Uma elevação na temperatura do mar pode estar influenciando a presença de baleias jubarte (Megaptera novaeanglie) no Litoral catarinense neste ano. O biólogo da Epagri/Ciram Luiz Vianna conta que desde o início do outono tem se observado um aumento da temperatura da superfície do mar (TSM) no Oceano Atlântico sul. Durante o mês de abril, a TSM na costa de Santa Catarina apresentou valores de até 1,3°C acima do normal, alcançando 24,5°C. Até a segunda semana de junho, ainda era possível observar valores 1°C acima do normal, de acordo com o monitoramento de anomalia da TSM do Worldview. “Suspeitamos que esse fenômeno possa ser um dos motivos para elas terem se aproximado e ficado por tanto tempo no nosso litoral”, explica. A Epagri/Ciram é um órgão do governo do Estado e referência nacional em monitoramento ambiental.
O litoral catarinense é corredor migratório para as baleias jubarte, que normalmente rumam em direção ao Norte, um pouco mais afastadas da costa – diferentemente da baleia franca (Eubalaena australis), que costuma visitar as praias do estado com frequência. Excepcionalmente neste ano, algumas baleias jubarte ficaram na faixa leste da Ilha de Santa Catarina. “Temos observado quatro juvenis que provavelmente desgarraram do grupo e agora estão habitando os arredores da ilha do Campeche”, diz Vianna.
O pesquisador comenta que um dos principais fatores que influenciam o movimento migratório das baleias jubarte na costa brasileira é a temperatura superficial do mar. “Existe uma alta correlação entre a densidade de baleias no período de reprodução e a temperatura superficial da água, com picos de densidade em áreas onde as temperaturas se mantêm entre 24o e 25oC”, explica.
As baleias jubarte frequentam a costa brasileira desde o Rio Grande do Sul até o Pará. De acordo com informações do Projeto Baleia Jubarte, na época de reprodução, que vai de julho a novembro, elas migram dos mares antárticos, onde se alimentam durante o verão, em direção ao norte em busca de águas mais quentes. Isso ocorre porque os filhotes recém-nascidos ainda não acumularam gordura suficiente para resistirem às águas mais frias.
A temperatura da superfície do mar (TSM) também é monitorada pela Epagri/Ciram e faz parte do pacote de informações do litoral de Santa Catarina que podem ser acompanhadas no site da Epagri/Ciram. No link Litoral estão reunidas informações para o público que pratica pesca e outras atividades náuticas, como a plataforma Litoral on-line, dados de marégrafos, tábuas de marés e previsão para o mar, entre outros. O item Previsão de Clorofila-a fornece dados sobre a concentração de clorofila na água, o que permite, por exemplo, acompanhar o surgimento de concentrações de algas na costa catarinense.
Mais informações: Luiz Fernando Vianna, biólogo e pesquisador da Epagri/Ciram: (48) 3665 5161, vianna@epagri.sc.gov.br
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