O Palavra Palhocense conversou, nesta semana, com o novo secretário de Segurança Pública de Palhoça, Alexandre Silveira de Souza. Policial civil com 12 anos de carreira, Alexandre falou dos planos para a secretaria, que assumiu no dia 21 de junho, e das ações que já tem implementado à frente da pasta.
Formado em Sistemas de Informação pela Unisul e em Direito pela Univali, é pós-graduado em Segurança Pública, com ênfase em Polícia Comunitária pela Senasp (em convênio com a Unisul) e tem MBA em Gestão Pública, pela Faculdade Municipal de Palhoça. Filho de família tradicional de Palhoça - o avô é primo do ex-governador Ivo Silveira -, entrou para a Polícia Civil em 2007, e precisou deixar a terra natal. Assumiu o cargo em Navegantes (SC), na época um dos lugares mais violentos do estado, na proporção de crimes por número de habitantes. “Foi uma escola para mim, fiquei um ano lá, prendemos um monte de gente”, relembra.
No ano seguinte, conseguiu a transferência para Palhoça e começou a trabalhar no subdistrito da Pinheira. Depois, veio para a Delegacia Regional, onde atuou por seis anos, no setor de Trânsito. Como tem expertise nas duas áreas abrigadas pela pasta (segurança e trânsito), o prefeito Camilo Martins entendeu que Alexandre tinha o perfil adequado para ocupar o cargo. E parece ter acertado em cheio. Alexandre diz que conhece bem as “mazelas” do município e acompanhava de perto o trabalho de outro integrante dos quadros da Polícia Civil que passou pelo cargo, o delegado Cláudio Monteiro. “Conversava muito com ele, conhecia muito bem a secretaria, tanto que mantive a equipe de trabalho. É um pessoal espetacular para trabalhar”, elogia o líder da secretaria, que abrange também a Defesa Civil e os agentes de trânsito.
Por falar em agentes de trânsito, uma das metas à frente da Secretaria é ampliar o projeto. Já está com o comitê gestor um estudo para a contratação de 18 novos profissionais (atualmente, o município conta com 22). “Há muita infração de trânsito em Palhoça. Minha bandeira é a da educação, é implantar a cultura da direção defensiva, do respeito às leis de trânsito”, observa. Alexandre diz que orientou os agentes a procurar, sempre, o diálogo, em um primeiro momento. A intenção é abordar e orientar, antes de multar. Ele questiona a reclamação da população que fala em “indústria das multas”. E justifica com dados: calcula que pelo menos 80% dos recursos julgados nos casos de multa por infração de trânsito são indeferidos (o que comprovaria a culpa dos infratores) e diz que a retirada das lombadas eletrônicas das ruas da cidade e a contratação dos agentes é uma prova de que o prefeito prefere o diálogo às multas. “Quero levar essa bandeira da educação pra mostrar pra sociedade que a gente não está aqui pra multar. Eu não quero ter o dinheiro da multa, mas eu quero evoluir uma cultura. Se tiver que multar, nós vamos multar, porque ninguém vai prevaricar”, adverte.
Outra ideia que o secretário pretende levar adiante é a criação da Guarda Municipal - mas isso só deve acontecer no ano que vem. “É uma vontade do prefeito e é uma vontade minha”, assegura. Agentes da Guarda Municipal teriam atribuição de guarda, ou seja, conseguiriam guardar o patrimônio público exercendo poder de polícia. Como podem andar armados (coisa que os agentes de trânsito não podem), poderiam ser utilizados em ronda ostensiva, inclusive durante a madrugada, auxiliando ainda mais o trabalho da Polícia Militar.
Aliás, a integração maior com a PM é uma das propostas que já começou a colocar em prática, com o posicionamento de agentes de trânsito nos postos da Polícia Militar no Centro e na Ponte do Imaruim (leia mais informações na página ao lado). “Pedi para os agentes de trânsito ficarem lá, apesar de não serem policiais. A função deles é cuidar do trânsito, justamente para liberar a Polícia Militar para o combate ao crime, na essência. Só que eles estão lá, atendendo. Às vezes, o cidadão precisa, eles podem acionar o 190, passar um rádio”, contextualiza. Essa união entre as forças de segurança é uma de suas princinpais bandeiras. “Meu trabalho é unir as forças de segurança, às quais eu sempre tive acesso, sempre tive bom relacionamento. E tem duas pessoas impressionantes aqui, que é o tenente-coronel Rodrigo Dutra (comandante do 16º Batalhão da PM), um cara excepcional, e a delegada Michele Rebelo (comanda a Delegacia Regional da Polícia Civil), que é competentíssima, uma pessoa para frente”, destaca. “Quem ganha com a união é a sociedade. A partir do momento em que a força de segurança não for unida, quem ganha é o crime”, reflete.
Essa união já pode ser observada em várias forças-tarefas criadas para combater e fiscalizar situações que possam trazer problemas para a sociedade, como as visitas aos ferros-velhos irregulares ou operando em condições que não são as ideais; ou as ações de abordagem aos moradores de rua. “O problema da Palhoça, hoje, tecnicamente: homicídio e assalto a mão armada. Mas esses índices estão muito abaixo de São José e Florianópolis, e são índices que baixaram aqui em Palhoça. Nosso problema é a questão dos usuários de drogas e moradores de rua”, reflete. Alexandre relatou sobre uma abordagem feita a aproximadamente 20 moradores de rua, recentemente. Eles foram convidados a passar a noite no abrigo institucional instalado pela Prefeitura, e no dia seguinte seriam encaminhados para centros de tratamento de dependência química ou de volta para suas casas. Nenhum quis a ajuda; todos preferiram ficar na rua.
Outra situação que o novo secretário pretende combater é a dos cavalos que transitam perigosamente pelas ruas da Pedra Branca, sem nenhum controle por parte dos “donos”. “É uma coisa que está me incomodando muito, essa situação”, comenta o secretário. “A gente vai tentar dar uma solução para isso, que hoje é um problema para a Pedra Branca. Ainda não causou um acidente grave, mas vamos esperar morrer alguém?”, indaga. Alexandre diz que uma nova lei já está em tramitação e que a ideia é começar a recolher animais soltos pelas ruas, assim que a lei for aprovada.