Texto: Sofia Mayer*
Os cerca de 30 residentes e os trabalhadores de cinco salas comerciais que tiveram que sair às pressas do edifício Caroliny Center, na Ponte do Imaruim, no último sábado (2), continuam impossibilitados de voltar para casa ou retomar seus trabalhos. Segundo laudo realizado pelo arquiteto perito do Instituto Brasileiro de Perícias de Santa Catarina (Ibape/SC), Tonicler Bolzan, o risco de colapso da edificação foi confirmado. Com isso, moradores seguem em abrigos provisórios.
“A partir de agora, para o condomínio conseguir desinterdição junto à Defesa Civil, terá que contratar uma empresa para executar o projeto e reforço estrutural e, após isso concluído, o atestado de profissional técnico comprovando a habitabilidade da edificação”, esclarece Bolzan.
Um processo de escoramento, para aliviar a tensão da estrutura, começou a ser feito na tarde de quarta-feira (4), a fim de assegurar a segurança dos habitantes e de quem passa diariamente pelas proximidades. Segundo a Defesa Civil, o processo é importante para que os moradores possam retirar seus pertences e diminuir o peso do prédio, evitando que ele acabe desabando. “Depois do estaqueamento, as famílias vão ter autorização para entrar no prédio, retirar todos os seus utensílios domésticos, todos os objetos que têm. Depois disso, é um problema junto com o síndico e moradores, que certamente vão acionar o seguro para tomar as devidas providências”, explica Leonel José Pereira, secretário-adjunto de Segurança Pública de Palhoça.
Embora a Defesa Civil tenha sugerido que os moradores retirassem seus pertences pessoais apenas ao fim da obra de escoramento, moradores já têm se mobilizado para recolher móveis e utensílios, visto que, segundo o síndico, João Paulo, arrombamentos foram registrados após a interdição do prédio. “Quem tem condições de alugar um apartamento, está indo para um apartamento ou quitinete; quem não tem condições, está morando no abrigo”, conta Wilmar do Amaral, motorista que tem realizado o frete de alguns dos moradores.
O arquiteto Tonicler Bolzan afirma que as causas da falha estrutural são uma soma de situações, mas que ainda é difícil dar uma explicação pontual para o ocorrido. “O laudo é para comprovar o risco, terá que ser feita uma perícia específica (para descobrir) a causa”, esclarece.
Abrigo provisório
Na manhã de terça-feira (3), os moradores do edifício Caroliny Center foram convocados pela Defesa Civil de Palhoça para uma reunião que definiria as questões do abrigo provisório oferecido pela Prefeitura àqueles que necessitassem. A Secretaria Municipal de Assistência Social afirma, porém, que apenas três das 19 famílias decidiram ficar no local escolhido inicialmente pela Prefeitura (o ginásio do Caranguejão, no Centro), sendo realocadas, então, para um espaço menor e mais aconchegante, no complexo esportivo da escola Dom Jaime Câmara, localizado no Bela Vista. Segundo Aline Simas, gerente geral de alta complexidade da secretaria, o restante dos moradores passou a se alojar em casa de parentes e amigos.
O alojamento nos ginásios seria especialmente complicado para algumas pessoas, como Rosiléa dos Santos, que cuida do filho autista. “Eu não sou melhor do que ninguém, mas não vou expor a situação dele, que é uma doença psiquiátrica”, desabafa.
A Secretaria de Assistência Social afirma que psicólogos e assistentes sociais da Prefeitura estão avaliando a situação individual de cada um dos abrigados para definir os próximos encaminhamentos.
* Sob a supervisão de Luciano Smanioto