O boxe, no Brasil, não funciona como o futebol. Não basta ter um talento inquestionável para ingressar em uma equipe de ponta e se manter treinando. No boxe, o "paitrocínio" é praticamente uma exigência para o desenvolvimento de futuros pugilistas. A família Weiss sentiu isso na pele. Aos 13 anos, Leonardo foi convidado para treinar com a equipe The Oliveira Brothers, em São Paulo, celeiro de jovens promessas dos ringues brasileiros. Mas a perda de patrocínios e as dificuldades financeiras enfrentadas pela família na capital paulista acabaram antecipando o retorno do garoto a Palhoça.
"Perdemos três patrocínios e chegou uma hora em que não aguentamos mais em São Paulo", lamenta o pai do jovem pugilista palhocense, Rodrigo Weiss, que continua firme na batalha de bastidores para conseguir apoio financeiro suficiente para manter o garoto treinando e participando de campeonatos.
Em março, Léo deve disputar o Galo de Ouro, em São Paulo. Torneio em que ele faturou o título em 2015. Para viabilizar a viagem, a família está fazendo uma rifa. Depois do Galo de Ouro, Léo viverá a expectativa de ser convocado para integrar a equipe que o técnico cubano Paco García vai formar para disputar um torneio internacional em Cuba, em julho. Novamente, a família vai precisa arrecadar recursos para financiar a viagem.
Enquanto isso, Léo segue treinando forte. Depois de uma semana de "descanso", em que aproveitou para visitar familiares e amigos, o garoto já retomou os trabalhos diários em dois períodos. Na parte técnica, conta novamente com a orientação do treinador Charles Quintana, além do apoio do técnico da seleção catarinense, Gustavo Tomazzini, e da fera do MMA Kevin Souza, ex-lutador do UFC. A preparação é feita na Academia Dadá Boxe Team, na Capital. Na parte física, treina na academia Aqua, no Aririú, e na GMK, em Florianópolis, onde faz um trabalho de reforço muscular adaptado especialmente para ele. Tudo para seguir competindo em alto nível e manter vivo o sonho de disputar uma Olimpíada pela Seleção Brasileira. "Conversei com o pessoal da Seleção Brasileira, e eles nos disseram que está mantida a chance do Léo disputar uma vaga", conta Rodrigo.
A volta ao lar pode ser benéfica em vários aspectos. Primeiro, porque a estrutura de treinamento na região é boa e vai permitir que Léo siga se desenvolvendo _ o problema é o intercâmbio com garotos da mesma categoria, o que é uma raridade por aqui; isso vai exigir viagens frequentes a centros maiores do esporte. Em São Paulo, apesar das condições de treinamento serem excepcionais, o dia a dia era problemático. O ensino na escola onde o garoto estudava era fraco e os pais não conseguiam arrumar trabalho. Sem contar que a capital paulista é um gigantesco labirinto. Léo chegou a se perder durante um treinamento de corrida pelas ruas no entorno da academia onde treinava.
Mesmo diante dos obstáculos, foram meses inesquecíveis para o jovem pugilista. "É uma experiência que eu vou levar para a vida toda. Todo mundo fala que o que eu aprendi lá eu não vou desaprender", projeta.