A aldeia guarani Yakã Porã, na Terra Indígena Morro dos Cavalos, recebeu mais diversas oficinas de meliponicultura. As formações têm como objetivo promover a criação de abelhas nativas sem ferrão e dão continuidade às etapas realizadas entre outubro de 2023 e junho de 2024, quando foram instaladas nove caixas de criação na comunidade. Agora, com a chegada da primavera, estação iniciada no domingo (22), a retirada do mel se aproxima.
“Iniciamos a oficina falando sobre a importância da criação de abelhas, como são as estruturas, o ninho, o que são as melgueiras, toda parte da colmeia. Além disso, fizemos a revisão das nove caixas que foram instaladas no ano passado”, explica o coordenador do projeto, Dilton de Castro.
Ainda de acordo com informações do projeto, todas as caixas estão fortes e passaram o inverno sem problemas. Com o início da primavera, quando o enxame está forte, é o período que pode colocar a melgueira, ou seja, o módulo específico para tirar mel.
“No inverno o material que tinha ali era para o sustento das próprias abelhas. Pela nossa previsão, no verão será possível retirar mel para consumo deles. Iremos fazer uma oficina extra para isso”, relata Dilton.
Desenvolvida pela Ação Nascente Maquiné (Anama), organização que executa o Projeto Raízes da Cooperação, em parceria com a Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental, as oficinas são demandas solicitadas pela própria aldeia indígena e integram a estratégia de restauração ecológica de manguezais e ecossistemas associados da área de abrangência do projeto.
“Faz parte do nosso projeto a inclusão dos indígenas Guarani, através do apoio aos encontros entre aldeias e pela meliponicultura, contribuindo para a aproximação entre o Parque Estadual Serra do Tabuleiro e a Terra Indígena Morro dos Cavalos”, explica o coordenador do projeto.
Parte do território indígena está dentro da área de abrangência do parque, que por sua vez, faz parte do mosaico sociocultural de territórios englobados pelo Projeto Raízes da Cooperação, na Grande Florianópolis. A ação vai ao encontro da restauração ecológica ao incentivar a conservação dos principais polinizadores da floresta, as abelhas nativas, e que também apresentam relevância cultural para os Guarani em diversos rituais.
Integração com o RS
Esse encontro também teve um momento de integração com a participação da Cacica Dona Júlia Gimenez, da Aldeia Som dos Passos, de Maquiné, trazida pelo Projeto. “Ela conversou com eles na língua guarani sobre a importância das abelhas, os diversos usos do mel para rituais e para produzir remédios, por exemplo”, explica de Castro.
Na avaliação do coordenador do projeto, esta atividade trouxe ainda mais aproximação com o Raízes da Cooperação. “O pessoal da aldeia ficou muito agradecido e está bem entusiasmado e quer a continuidade das oficinas”, conta.
Além da vistoria das caixas e instalação dos novos módulos das melgueiras, também foram feitas novas iscas para atrair enxames e novas abelhas (com garrafa pet e uma mistura de cera, própolis e álcool), onde cada família da aldeia instalou ao redor de suas casas.
A criação de abelhas nativas sem ferrão ou abelhas indígenas (meliponicultura) é uma alternativa que pode melhorar a produtividade e a qualidade dos plantios, pois elas cumprem um papel muito importante na polinização de plantas, ao mesmo tempo em que auxiliam na manutenção da biodiversidade, com a prestação de serviços ambientais.
“Desta maneira, busca- se a integração dos polinizadores, através da meliponicultura, à restauração ecológica, potencializando os processos, funções e serviços ecossistêmicos e a regeneração das áreas de manguezais e ecossistemas associados, um dos objetivos principais do Projeto Raízes da Cooperação”, complementa Dilton.