Em 2019, aos 13 anos, o jovem atleta palhocense Thalles Bossler de Campos Cruz teve uma temporada no atletismo que vai ficar guardada para sempre na memória. O garoto, de 1m76, quebrou o recorde estadual dos 150 metros, na categoria sub-14, em uma competição disputada em Jaraguá do Sul.
Thalles corre desde os sete anos de idade, para a alegria do avô, Jorge Teixeira de Campos, um entusiasta das corridas. Fã do mito jamaicano Usain Bolt, quer ser velocistas, mas as características físicas podem colocá-lo em outras modalidades. “Ele quer muito ser velocista, 100 metros, 200 metros, mas eu vejo ele correndo 400 metros, 800 metros”, comenta a treinadora do garoto, Ana Cláudia Rodrigues (Cacá), que faz parte da equipe da União Catarinense de Atletismo (UCA). “Eu falo para ele: a princípio tu tá fazendo essa prova, eu te vejo nessa prova, mas nada que no decorrer do ano, pelo crescimento dele, pode ser que venha pro 100, pro 200. A gente vai ver mais para a frente. Tanto que quando ele começou, a gente falava ainda que ele ia ser fundista, porque botava o bichinho pra correr, o bichinho corria e não cansava, depois foi mudando para velocidade. É o tempo dele né”, pondera.
Por enquanto, Thalles compete apenas nas categorias escolares - assim que completar 16 anos, vai poder disputar provas “oficiais” - até 15 anos, a distância máxima é 250 metros. Mesmo assim, o garoto leva o esporte a sério desde já. “Antes eu só corria para brincar, daí meu vô me levou para uma corrida de rua e eu gostei bastante”, relembra, sobre o início da trajetória nas corridas. “A principal característica que eu acho que ele tem é a dedicação, porque não adianta ter talento e ser tudo e não ter dedicação. Tu vê que ele quer crescer, evoluir, diferente de outras crianças que vêm aqui, fazem a brincadeirinha, é mais lúdico. Da parte dele tu vê que não, ele quer mesmo ser um atleta, ele se dedica, está buscando algo a mais”, elogia a treinadora.
No Estadual, em Jaraguá do Sul, Thalles mal acreditou quando soube que tinha quebrado o recorde. “Eu terminei a prova, daí eu fui lá tirar a sapatilha, tirar as coisas pra descansar, aí começou a falar as pontuações e quando falaram 18seg35, eu pensei que não tinha batido, aí quando eu vi a pontuação, eu fiquei feliz. No 150 eu acho que eu posso melhorar mais”, projeta.
A família mora na Praia do Meio, e como o garoto estuda e treina em São José, passa boa parte do tempo na cidade vizinha. Mas já aprontou muito nas provas de rua para crianças em Palhoça, organizadas pelo renomado Luiz Alberto Cardoso, o Totó. “Ele correu nas corridas do Totó. Se tu perguntar nas corridas do Thalles, ele vai te dizer que nunca perdeu uma competição deles”, destaca o avô, um dos maiores incentivadores do jovem recordista, que também gosta de jogar futebol e basquete. E também é um estudante exemplar. Uma combinação que costuma funcionar magicamente no esporte, a do estudo com o talento.