Moradores do Morretes fecharam a estrada geral da localidade na manhã de quinta-feira (5), em uma manifestação contra o desligamento de cabos de energia elétrica na região, ocorrido na tarde de quarta-feira (4).
“O fato da gente não ter energia legalizada aqui no Morretes não afeta só na hora de cortarem a luz. Afeta na dignidade do teu dia a dia. De você chegar em casa e não saber se você tem luz. Você não consegue um comprovante de residência, não consegue a entrega do correio, você mora aqui, mas simplesmente você não existe. Aqui também não tem água, depende de ponteira, então, se falta energia, junto falta água”, relata uma moradora. “A gente tem muitas famílias aqui, a maioria das pessoas com crianças, a grande maioria trabalha durante o dia. O corte aconteceu a partir das 16h30, sem aviso de ninguém. Muitas pessoas chegaram do trabalho, trazendo as crianças da escola, e não tinha luz, não sabiam o que poderia estragar na geladeira, não podiam tomar banho, não podiam fazer um jantar, porque não tinha luz e nem água. Será que isso não afeta uma família? Para onde você vai com seus filhos?”, acrescenta a moradora. “Não veio aviso prévio. Simplesmente chegaram e foram cortando todo o cabeamento nosso, sendo que a gente sempre vai na Prefeitura, sempre tentando legalizar nossa situação, só que sempre dizem que não dá, que não pode. Nossa rua tem mais de 40 casas e o pessoal não quer saber de legalizar para a gente. Não temos má fé, todo mundo quer legalizar, todo mundo é trabalhador, isso aqui não é uma invasão, temos escritura pública do terreno montante desde 1979. Já legalizei meu IPTU, vários aqui pagam o IPTU, só que não adianta, o pessoal não quer ajudar a gente”, diz outro morador, que mora na região há cerca de 10 anos.
Os moradores afetados procuraram a ajuda de um advogado, que entrou com uma petição na Justiça para conseguir um prazo para a regularização da situação. Outra medida a ser tomada é uma visita à Câmara de Vereadores, para mobilizar os legisladores a darem entrada no processo de nomeação oficial da rua, com eventual pavimentação, para que seja possível a definição de um Código de Endereçamento Postal (CEP), necessário para a regularização do fornecimento de energia elétrica junto à Celesc, segundo os moradores. “Aqui não é área de preservação, não foi desmatado nada, tem escritura pública da região toda, então, a gente até desacorçoa de ser brasileiro”, lamenta o morador.