Odontólogo há 16 anos em Palhoça, casado, pai de duas filhas, prestes a completar 40 anos, Paulo Scharf é candidato a deputado federal pelo partido Novo. Paulo conta que nunca se sentiu confortável para participar da política, mas em 2016 conheceu o partido Novo, tornou-se um entusiasta e se filiou. Logo veio o convite para entrar no processo de seleção de candidatos (diferencial do partido). Foi aprovado e agora está “diante do maior desafio” da sua vida.
Jornal Palavra Palhocense - Qual a importância de Palhoça ter um representante na Câmara Federal?
Paulo Scharf - Palhoça nunca teve um representante na Câmara Federal, então, pela primeira vez temos a grande chance de eleger um deputado federal da nossa cidade. Tenho raízes aqui, minha família é daqui, eu trabalho em Palhoça há 16 anos, então pela primeira vez temos essa verdadeira chance. Acredito que isso é muito importante para o município, de fato pode trazer benefícios para nossa cidade.
JPP - Qual a principal bandeira que pretende defender?
Scharf - O brasileiro já está cansado de ver a quantidade de privilégios que nossos políticos têm, então o combate aos privilégios é uma pauta fechada dentro do partido Novo. No primeiro dia de atuação, vamos entrar na Câmara Federal e abrir a caixa preta. Assinamos um termo de compromisso, como candidatos do partido, a diminuir verbas de gabinete em no mínimo 50% e vamos fazer muito mais do que isso, como nossos vereadores têm mostrado na prática. Abdicar de todas as mordomias e regalias que um deputado federal possui, isso também é uma pauta fechada. Outra pauta muito relevante é a diminuição da burocracia. Hoje é muito difícil empreender no Brasil, qualquer pessoa que precisa abrir um negócio tem muita dificuldade, então precisamos diminuir a burocracia. Outra questão é a diminuição de impostos. O brasileiro paga imposto demais e não tem contrapartida nenhuma do Estado. Os serviços essenciais, como saúde, educação e segurança, são de péssima qualidade. Então, precisamos diminuir essa quantidade de impostos, deixar mais dinheiro no bolso do cidadão, daquelas pessoas que trabalham, produzem, geram riqueza e emprego, para que façam uso do seu dinheiro da forma que acharem melhor.
JPP - Mesmo não sendo da atual sigla do prefeito de Palhoça, como se daria a relação da sua legislatura com a administração municipal?
Scharf - Nosso slogan de campanha “Menos Brasília, Mais Liberdade” quer dizer dar mais poder para os estados e municípios. Hoje, o poder é extremamente concentrado na capital, na União, então temos um excesso de poder nos políticos em Brasília. Precisamos fazer com que o governo federal deixe os recursos aqui no município, onde entra a questão da revisão do pacto federativo. Os problemas estão onde a gente mora, então precisamos deixar os recursos arrecadados aqui no nosso município, onde eles deveriam estar de fato.
JPP - Como tem sido a receptividade da sua candidatura junto ao eleitorado?
Scharf - A gente tem percebido um engajamento muito legal das pessoas, elas querem algo novo, diferenciado, e estão percebendo que a hora de mudar é agora. Que a mudança que a gente precisa não virá dos políticos que a gente tem, então, o Novo, além de atrair pessoas de fora da política, consegue um engajamento. Esse engajamento é muito positivo. A aceitação da nossa campanha tem sido fantástica, não só por conhecidos. Sempre gosto de reforçar que quem está no Novo, seja apoiador ou filiado, está construindo algo, somos parte da construção de um projeto que veio para mudar o Brasil.
JPP - A segurança pública tem sido um problema constante em Palhoça. Como deputado federal, como pretende ajudar a combater a criminalidade?
Scharf - Esse assunto é complexo demais. O Brasil, hoje, vive um estado de insegurança, onde as pessoas têm medo de sair às ruas. Acredito que todo mundo já sofreu algum tipo de violência ou conhece alguém que sofreu. É uma pauta muito relevante, a gente precisa olhar com carinho. Nós não acreditamos em soluções tão fáceis, é tudo muito complexo de resolver. No Brasil, temos mais de 60 mil assassinatos por ano, e mais de 90% não são solucionados. Então, precisamos ter uma conexão entre as polícias, usar a tecnologia a nosso favor; hoje, você tem a parte de investigação criminal separada da parte que combate realmente o crime, então é muito complicado, a gente precisa integrar as polícias.
JPP - Há duas situações preocupantes em Palhoça ligadas diretamente a essa questão da segurança: as drogas e os moradores de rua. Como enfrentar esses problemas?
Scharf - Precisamos focar em oportunidade, em dar oportunidade para essas pessoas saírem da ociosidade, terem um rumo na vida. O melhor programa social é dar emprego às pessoas, para que elas tenham como produzir, gerar riquezas, saírem da ociosidade, para não procurarem o caminho das drogas e acabar indo para a criminalidade. Essa questão afeta a vida de todos que trabalham, que produzem... Moradores de rua muitas vezes acabam se concentrando em regiões centrais da cidade, isso gera um problema muito sério.
