Golpes eletrônicos, a partir de redes sociais e aplicativos de mensagem, estão se tornando mais comuns durante a pandemia, é o que diz a Polícia Civil. Embora as abordagens sejam inúmeras e até criativas, elas costumam partir de um ponto em comum: informações de fontes abertas, como dados cadastrados em sites, e buscam manipular as vítimas em troca de dinheiro. De acordo com a Polícia, o aumento tem relação com a prática de isolamento social.
O palhocense João Levi Progenio da Silva conta que foi vítima de duas tentativas de golpe só neste ano. A última vez, em agosto, aconteceu após anunciar um apartamento em um site de vendas. Segundo ele, golpistas conseguiram seu número e entraram em contato, como se estivessem falando em nome da plataforma; em seguida, pediram que enviasse um código de acesso recebido: “O código chega para nós realmente, e, com esse código, ele vai ter acesso a tua conta”, contextualiza.
A senha, segundo a vítima, permitiria que o grupo vendesse o imóvel por ele, por exemplo: “Eles podem pedir um sinal, de repente, para o rapaz: ‘ah, deposita cinco mil para mim, para garantir que é teu’, e assim fazer a venda”, alerta a vítima. João acredita que o valor do produto acabou chamando a atenção dos criminosos, que pesquisam por anúncios mais caros.
Por já conhecer a natureza das mensagens, desconfiou da situação e questionou o autor assim que recebeu o texto: “Eles começaram uma chamada de vídeo comigo. Eu virei a câmera do celular para a parede, não ia mostrar meu rosto. Aí o cara começou a me xingar. Um monte de palavrão, ele falou. Aí eu comecei a revidar também”, lembra. A vítima não chegou a registrar Boletim de Ocorrência (BO).
Cartilha da Polícia Civil
Em resposta ao aumento de golpes em meios eletrônicos, a Polícia Civil e o Núcleo de Inteligência e Segurança Institucional (NIS) do Tribunal de Justiça de Santa Catarina criaram uma cartilha com as seguintes orientações: configurar a verificação em duas etapas nos aplicativos de mensagens e redes sociais; em aplicativos de mensagens, selecionar opção para não mostrar a foto de perfil para quem não estiver salvo em sua lista de contatos; nas redes sociais, como Facebook e Instagram, configurar para que os dados de contato sejam ocultados; não repassar senhas e demais códigos a outras pessoas.
Os agentes lembram ainda que denúncias podem ser feitas a partir do 181 ou no (48) 98844-0011 (Whatsapp).
Golpe do Mel
Fora dos meios eletrônicos, as vítimas normalmente são pessoas supostamente mais vulneráveis à enganação, como idosos. É o caso do “Golpe do Mel”, que voltou a atormentar palhocenses nos últimos dias. Para a execução das cenas, os golpistas chegam às casas dos alvos levando um recipiente com mel, com a alegação de que este teria sido encomendado por um parente da vítima. O valor do produto, no entanto, é muito acima da realidade do mercado.
Uma senhora de 85 anos, que vive no bairro Aririú, foi um dos alvos da última semana. A filha, que só soube do caso após conversar com os pais, conta que o homem chegou com informações apuradas a respeito da família, mencionando inclusive o nome do parente que supostamente teria encomendado o produto. O mel estava armazenado em uma garrafa de refrigerante de dois litros.
De acordo com ela, a fala foi tão convincente que a senhora chegou a pagar os R$ 350 solicitados pelo golpista. Após levar o assunto à delegacia, foi orientada pelos agentes a conversar com os pais para que não recebam estranhos em casa.
Há registros de golpes do tipo, em território nacional, há pelo menos oito anos.
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