Texto: Isonyane Iris
Apesar de o Brasil não registrar casos de poliomielite há 28 anos, o Ministério da Saúde alertou 312 municípios que estão com cobertura de vacina contra poliomielite e sarampo abaixo do esperado – e consequentemente, sob ameaça de surtos das doenças. Palhoça está entre os municípios citados, com uma cobertura abaixo de 50% contra a poliomielite.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poliomielite foi erradicada nas Américas em 1994, mas no mês passado a Venezuela registrou o primeiro caso em anos, o que deixou o Ministério da Saúde brasileiro em alerta. Diante dessa realidade, o ministério orienta os gestores locais a organizarem as redes de prevenção, levantando a possibilidade de readequação de horários, para que sejam compatíveis com a rotina da população brasileira. O ministério ainda recomenda o reforço de parcerias com creches e escolas, para ajudar na mobilização sobre a vacinação.
Existe uma suspeita de que muitos pais estariam resistentes a vacinar seus filhos contra a poliomielite e sarampo, por diversos fatores, como a dificuldade em acessar os postos de saúde, descaso por serem consideradas doenças velhas e ainda por causa de informações falsas compartilhadas nas redes sociais.
Não vacinar é crime
No Brasil, escolas públicas e privadas podem pedir a caderneta de vacinação de crianças no ato da matrícula, até o 5º Ano do Ensino Fundamental, mas nem todas exigem. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, é garantido o direito das crianças à saúde, e a vacinação, obrigatória. Assim, não imunizar os filhos é uma prática ilegal. Os pais que não estiverem vacinando seus filhos corretamente podem responder criminalmente por exporem seus filhos ao risco de doenças e morte, e a sociedade à disseminação de doenças passíveis de prevenção.
Muitos pais e mães não estão levando o esquema de imunização de seus filhos a sério. Fernanda de Souza é cuidadora de crianças e relatou que só neste ano recebeu dois bebês de 11 meses que estavam com mais de quatro vacinas em atraso, entre elas, a poliomielite e o sarampo. “Fiquei apavorada, pois meus filhos estão sempre com a caderneta em dia. O pior foi alertar as mães e ainda ouvir que a vacina deixa mais doente do que protege as crianças”, conta Fernanda.
Campanha em agosto
Após constar na relação do Ministério da Saúde de municípios com cobertura abaixo de 50% para a poliomielite, a Prefeitura de Palhoça passou a delinear um plano para tornar a campanha melhor sucedida, e assim, atingir um número maior de vacinados.
Na tarde de segunda-feira (9), a secretária de Saúde, Anna Paula Heiderscheidt, e o superintendente de Vigilância em Saúde, Leonardo Kretzer, reuniram-se com o diretor de Vigilância Epidemiológica do Estado, Eduardo Maccario, para traçar um plano de ação para melhoria da cobertura vacinal do calendário básico de imunização infantil no município.
Dentre as medidas que serão adotadas, vale destacar a mobilização para a próxima campanha nacional de imunização contra sarampo e poliomielite, que acontecerá entre 6 e 31 de agosto, incluindo ainda a realização do dia “D”, em 18 de agosto.
Saiba mais
Poliomelite
Popularmente conhecida como paralisia infantil, é uma doença infecto-contagiosa viral aguda, caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito.
É causada por um vírus que vive no intestino (poliovírus), atingindo em sua maioria crianças com menos de quatro anos, podendo contaminar adultos também.
Pode ser transmitida por meio de saliva e fezes, assim como água e alimentos contaminados.
Mesmo sem um tratamento específico, é possível prevenir a doença através da vacinação, oferecida pelos postos de saúde. O esquema de vacinação contra a poliomielite oral trivalente deve ser administrado aos dois, quatro e seis meses de vida. Deve ser feito o primeiro reforço aos 15 meses, e o segundo, entre quatro e seis anos de idade.
Sarampo
O sarampo também é um vírus de fácil transmissão. As bolinhas vermelhas só aparecem alguns dias depois.
A doença começa com tosse, coriza e febre. Muitas pessoas não tomam a vacina porque acham que o sarampo é uma doença leve, mas a verdade é que ela pode levar a complicações neurológicas nas crianças.