A garotada do time sub-16 do Manchister, um dos principais garimpos de talentos do futebol palhocense, conquistou o título da 14ª Copa Teutônia de Futebol, encerrada na semana passada, na cidade de Teutônia (RS), de forma invicta.
O certame iniciou no dia 17 e as finais aconteceram na quinta-feira (23), no campo do Esperança. A competição teve a participação de mais de 1,7 mil atletas de 86 equipes de 30 clubes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e da Argentina. Ao todo, 163 jogos foram disputados.
O Manchister viajou até o Sul com três equipes: o sub-13 (chegou à semifinal, perdeu a vaga na cobrança de penalidades máximas, diante do Lajeadense-RS), o sub-15 (saiu nas quartas, após perder para o time da casa, o Juventus, um time que havia vencido na fase classificatória) e o sub-16.
A geração 2004, que nessa competição defendeu o time sub-16, vinha acumulando bons resultados nas participações anteriores nesse torneio, e agora, finalmente, conquistou o título, após empatar em 0x0 com o Caxias-RS, na final, e levantar o caneco com uma vitória por 4x3 na cobrança das penalidades máximas. “A grande virtude deste time é o conjunto, a força, a união. Eles saíram daqui com o objetivo de vencer a competição, focaram e foram até o final, fizeram uma competição redondinha. A maioria desses atletas está saindo para clubes, agora, e provavelmente foi a última competição em que todo mundo jogou junto. A gente propôs nos treinos e eles foram lá buscar a ‘cereja do bolo’, com muita raça”, elogia o treinador e idealizador do projeto, João Batista “Mancha”.
Um dos destaques da final foi o goleiro Matheus, que pegou três penalidades (uma delas, ainda no tempo normal) e terminou a competição como o goleiro menos vazado. “O Matheus me salvou, né, na final eu que fiz o pênalti”, brinca o zagueiro Weslie. Capitão do time, Weslie afirma que o conjunto foi a grande força do grupo, mas destaca as atuações do goleiro e do atacante João Artur. O artilheiro do time, o atacante Adrian, também elogia os dois companheiros. “Na verdade, foi o conjunto, se não fosse todo mundo não tinha saído campeão. Mas o Matheus catou tudo lá atrás e o João me botava pra fazer gol lá na frente”, diz Adrian, que marcou cinco gols e só não foi artilheiro da competição por um golzinho, apenas.
Em toda a copa, Matheus pegou cinco pênaltis. Ele diz que tem um “segredo” para defender as cobranças, mas não vai revelar, obviamente, para não “entregar o ouro” aos atacantes. Matheus, que veio do Pará para Palhoça, com a família, diz que a principal característica de um bom goleiro é saber trabalhar com os pés, uma virtude cada vez mais importante no futebol moderno, principalmente em função da marcação sob pressão que a maioria dos grandes times vem impondo aos adversários. E como tem intimidade com a bola nos pés, Matheus sabe reconhecer quem trata a redonda com carinho e também destaca a atuação do atacante João Artur. “Ele tem força, tem técnica, tem velocidade, tem tudo o que precisa”, elogia.
João é “manezinho” do Campeche e já jogou no Avaí. Foi dispensado pelo Leão da Ilha, junto com um amigo, e acabou optando por jogar no Manchister. “Eu já conhecia e confiava muito no projeto do Mancha e vim para cá”, relata o jogador, que marcou três gols em Teutônia. Modesto, diz que os elogios (não só dos colegas, mas também de muitos observadores presentes no campeonato, acompanhado até por grandes empresários do futebol chinês, que o escolheram como um dos destaques do torneio) são um reconhecimento do trabalho e que o conjunto é que faz a diferença em um esporte coletivo como o futebol. “Foi o time todo. Lá atrás tem que tirar, o Matheus tem que pegar, alguém tem que lançar, os laterais têm que apoiar, é o time todo”, diz o ponta-esquerda, que se espalha no futebol de Bruno Henrique, do Flamengo.
Aprovado pelo Juventus, o jovem atacante se apresenta em Jaraguá do Sul no domingo, e vai disputar o Estadual pelas categorias de base do clube. Uma chance que, em breve, deve acontecer também com os outros destaques da equipe. A própria Copa Teutônia, que antes era disputada em outro município e tinha outro nome, já revelou muitos talentos hoje no futebol profissional. E todos querem isso. Adrian sonha em jogar no Real Madrid e seguir o exemplo do atacante brasileiro Rodrigo, hoje um dos destaques do time espanhol. Weslie se inspira em outro ídolo na Espanha, o zagueiro Carles Puyol, campeão do mundo com a seleção espanhola em 2010, na Copa da África do Sul. Weslie tinha apenas seis anos naquela época, mas sabe reconhecer um talento no que ele tem de melhor: a grandeza. “Eu vejo vídeos dele, me inspiro nele. Extracampo, ele também é muito bom. Dentro de campo, tem vídeos que os companheiros dele brigavam e ele tentava separar”, reflete Weslie, mostrando convergência com o mundo da bola, que tem cada vez menos paciência com os “brucutus”. É um recado bem atual: seja na posição que for, quem não souber tratar bem a bola, quem não souber a força de um conjunto e quem não souber reconhecer e valorizar os talentos do próprio grupo, não será campeão. O sub-16 do Manchister foi campeão justamente porque entende tudo isso.