 26 MEIs em Palhoça (o município foi pioneiro no Brasil; a metodologia do programa foi construída em conjunto por profissionais da Prefeitura de Palhoça, do Impact Hub e do Sebrae). Em 2020, o programa foi lançado durante um webinar online. Foram mais de 200 visualizações no webinar de lançamento, o que gerou 96 inscrições de potenciais MEIs para o programa. Dos 96 inscritos, 60 MEIs iniciaram, de fato, o curso e 26 alunos foram certificados ao final do Salto, depois de passar por todo o processo de capacitação, que envolveu o trabalho de 29 mentores.
As aulas iniciaram em 31 de agosto e finalizaram na última terça-feira (3), com o Demoday Online, com apresentação dos resultados do programa, apresentação dos pitchs (onde, basicamente, o empreendedor precisa dizer, em poucas palavras, o que é o seu projeto, em qual mercado vai atuar, qual solução oferece e o que está buscando no momento), premiação e a celebração final. “Fiz a inscrição no Programa Salto e jamais imaginei que seria um passo tão transformador. Começou no primeiro dia do programa, pois entendi a necessidade de acreditar em mim e executar o projeto, me tornei MEI, passei a me ver como empreendedora; a cada etapa do processo, um aprendizado extraordinário. Finalmente, no Demoday, estava na torcida para estar entre os dez representantes da turma, foi uma enorme surpresa ficar com o primeiro lugar, muito emocionante, só tenho que agradecer por toda experiência vivida, foi incrível”, reflete a aluna de melhor desempenho no programa, a microempresária Francisca Silva Lima Varela.
A secretária de Desenvolvimento Econômico, Anna Paula Heiderscheidt, lembra que o apoio do prefeito Camilo Martins é fundamental para garantir segurança jurídica e incentivar a criatividade empreendedora, com a implantação de tecnologias que transformam Palhoça em uma Cidade Inteligente. “Para atrair negócios inovadores, desenvolvemos diversos programas de atração com incentivos fiscais sem discricionariedade e legislação moderna, que funcionam como uma espécie de incubadora, estimulando o desenvolvimento das empresas nas primeiras etapas de suas vidas e, consequentemente, gerando empregos”, explica Anna Paula.
Após as eleições, entrará em cena outro braço do programa, o Minha Empresa Ativa (MEA), focado em empresários, que terão à disposição uma série de cursos gratuitos voltados para o mundo dos negócios. “Pensamos nessas ações justamente para a gente conseguir passar por essa pandemia da melhor forma possível. Lógico que algumas empresas vão sofrer, mas que a gente consiga estruturá-las e fazer com que o impacto seja o menor possível”, projeta Diego.
Entidades comemoram
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Palhoça também comemora os números apresentados pelo Caged. “Pode-se dizer que, pouco a pouco, a economia palhocense está voltando ao restabelecimento dos empregos a níveis pré-pandemia - o que é muito bom para todos. Não é ainda um cenário consistente e plenamente satisfatório como gostariam os empresários do comércio palhocense. Mas, o que importa é a tendência. Se continuarmos com essa trajetória crescente dos últimos meses, atingir a plena recuperação é só questão de tempo”, avalia o presidente da CDL de Palhoça, Almir Anísio Rosa. “O respeito aos protocolos de segurança pelos nossos comerciantes tem sido decisivo para manter o curso da pandemia em níveis aceitáveis, sem que se tenha que voltar ao terrível lockdown”, complementa Almir.
Para o presidente da Associação Empresarial de Palhoça (Acip), Ivan Cadore, o resultado do Caged demonstra mais uma vez o dinamismo do município em relação à atividade econômica, que vem mostrando o impulso da retomada. Cadore observa, no entanto, que a cidade pode ainda gerar bem mais empregos, caso seja sempre amistosa ao empreendedorismo. “De acordo com os números do Caged, Palhoça teve apenas três meses de retração na geração de empregos, mantendo uma crescente de junho a setembro e com números cada vez melhores. É um resultado que motiva entidades como a Acip, que tem sua atuação voltada exatamente para esta linha, de fomentar novos negócios, atrair investidores e assim criar um ambiente favorável em todos os sentidos. Palhoça está de parabéns pelo resultado e vamos continuar trabalhando para que esta curva fique sempre apontada para cima”, assinala o dirigente.
A situação no estado e no país
Pelo segundo mês seguido, o país criou empregos formais. No mês de setembro, o emprego formal no Brasil apresentou expansão, registrando saldo de 313.564 postos de trabalho. O número é resultado de 1.379.509 admissões.
Segundo o Ministério da Economia, é o melhor resultado para setembro desde que foi criado o Caged, em 1992. “Uma excelente notícia, confirmando a volta da economia brasileira em ‘V’. É o maior ritmo de criação de empregos já registrado em qualquer setembro. Foram todos os setores e regiões criando novos empregos, o que configura o fenômeno da volta em ‘V’ da economia brasileira”, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes. A recuperação em “V” ocorre quando a retomada é tão rápida quanto a queda.
Em Santa Catarina, o cenário também é positivo, com saldo de 24.827 contratações em setembro, maior índice desde janeiro.
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