A quarta edição do Festival Sete Artes do ViaCatarina teve início na última sexta-feira (13), e a programação cultural vai até o dia 28 de outubro. Neste final de semana, a dança e o teatro tomam conta do shopping. No total, o evento vai reunir 2.100 participantes, quebrando o recorde de 2018, que contou com 1.900 inscritos.
“Este ano surpreendeu, porque tem artistas e escolas que estão vindo pela primeira vez”, observa Maria de Lourdes Silva (Lurdinha), coordenadora de Marketing do Shopping ViaCatarina e idealizadora do projeto. “O pessoal já está começando a conhecer o projeto. Por ser a quarta edição, a gente já está bem contente pelo número de participantes, já é um evento bem consolidado, mesmo sendo tão novo”, acrescenta.
Quando chegou em Palhoça, há quatro anos, Lurdinha percebeu a efervescência da produção cultural palhocense e a dificuldade em dar visibilidade a essas expressões artísticas. Desde então, o shopping vem abrindo suas portas para os artistas locais, em várias modalidades. E o Festival Sete Artes é uma forma de reunir todo esse pessoal em um grande evento. “Logo que eu vim pra Palhoça, percebi que falta esta pegada cultural na cidade. A gente percebe que tem vários artistas, tem muita produção, mas não tem espaço para mostrar seus trabalhos, e acabam indo para municípios vizinhos e até para outros estados”, reflete.
A empresa abraçou o projeto, e a população também. Tanto que são esperadas cerca de 6 mil pessoas - além do público natural do shopping - neste final de semana, justamente para acompanhar as apresentações de dança e teatro (confira a programação completa nas páginas 22 e 23). E a expectativa é de crescimento para as próximas edições. “A ideia é que nas próximas edições a gente tenha ainda mais artes envolvidas e que a gente tenha programação todos os dias, com dança, música, teatro, poesia... Essa é a ideia. Nesse formato de festival, não existe nada assim aqui no estado. Tem festival de dança, de música, de um estilo só; agora, um que englobe várias coisas, não tem, pelo menos não em shopping, a gente fez uma pesquisa. Então, a empresa está apostando bastante neste projeto”, projeta.
Uma prova de que a empresa está apostando no projeto do festival é a intenção de ampliar a estrutura, criando um espaço cultural para promover apresentações. Uma parceria com o cinema, para receber apresentações teatrais, também está em pauta. Até a ampliação do festival, espalhando cultura em vários pontos da cidade durante o período do evento, está sendo avaliada. “É uma maneira da gente estar devolvendo para a cidade onde a empresa está inserida. Acredito que esta área cultural é bem importante na cidade. Acabei descobrindo um monte de coisas que tem aqui na Palhoça que eu nem imaginava que existia”, diz Lurdinha.
Artes plásticas
Uma das novidades deste ano é a exposição de quadros do artista plástico Jorge Pacheco Baldoino. Jorge nasceu em Laguna (SC), mas mora na Grande Florianópolis desde 1981 - e em Palhoça, desde 2011. Ele não se considera um “profissional”. Suas obras são fruto das aulas na Escola Profissional, no Centro de Palhoça. “Sempre gostei de desenhar e alguns amigos me elogiavam e falavam que só precisava aperfeiçoar. Foi então que soube da Escola Profissional na Palhoça, fiz a matrícula e comecei a pintar telas”, explica o artista, que se especializou no estilo hiper-realismo.
Jorge comemora a chance de participar de um evento grandioso como este - seus quadros estão expostos no piso superior do shopping, próximo ao cinema. “Essa participação no Festival Sete Artes do ViaCatarina é muito importante, pois são raras as oportunidades que os artistas e os praticantes de artesanato possuem para tornar públicos seus trabalhos. Acho que precisava uma ação do governo municipal para divulgar e criar espaço para mostrar os trabalhos dos artistas da comunidade, pois daria incentivo à criatividade das pessoas. Mesmo porque, a arte é, para algumas pessoas, uma terapia e um meio de sobrevivência como microempreendedor. Então, essa oportunidade que o ViaCatarina nos ofereceu demonstra essa parceria e percepção. É um local de acesso de pessoas de diversas classes sociais que poderão visualizar os trabalhos ali expostos”, pondera o artista, que é morador do São Sebastião.
Outra exposição que faz parte do festival é “Lápis, Pincel e Carinho”, que traz oito desenhos de Emily de Paula pintados pela mãe, a artista plástica Haline Santos.