JPP - Palhoça não tem uma estrutura complexa na área de saúde, como um hospital. Como você poderia ajudar a mudar esta realidade, se eleito?
Scharf - A saúde é uma área que eu gosto muito de me aprofundar, até porque é minha área de atuação. É um problema muito sério. O Estado não consegue entregar um bom serviço, sendo que nós pagamos tributos demais e não temos a contrapartida do que é essencial para as pessoas. Gostaria de falar novamente sobre a revisão do pacto federativo. Santa Catarina é um estado que arrecada muitos impostos, mas o governo federal devolve muito pouco, então, se tivéssemos mais recursos aqui no estado, teríamos condições plenas de construir novos hospitais. Quem sabe até um hospital em Palhoça, um hospital de referência na região, que a gente sabe que a demanda na Grande Florianópolis é muito grande e está saturada. Outro problema que eu considero muito relevante no nosso estado é a falta de comunicação entre as secretarias de saúde e os postos. Uma pessoa que mora no interior do estado ou em um bairro mais afastado, muitas vezes, para marcar uma consulta e ser atendido em um hospital de referência, precisa dar duas viagens. Não faz o menor sentido, com a tecnologia que a gente tem hoje, não haver esse serviço de integração.
JPP - A educação é um dos grandes desafios para transformar o país em uma nação desenvolvida. Quais suas propostas para a educação?
Scharf - Primeiro, precisamos ressaltar que todas as nações que têm um bom IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) investem pesado na educação Básica e Fundamental. Hoje, no Brasil, temos uma curva invertida: investe-se três vezes mais em um aluno do Superior do que em um aluno do Ensino Básico. Pretendemos mudar esse sistema de gastos, dar mais foco na educação de base, de creche mesmo, já que os primeiros anos são os que mais impactam no desenvolvimento de uma criança. Temos que ter creche com professores preparados, merendas dignas, para que essa criança tenha desenvolvimento cognitivo, consciência corporal, disciplina, nesses primeiros anos de vida, para que ela possa entrar no Ensino Fundamental e concorrer em um vestibular com oportunidades iguais àquelas que pagam o ensino privado. Só dessa forma vamos conseguir dar igualdade de oportunidade para as pessoas. E tem a questão do ensino técnico profissionalizante. Isso é muito usado em países desenvolvidos, como a Alemanha, para formar pequenos empresários. O Brasil investe em educação, mas investe mal. Estudos apontam que o Brasil investe mais em educação do que todos os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da América Latina, só que o Estado é mau gestor, aplica mal os recursos, foca essencialmente no Ensino Superior e esquece a educação de base. Precisamos inverter essa lógica.
JPP - Muito se tem falado no problema da corrupção na política brasileira e na “politicagem”, no uso da máquina pública como cabide de empregos para cabos eleitorais. Como enfrentar esse problema?
Scharf - A Lava Jato tem deixado não só os brasileiros como o mundo assustado com esse esquema de corrupção absurdo, acho que o maior da história mundial. Mas a gente precisa continuar acreditando na política como uma fonte de transformação. Se as pessoas se afastarem e virarem as costas para tudo que está acontecendo, não vamos conseguir mudar as coisas. Precisamos participar mais, o brasileiro precisa ter uma cidadania participativa mais ativa. Acredito que esse projeto do Novo é um projeto verdadeiro, autêntico. Escolhi acreditar e me dar esperanças para transformar o Brasil num país admirável. Para isso, precisamos que as pessoas participem, escolham seus representantes de forma consciente, pesquisem. Nós do partido Novo somos pessoas de fora da política e estamos dando a nossa cara à tapa, entrando no meio político para de fato mudar o país. Vale ressaltar que o Novo é o único partido que não é sustentando com o dinheiro dos pagadores de impostos, que não usa o fundo partidário, fundo eleitoral, que faz processo seletivo para escolher os candidatos, que tem uma gestão partidária independente da gestão pública, onde os membros de diretórios não podem ser candidatos.
JPP - O trânsito é um dos principais problemas de Palhoça e região hoje. Como parlamentar, como poderá ajudar a aliviar o problema do trânsito? Que proposta teria nesta área?
Scharf - Ninguém gosta de ficar dentro do carro, parado no trânsito. Acho que é uma forma de destruir riquezas, porque as pessoas poderiam estar trabalhando, produzindo, fazendo outras atividades e muitas vezes acabam ficando presas para se deslocar pequenas distâncias. Temos um município que cresce, a população cresce, a parte comercial do município é pujante também, temos um comércio forte, mas muitas vezes as pessoas acabam não empreendendo no município pela dificuldade de deslocamento. Como deputado federal, poderia fiscalizar melhor esses contratos de licitação que são feitos com empresas como esta que tem a concessão para explorar a nossa BR. Já tem a praça de pedágio há muitos anos e não está entregando o serviço. A gente precisa ter transparência em todos os tipos de contratos e licitações, para que a população consiga saber o que está sendo feito com o dinheiro dos tributos arrecadados por nós, catarinenses. O brasileiro não aguenta mais ser enganado por órgãos públicos e acordos espúrios que os políticos acabam fazendo nesses contratos.
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