Por: Vinicius Lummertz*
No dia em que estava escrevendo este artigo sobre o novo movimento promovido por órgãos e entidades turísticas do país e que tem como mote “Turismo: Nosso trabalho gera empregos”, recebi a notícia de que serão pelo menos 28 paradas de navios de cruzeiro na próxima temporada em Balneário Camboriú (foto). Na frieza dos números, cerca de 120 mil passageiros e tripulantes, projeção de 88 mil pessoas desembarcando e de R$ 40 milhões de movimentação econômica na região da foz do Itajaí. Melhor ainda: as operadoras passam a fazer “dobradinha” com Porto Belo, que terá 18 escalas. Longe da frieza dos números, o que isso significa? Milhares de empregos, salários e maior arrecadação de impostos para aplicação em setores básicos como educação, saúde e segurança.
Não pode haver “case” melhor do que esse para ilustrar o que quero dizer a você sobre o setor que tem que ser guindado ao centro político e econômico do país. O turismo pode gerar 2 milhões de empregos nos próximos quatro anos, mais do que o de energia eólica (200 mil até 2020), de comunicações (300 mil até 2022) e de óleo e gás (500 mil até 2020). É um mercado que representa US$ 8,3 trilhões no mundo e 7,9% do PIB do Brasil. Mesmo com os avanços da tecnologia, o turismo não para de gerar empregos e é responsável por um em cada cinco postos de trabalho criados no planeta.
Mas, infelizmente, os números do mercado turístico no nosso país ainda precisam melhorar muito. Veja: nós brasileiros deixamos US$ 19 bilhões no exterior em 2017, mas os estrangeiros só gastaram aqui US$ 5,8 bilhões, um déficit de 13,2 bilhões na balança comercial. Isso parece inexplicável para um país que foi eleito o número 1 do mundo em atrativos naturais. Mas há explicação, sim: quando o quesito é priorização do turismo, somos o número 106 de 130 países analisados. Somado a isso, oferecemos aos empresários os piores ambientes de negócios do planeta.
Quando se trata de investimentos privados no setor, ficamos muito longe de nações como os Estados Unidos (US$ 176,35 bilhões) e China (US$ 154,67 bilhões), com apenas US$ 19,66 bilhões. Os investimentos públicos também deixam a desejar. Por exemplo: os Estados Unidos investem US$ 127,7 bilhões, enquanto nós, apenas US$ 8,84 bilhões.
O mundo inteiro já sentiu a importância do turismo. Não faz sentido o Brasil, campeão mundial de belezas naturais, não ter o turismo como uma das suas prioridades. Estamos falando em dobrar o número de visitantes estrangeiros para 12 milhões e inserir mais de 40 milhões de brasileiros no mercado de viagens. Chega de pensar no turismo como vagão. O turismo é locomotiva, não é consequência, mas sim uma das causas do desenvolvimento econômico. A sociedade precisa estar atenta, cobrando dos candidatos e dos próximos governantes.
* Ministro do Turismo