Jornal Palavra Palhocense – Quem é Rangel Medeiros?
Rangel Medeiros – Sou professor da educação básica desde o ano de 1997 e professor universitário desde 2010. Sou formado em História pela Ufsc, com mestrado também em História pela mesma instituição, tendo posteriormente cursado doutorado em Sociologia pela Universidade Federal de São Carlos (SP), e durante este período, realizei estágio doutoral na VU Amsterdam (Universidade Livre de Amsterdã), na área de Antropologia.
Desde 2010, leciono também no Ensino Superior, tendo sido professor da graduação nos cursos de Pedagogia, Administração, Direito, Processos Gerenciais, Logística, Publicidade e Propaganda, Enfermagem e Fisioterapia; e em nível da pós-graduação, nas áreas de Gestão de Pessoas, Gestão Pública e Gestão do Conhecimento.
Atualmente, realizo assessoria pedagógica para o Ensino Fundamental da Prefeitura Municipal de Palhoça.
Também participei de publicações de livros dentro e fora do Brasil.
JPP – Fale um pouco de sua identidade com Palhoça!
Rangel – Moro desde os 10 anos de idade em Palhoça e boa parte da minha vida profissional sempre foi em Palhoça. Boa parte dos meus amigos e família também mora aqui. Enfim, com o passar do tempo, não tem como não gostar da cidade, apesar de todos os seus problemas. Cada palhocense, nascido ou não aqui, sonha em ver a cidade melhor, mais evoluída, mais dinâmica.
JPP – Quando e quem te incentivou a participar da política?
Rangel – Não houve um momento específico nem uma única pessoa, foi um processo. Começar a lecionar na rede pública em Palhoça, em 1997, fez eu sentir mais de perto as desigualdades sociais extremas. Como fui professor temporário por muitos anos, circulei em várias escolas públicas de vários bairros, e percebi que faltavam ações governamentais nos bairros e nas escolas. A trajetória acadêmica me deu bagagem teórica e a experiência como professor universitário em vários cursos me “forçou” a acumular conhecimento em várias áreas. Ter sido professor de Ciência Política fez eu ter paixão pela área e pensar de forma mais ampla sobre o tema. Observar as instituições de ensino (básico e superior) e suas relações com a comunidade te dá um conhecimento incrível, se você estiver disposto a abrir os olhos. Observar as transformações que as escolas e a FMP promoveram na vida das pessoas é gratificante. Depois de muitos anos, resolvi ingressar no PSol, onde estou até hoje, e tentar ocupar um cargo eletivo para tentar mudar as coisas.
JPP – Como você avalia o atual momento político de Palhoça?
Rangel – Muito delicado, como em todo o Brasil. Sem querer ser presunçoso, vejo o “mais do mesmo” na maior parte das candidaturas. Gente que troca de partido o tempo inteiro para tentar “se arranjar”, partidos que mudam de nome para que o povo não perceba que são os “de sempre”. Discurso fácil, que apela para a emoção e o “salvador da pátria”. Muita repetição. Gente falando empolado para impressionar. Nos últimos anos, houve forte polarização e acho que isso tem de ser superado, todos estão cansados disso. Enfim, tentaremos fugir desse padrão.
JPP – Como você vê o papel do prefeito dentro da gestão pública?
Rangel – Prefeito não governa sozinho, tem que lidar com múltiplas forças, muita pressão de agentes políticos, do empresariado, mas um prefeito nunca pode perder de vista que ele tem que servir ao povo. Acho que o prefeito é o agente político que mais pode fazer pelo município, pois ele é aquele que coordena a execução dos projetos e o orçamento público. Dá para fazer muita coisa, basta ouvir mais o povo.
JPP – O que você conseguiu realizar trabalhando na Educação? Alguma frustração?
Rangel – Bom, a maior realização foi ter ajudado a formar milhares de pessoas em todos os níveis, do Ensino Fundamental à pós-graduação. Sempre tentei ser o melhor profissional possível, lecionando na educação básica ou em qualquer nível, e o trabalho na Secretaria Municipal de Educação também me orgulha muito, aprendi muito sobre administração pública lá também. Frustração? Sim, várias. Uma delas é ver muita gente se perdendo por falta de ação do poder público, por anos, e vejo que muita coisa poderia ter sido melhor na vida das pessoas. Hoje encontro ex-alunos de mais de 20 anos atrás que me contam de colegas que caíram na criminalidade, e o professor da rede pública sabe que muito disso poderia ter sido evitado. A educação tem que ser priorizada, os salários têm que ser melhorados e a estrutura das redes de ensino também.
JPP – Como foi a decisão de deixar a sala de aula e buscar uma eleição para prefeito de Palhoça?
Rangel – Foi extremamente difícil. Tive que me demitir da Faculdade Municipal de Palhoça e me licenciar da Prefeitura, ambos trabalhos que gosto muito. Quando você se candidata por um pequeno partido, que não está ancorado em gente poderosa, você fica visado, sofre pressão, gozação. Mas, eu tinha que fazer isso, não dá para ficar sentado esperando as coisas mudarem.
JPP – Suas considerações finais.
Rangel – Espero que as pessoas votem com consciência, que não fiquem se apegando a soluções mágicas e não se deixem enganar pela velha política se apresentando como algo novo. Que não se vendam, pois quem se vende vai pagar muito caro! Dinheiro de compra de voto tem origem criminosa. O mais importante: que as pessoas se envolvam mais com a política, que ocupem espaço! Tradicionalmente, no Brasil, o povo se afastou da política e sofre muito por causa disso.
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