Dança
O final de semana prevê um show de dança, desde sexta-feira (19) até domingo (21). Tem para todos os gostos, do balé à dança moderna. As apresentações acontecem no primeiro piso, em frente às lojas Marisa. O palco começou a ser montado nesta quarta-feira (17), uma montagem que leva dois dias para ser finalizada.
Vão passar pelo palco do ViaCatarina jovens bailarinas de escolas de Palhoça, São José, Florianópolis e Biguaçu. Até mesmo bailarinas profissionais, que hoje passam seus ensinamentos para a criançada, fazem questão de dançar no festival. É o caso de Beatriz Longo, que conheceu o Festival Sete Artes no ano passado e gostou tanto que vai repetir a dose este ano.
Além de se apresentar, Beatriz vai levar quatro turmas do CEI Oficina da Criança, de Biguaçu, totalizando 32 alunas de 3 a 14 anos; e outras duas turmas do Educandário Imaculada Conceição, de Florianópolis, com 30 crianças. No Educandário, Beatriz trabalha com uma das “celebridades” do mundo da dança na região, a professora Darcirene Chaplin. “Irei apresentar duas coreografias e balé pela academia de música e dança Darcirene Chaplin”, conta a bailarina, que iniciou no balé aos seis anos, por influência de uma amiga. E não parou mais de dançar. “Na adolescência, fiz vários cursos e participei de muitas apresentações. Aos 16 anos, recebi um convite para trabalhar como professora auxiliar em aulas de baby class, o que me levou a entrar para a faculdade de Educação Física. Desde então, trabalho como professora de crianças e adolescentes”, relata.
Quem também vai levar suas aluninhas para dançar no festival é a professora Camila Pedroso, da SD Ballet. “Conhecemos a organizadora Lurdinha de outros festivais que a mesma organizava em outros locais. Nossa decisão de participar partiu da organização, competência e carinho que ela e sua equipe tem com todos os eventos que promove”, conta Camila, que levará ao festival 37 turmas, com um total de 365 alunos. “Em especial, este ano, estamos trazendo também alunos das unidades de Jurerê Internacional e Biguaçu”, destaca.
Camila também começou sua história na dança ainda criança. Na adolescência, fez parte de alguns grupos de jazz e balé. “Sempre estive envolvida com a dança em minha vida. Comecei trabalhando em grupos pequenos dentro de ministérios das igrejas. Em seguida, me deparei dando aulas de balé infantil em escolas regulares em Palhoça”, relembra. Em 2016, já estava com 150 alunos e 15 turmas, e no ano passado recebeu um convite muito especial da Rede de Ensino Sapatilha Dourada Ballet. “Quando entrei nas escolas para dar aulas, percebi a necessidade de levar aulas encantadoras para as crianças. Cada aula conta com um tema diferente. A metodologia de ensino deu tão certo que viajamos o Brasil dando cursos para professoras de baby class”, revela Camila.
Teatro
Quem também vai participar do festival é o Grupo Teatral Os Bruxos da Corte, que vem promovendo oficinas em parceria com a Fundação Municipal de Esporte e Cultura. Há oficinas de “Montagem Teatral” para crianças e adultos, que acontecem na Faculdade Municipal de Palhoça (FMP); um projeto de fomento a novos grupos teatrais, na Escola Maria Teresa (Ponte do Imaruim); um grupo de estudos teatrais, no CEU (Jardim Eldorado); além de uma parceria com a Secretaria de Assistência Social (Cras) para ofertar teatro a projetos sociais.
Durante o festival, serão apresentados cinco espetáculos teatrais trabalhados dentro dessas oficinas, com temáticas e grupos diferentes: “A Mãe do Patinho Feio” (a história de uma Pata Mãe que adota Patinhos de Rua), “Certa Entidade em Busca de Outra” (a história de seres marginalizados que recebem a visita de Satanás, que promete acabar com seus problemas), “Valsa Número 6” (o fantasma de uma garota assassinada aos 15 anos aprisionada numa eterna valsa e em seus fragmentos de consciência), “À Sombra do Vício” (jovens em busca de soluções para seus problemas) e “O Fantasma e a Menina” (um fantasma que tem medo de gente e que terá que superar seus medos para poder ajudar uma garota sequestrada por um pirata.
“Além dos tradicionais cursos da escola de teatro dos Bruxos da Corte (que desde 2009 forma atrizes e atores em Palhoça), tem sido gratificante ver o surgimento de novos grupos independentes de teatro, que com talento e garra renovam a arte teatral, além de ver jovens oriundos de projetos sociais apresentando teatro, cheios de sonhos e esperanças, renovam a certeza do eterno renascimento da arte e da cultura, mesmo em tempos tão sombrios de ódio e divisão”, argumenta o diretor Takashi Severo.