Por: Jaime Lopes Barbosa Filho*
Chamou minha atenção o fato de que, na quarta-feira passada, dia 4 de abril, uma barbearia situada na entrada da galeria onde fica meu escritório, no Centro de Palhoça, estava mais cheia do que o normal.
Mas ninguém cortando cabelo ou fazendo a barba.
Eram duas da tarde e profissionais e clientes se espremiam em frente da televisão esperando o jogo começar.
Onze em campo, arquibancada cheia e torcida nervosa e apaixonada.
Mas para meu espanto, o que os reunia ali não era uma partida de futebol da Seleção Brasileira, e sim, o julgamento da possibilidade de conceder habeas corpus a um “paciente”, conforme o jargão jurídico.
Neste caso, o ex-presidente Lula, que estava sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal, vulgo STF. A mais alta corte do país.
Interessante foi notar que, todos ali, barbeiros, clientes, colaboradores e demais curiosos sabiam de cor o nome dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal e suas posições quanto a um ou outro assunto, mas não tinham certeza sobre os 11 jogadores do Tite.
À medida que o julgamento caminhava, as discussões se tornavam mais acaloradas. Liminares, 2ª Instância, Jurisprudência, Prisão após Trânsito em Julgado, Afronta à Constituição, etc., eram termos discutidos com propriedade, porém, com a espontaneidade de uma simples conversa de botequim.
Literalmente, o país parou, viralizou, como diz a galera, e desta vez não foi para acompanhar as jogadas de Neymar e companhia, e sim, para acompanhar um julgamento transmitido ao vivo em rede nacional e importante para a vida de todos nós.
Enfim, essa mobilização toda é um claro sinal de que o cidadão está tomando gosto pela politica, e descobrindo o universo do Direito e a sua importância para a vida das pessoas e da sociedade como um todo. A democracia agradece.
* Advogado e economista, morador do Pagani