Por: Willian Schütz
Uma das maiores certezas da vida é que o tempo traz consigo mudanças constantes. Em 2005, Palhoça vivia um momento diferente: uma crescente que resultou na força que a cidade tem hoje. Naquela época, o jornal Palavra Palhocense começa a circular, a partir de uma transformação que marcou a mídia local. Em 2025, além do vigésimo aniversário de fundação, o veículo celebra a edição número 1.000. Por isso, começa agora uma série de matérias sobre essa história que continua em transformação junto com a cidade.
No embalo de uma contagem regressiva até a milésima edição, a série jornalística resgata fatos marcantes envolvendo o Palavra Palhocense, desde a fase anterior à fundação do jornal. Além disso, as matérias traçam um paralelo com a história dos últimos 20 anos de Palhoça, exaltando também figuras que marcaram o jornalismo local ou continuam contribuindo de alguma forma para o município.
O primeiro passo dessa apuração foi revisitar a primeira edição do jornal, publicada em julho de 2005. Naquela época, o Palavra Palhocense já trazia consigo a identidade visual nas cores azul, laranja e branco. A capa já anunciava as colunas “Cartão Rosa”, do árbitro Margarida, e “Boca Maldita”, de João José da Silva — ambas continuam até os dias de hoje.
Aquela primeira edição marcou o início de uma nova fase. Porém, as origens do jornal vêm de muito antes. O embrião do que veio a se tornar o Palavra Palhocense surgiu na década de 1980, fundado pelo escritor, jornalista e memorialista João José da Silva, que ficou conhecido por muitos como “João do Jornal”.
João começou no jornalismo em 1987, com a estreia da coluna “Boca Maldita” no jornal “O Expresso”, de Santo Amaro da Imperatriz. Na mesma época, ele também criou a coluna do Beltrano, personagem icônico que representa o “manezinho da Palhoça”.
Depois que o jornal “O Expresso” fechou, João fundou o jornal “O Regional”, ao lado de Luiz Goedert. No entanto, o veículo trazia notícias de Palhoça e de Santo Amaro. Então, ainda faltava um veículo 100% palhocense.
Após passar por outros veículos de imprensa, ele finalmente se aventurou ao fundar o jornal “O Palhocense”, que se tornou grande sucesso na cidade.
Com o passar dos anos, o veículo foi rebatizado como “Palavra Palhocense”. O nome mudou em 2005, mas a essência continuou a mesma, com assuntos do interesse do povo de Palhoça. Foi nesse momento que a numeração atual do jornal recomeçou, com a primeira edição publicada em julho daquele ano. Essa nova fase adotou um modelo de negócio que deu certo e segue em circulação até os dias atuais.
Novo nome, nova fase
A fase iniciada em 2005 teve participação ativa de João, mas surgiu com a direção do filho dele, Alexandre Bonfim — que segue como diretor e editor-chefe do jornal até hoje. Alexandre acompanhou de perto toda história do jornal “O Palhocense”. Ele chegou a trabalhar no veículo — e até escrevia colunas, ainda quando criança.
Depois de crescer imerso no mundo do jornalismo local, Alexandre optou por esse caminho na faculdade. Após se formar, em 2005, assumiu a nova fase do Palhocense, mantendo os pés nas origens, mas com um olhar para o futuro. “O jornal ‘O Palhocense’ ficou um tempo sem circular e, nesse período, surgiu o Jornal Cambirela. Era um trabalho feito com muita paixão e entusiasmo, mas de maneira pouco profissional, pois não havia uma equipe de jornalistas envolvida e nem um plano de negócios estruturado”, relembra Alexandre.
“Já durante o curso de jornalismo, comecei a projetar um plano de negócios para um jornal que tivesse como um dos grandes diferenciais a periodicidade. O jornal fundado em 1989 não circulava necessariamente todas as semanas ou quinzenalmente; saía quando era possível. Percebemos que era fundamental estar presente regularmente nos pontos de distribuição, de forma gratuita, para garantir o acesso democrático à informação local para os moradores de Palhoça”, completa Bonfim.
O jornalista ainda relembra como a força do jornal “O Palhocense” foi um grande motivador. “Mesmo sem circular há anos, ele ainda era lembrado com carinho pela população como o jornal mais querido da cidade. Aproveitamos essa força histórica e, ao relançá-lo como Palavra Palhocense, criamos um novo projeto gráfico moderno, com uma linha editorial independente e colunistas de grande identidade com a cidade. Entre eles, destaco Claudir Silveira, que assinava a coluna ‘Encontro de Caranguejos’, trazendo resgates históricos importantes; e o doutor Juarez Nahas, cronista que escreveu durante décadas a coluna ‘Falando Sério’”, cita o editor-chefe do Palhocense.
Repercussão e crescimento
Não é à toa que o Palavra Palhocense está chegando à edição número 1.000. A recepção do veículo foi um sucesso imediato. “O público percebeu um veículo moderno, dinâmico e interativo”, afirma Alexandre Bonfim.
Logo nos primeiros anos, o novo jornal alcançou grandes conquistas. “Um dos marcos que trouxeram ainda mais ânimo à equipe foi a premiação na cidade de Maravilha, no Extremo Oeste catarinense, com o Troféu Pena de Ouro, considerado o ‘Oscar do Jornalismo Catarinense’, em 2006. Éramos um jornal jovem e não esperávamos ganhar. Fomos até lá, eu e a jornalista Mariana Cardoso, e recebemos o prêmio das mãos do então governador Luiz Henrique da Silveira. Ao retornarmos, fomos calorosamente recebidos em Palhoça, inclusive pelo prefeito Ronério Heiderscheidt”, recorda o editor-chefe.
Além da premiação, já nos primeiros anos, o Palavra Palhocense conquistou novos espaços. Em meados dos anos 2000, investiu em um site, mesmo quando a leitura digital ainda não era um hábito consolidado. Com o tempo, ele passou por reformulações e hoje é um dos principais portais de notícias locais da Grande Florianópolis. Anos depois, as redes sociais continuaram a modernizar o jornal, o tornando um diário de notícias do município. E essa história continua até hoje, como será mostrada na série de matérias que antecedem a edição número 1.000.
20/02/2025
20/02/2025
20/02/2025