Por: Sofia Mayer*
O Campus Palhoça Bilíngue do Instituto Federal de Santa Catarina (Ifsc) comemorou seu aniversário no último sábado (26), data que marca a cerimônia de entrega do campus à comunidade, em 2013. Além disso, o Ifsc completou, também em 2020, uma década de atividades em Palhoça, já que iniciou seus primeiros cursos em 2010, em instalações cedidas pela Faculdade Municipal de Palhoça (FMP).
O campus tem atuado com ensino, pesquisa e extensão na perspectiva bilíngue - em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e português - e destacando-se na produção de material didático voltado à educação de surdos.
Localizado no bairro Pedra Branca, a unidade registrou 1.289 estudantes, entre surdos e ouvintes, matriculados em 2019, de acordo com a Plataforma Nilo Peçanha, do Ministério da Educação. Entre professores e técnicos administrativos, o campus possui atualmente 86 servidores no quadro ativo permanente. Cursos de qualificação, técnicos e de especialização são oferecidos.
História
A história de criação do Campus Palhoça Bilíngue começa no final dos anos 1980, quando o primeiro estudante surdo ingressou no atual Ifsc de São Jose (na época, Unidade São José da Escola Técnica Federal de Santa Catarina) em 1988. Depois dele, vieram outros e, do esforço de professores para pensar em como adaptar aulas e os conteúdos, surgiu o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação de Surdos (Nepes), também no Campus São José.
Com início de um processo de expansão da rede federal de educação profissional a partir de 2005, nasceu no Nepes o projeto de criação de uma unidade de ensino que aliasse a educação profissional com a de surdos. Assim, surgiu o Campus Palhoça Bilíngue. Antes mesmo de ter uma sede própria, entre 2010 e 2013, as atividades da unidade funcionaram em instalações cedidas pela Faculdade Municipal de Palhoça (FMP), no bairro Ponte do Imaruim.
“Foi um período interessante porque permitiu uma proximidade com a realidade da educação no município de Palhoça”, lembra o diretor-geral do Campus Palhoça Bilíngue na época, Vilmar Silva. Ele conta que, por estar dentro da FMP, tinha contato constante com a direção da faculdade e com a secretaria municipal de Educação.
Em 26 de setembro de 2013, a obra do Campus Palhoça Bilíngue, localizado no bairro Pedra Branca, foi entregue à comunidade. Concluído o prédio, o desafio passou a ser “trabalhar com professores e técnicos administrativos que chegavam sem uma formação na educação bilíngue e sem serem fluentes na língua de sinais”, lembra Vilmar. Para tentar solucionar esse problema, foram realizadas formações internas e hoje, sete anos depois, grande parte dos servidores consegue se comunicar com a comunidade surda por meio da Libras.
Contribuição social
Para o ex-diretor-geral, que foi um dos pioneiros na educação de surdos no IFSC nos anos 1990, o Campus Palhoça Bilíngue teve um impacto social importante ao trazer para dentro do instituto mais pessoas surdas, que, em sua maioria são carentes. Para atingir o objetivo, em seus primeiros processos seletivos, a unidade adotava apenas critérios socioeconômicos para ingresso nos cursos
Outra contribuição, na visão do ex-diretor-geral, foi ajudar a desconstruir o estereótipo de que o surdo é uma pessoa com deficiência: “O surdo não tem nenhum déficit no campo cognitivo e linguístico. Ele tem suas diferenças no processo de aprender”, comenta Vilmar.
Live
Para comemorar o aniversário do campus e o Dia Nacional do Surdo, que também ocorre em 26 de setembro, o Campus Palhoça Bilíngue está organizando um evento online para quarta-feira (30), às 19h. A live “IFSC de mãos dadas” vai abordar a história do campus, a experiência de estudantes em uma instituição bilíngue e o olhar da família sobre o campus.
* Sob a supervisão de Alexandre Bonfim
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